Jornal Estado de Minas

BOGOTÁ

Governo colombiano e gangues de Medellín iniciarão negociações de paz

O governo colombiano e as gangues da cidade de Medellín, um dos centros do crime do país, iniciarão negociações na próxima semana com o objetivo de desarmar cerca de 12 mil homens, anunciou o assessor presidencial para a paz nesta sexta-feira (28).



"Hoje queremos compartilhar o compromisso público que essas estruturas armadas assumiram para dar alguns passos em direção à 'paz total'", disse o comissário Danilo Rueda à mídia em Itagüí, município vizinho de Medellín.

Como parte da missão que lhe foi confiada pelo presidente esquerdista Gustavo Petro, Rueda visitou o presídio de Itagüí, onde estão detidos líderes de quadrilhas dedicadas ao narcotráfico, extorsão, roubos, entre outros crimes.

Várias dessas gangues, como a temida Oficina de Envigado, são herança da violência cultivada pelo chefão da cocaína Pablo Escobar, morto pela polícia em 1993.

Rueda não especificou a data exata do início das negociações nem quais os grupos que vão sentar-se à mesa, da qual participarão autoridades locais e nacionais e representantes da sociedade civil, mas afirmou que será na próxima semana.

O assessor presidencial não descarta conversar com os chefes dos grupos presos fora da Colômbia.

'Don Berna', um ex-inimigo de Escobar e fundador da Oficina de Envigado, foi extraditado aos Estados Unidos em 2008.

Em carta, os líderes das estruturas armadas de Medellín e da região do Vale de Aburrá expressaram nesta sexta-feira seu apoio ao governo em seu "propósito" de "construir a paz total", nome que Petro deu à sua política para acabar com meio século de conflitos internos. O presidente oferece aos traficantes que se submetam à Justiça em troca de benefícios legais.

É "um desejo que requer o apoio de todos os colombianos", acrescenta o texto. Como gesto de paz, os líderes presos declararam "a suspensão de todo tipo de hostilidade, confronto ou disputa".

O presidente Petro negocia simultaneamente com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e, em 16 de maio, começará a fazê-lo com os dissidentes das Farc que não aceitaram o acordo de paz de 2016.

Sua ambiciosa proposta enfrentou contratempos. Em março, o governo suspendeu a trégua que mantinha com o Clã do Golfo, o maior cartel de drogas do país, devido a ataques às forças de segurança e à população.