A informação foi rapidamente confirmada pelo magnata, dono da rede social. "Vou entrevistar Ron DeSantis e ele tem um grande anúncio a fazer", declarou Musk ao Wall Street Journal.
A conversa entre os dois está prevista para as 18h de Washington (19h em Brasília) desta quarta-feira.
O anúncio será acompanhado pelo lançamento de um vídeo e o início de um retiro de três dias em Miami para alguns dos doadores mais ricos de DeSantis, a quem ele dará detalhes da campanha antes de embarcar em uma turnê na próxima semana pelos vários estados que realizam votações antecipadas.
Ele espera aproveitar o poder e o reconhecimento de Musk para fazer frente ao favorito Donald Trump, que continua liderando nas pesquisas e superando todos os outros pré-candidatos republicanos somados.
DeSantis e Trump se conhecem bem.
O governador de 44 anos, que comanda a Flórida desde 2018, entrou na campanha daquele ano como um congressista quase desconhecido. Contudo, o apoio do então presidente permitiu que ele conseguisse uma vitória apertada.
Após assumir o cargo, DeSantis foi se distanciando do ex-presidente e ocupando seu próprio espaço na direita americana, com políticas bastante conservadoras em temas como educação, aborto e imigração. Em 2022, foi reeleito com folga.
O rebuliço causado por algumas de suas medidas lhe rendeu enorme atenção midiática, para além das fronteiras da Flórida, no sudeste do país. Mas a batalha pela candidatura republicana vai mostrar se seu novo status no partido é suficiente para superar Trump.
O formato do anúncio oferece a DeSantis uma dupla vantagem. Fornece acesso aos 140 milhões de seguidores de Musk, muitos dos quais fazem parte da base eleitoral de Trump, e, se ele ganhar a indicação, atrairá eleitores mais jovens e menos conservadores. É uma oportunidade de chegar à Casa Branca.
- Um adversário de peso -
Muitos coincidem em afirmar que DeSantis, filho de uma família de classe trabalhadora, veterano de guerra e graduado em Harvard e Yale, tem um grave déficit de carisma se comparado a Donald Trump.
A forma de comunicar sua candidatura já foi alvo de piada por parte do entorno de Trump. "Anunciar sua candidatura no Twitter é perfeito para DeSantis. Assim, não precisa interagir com ninguém", ironizou um dos assessores do ex-presidente em conversa com a AFP.
As projeções indicam que o governador da Flórida terá um duro embate contra o bilionário nova-iorquino, um homem imune aos escândalos, cujos problemas na Justiça parecem mobilizar ainda mais seus numerosos seguidores.
Trump anunciou sua candidatura em novembro e gaba-se de já ter arrecadado milhões de dólares em doações desde que um tribunal de Nova York o indiciou em abril por um caso de fraude contábil.
DeSantis, por sua vez, também poderá contar com doações generosas - US$ 110 milhões (R$ 546 milhões) até a data de hoje.
- Troca de guarda? -
Em um vídeo recente do comitê de ação política do governador, um homem cola um adesivo "DeSantis presidente" no capô de um carro, por cima de outro com o slogan "Trump 2016".
O anúncio resume a mensagem que o governador quer transmitir aos eleitores: diante do magnata de 76 anos, DeSantis quer incorporar a nova guarda do Partido Republicano.
Os demais candidatos declarados na corrida pela indicação republicana - Nikki Haley, Tim Scott, Asa Hutchinson - praticamente não superam 5% das intenções de voto nas pesquisas, assim, tudo indica que a batalha será entre o governador e o homem que o promoveu.
As hostilidades entre ambos começaram muito antes da entrada de DeSantis na campanha. Faz semanas que Trump vem multiplicando as críticas e piadas contra seu rival em suas redes sociais e comícios. DeSantis, por outro lado, tem contra-atacado à sua maneira, de forma mais sutil, destacando o que mais causa dor ao ex-presidente: sua derrota nas últimas eleições presidenciais para o democrata Joe Biden.
O candidato que sair das prévias republicanas enfrentará, em novembro de 2024, o nome designado pelo Partido Democrata.
Por ora, a escritora de sucesso Marianne Williamson e um sobrinho do ex-presidente John Kennedy, Robert Kennedy Junior, são os únicos candidatos do partido a desafiar o atual presidente, e suas chances de conseguir a indicação são escassas.