Jornal Estado de Minas

PARIS

Painel da ONU se reúne na Suíça para debater sete anos de pesquisa sobre mudança climática

Sete anos de pesquisas sobre as mudanças climáticas em todo o mundo serão minuciosamente analisados a partir desta segunda-feira (13), na Suíça, para elaborar uma diretriz de ações para os governos.



A reunião do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC, na sigla em inglês) acontece em Interlaken até 17 de março, com a participação de cientistas e diplomatas de quase 200 países.

O resultado destas discussões, que já se mostraram difíceis em outras ocasiões, deve ser apresentado em um documento que resumirá os principais perigos e as medidas necessárias para combatê-los.

Este estudo, que deve ser publicado em 20 de março, conterá as últimas descobertas sobre mudança climática, o impacto dos grandes acontecimentos meteorológicos, como secas e enchentes, e as propostas científicas para conter a emissão de gases de efeito estufa.

"É um momento decisivo, sete anos depois do Acordo de Paris e nove anos depois do último balanço de síntese do IPCC", disse à AFP Kaisa Kosonen, especialista do Greenpeace na região nórdica e observadora nestas reuniões do IPCC.

Chegou o momento de "acelerar a saída dos combustíveis fósseis", pediu o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um vídeo.



- Seis relatórios, milhares de páginas -

Desde sua criação em 1988, o IPCC, um órgão intergovernamental formado por centenas de cientistas, elaborou seis relatórios, cada um deles dividido em três partes e com milhares de páginas que compilam observações científicas em todo o mundo.

O resumo do IPCC para as autoridades de políticas ambientais é importante, porque é a ferramenta com a qual os governos podem impor mudanças drásticas em setores-chave, como energia e construção.

Será também um documento essencial para a próxima conferência sobre a mudança climática (COP28) em Dubai, em dezembro.

"Os fatos demonstram que não estamos fazendo o suficiente para responder a esta crise. As emissões atuais continuam sendo as maiores da história da humanidade", adverte Stephanie Roe, especialista da organização WWF e colaboradora do informe do IPCC.

"Estamos longe do nosso objetivo, e a janela que permite limitar o aquecimento a +1,5°C está se fechando rapidamente", explica.



Essa meta de um teto de até +1,5°C foi um dos pontos-chave do Acordo de Paris de 2015.

Ao mesmo tempo, "a ciência mostra, claramente, que as soluções estão à nossa disposição", garantiu esta especialista.

Desde o final do século XIX, a temperatura média do planeta subiu mais de 1,1°C, o que implica, segundo especialistas, mudanças no clima, cujo alcance ainda estamos descobrindo.

A síntese final deste sexto informe será composta por duas partes. A primeira será um condensado de cerca de 50 páginas das três partes principais do último informe, publicadas entre 2021 e 2022. Essas três partes apresentaram as provas físicas da mudança climática, seus impactos e as medidas de mitigação.

Em paralelo, o IPCC divulgou três relatórios especiais sobre as consequências, sobre os oceanos e criosfera e também sobre a terra firme.

"O relatório de síntese é importante, porque será o último trabalho do IPCC por alguns anos", afirmou Oliver Geden, um dos autores principais e especialista do Instituto alemão de Assuntos de Segurança Internacional, em entrevista à AFP.