Na quinta-feira, um dia depois de o furacão de categoria 5 - a mais alta na escala Saffir Simpson - impactar o Pacífico mexicano, o governo havia informado um primeiro balanço de 27 mortos.
"Infelizmente, o Ministério Público dá um total de 39 falecidos" e há relatos de dez desaparecidos, disse Rosa Icela Rodríguez, secretária de Segurança, em um vídeo publicado nas redes sociais.
O presidente americano, Joe Biden, enviou uma mensagem lamentando a tragédia e oferecendo ajuda ao governo mexicano.
"Estou profundamente entristecido com a perda de vidas (...) Ordenei à minha administração que trabalhe estreitamente com nossos colegas do governo do México para oferecer nosso pleno apoio", destacou a mensagem, divulgada pela embaixada americana.
Otis pegou o Pacífico mexicano de surpresa porque, desafiando todas as previsões e informes meteorológicos, em cerca de seis horas, passou de tempestade tropical a furacão de categoria 5 com ventos sustentados de 270
Isto deu pouco tempo para emitir um alerta e tomar medidas, como proteger casas, empresas e hotéis e comprar alimentos e água.
Pescadores contaram à AFP que alguns ainda estavam no mar porque costumam sair à tarde e voltam ao anoitecer.
As autoridades mexicanas também acompanhavam neste sábado a evolução de um novo ciclone no litoral do estado de Chiapas (sul) e da América Central.
As condições atmosféricas são propícias ao "desenvolvimento de uma depressão tropical" para o início da próxima semana, detalhou um relatório do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos.
- Reforço da segurança -
Rodríguez falou por telefone durante uma comunicação do presidente Andrés Manuel López Obrador para reportar os danos e os esforços de resgate na cidade portuária, que sofreu graves danos, levando ao desespero seus cerca de 780 mil habitantes.
"Devemos reiniciar a reconstrução de Acapulco o mais rapidamente possível", disse o presidente sobre esta cidade, que vive essencialmente do turismo.
Durante a mensagem, reportou-se que mais de 17 mil soldados e guardas nacionais serão destacados para proteger a cidade, onde têm sido registrados saques e roubos, e organizar a entrega de ajuda aos desabrigados.
A ajuda do governo começa a chegar lentamente, enquanto especialistas da Comissão Federal de Eletricidade trabalham a pleno vapor para restabelecer o serviço.
A ajuda começou a desembarcar pelo aeroporto local, aonde chegaram 20 voos na sexta-feira.
"Algo assim nunca tinha sido visto, queremos e pedimos ao governo do estado e da República que voltem a nos ver porque não temos nenhum apoio", disse à AFP Saúl Zurita, delegado do bairro Puerto Marqués.
Zurita organizou com os vizinhos um mutirão para tirar das ruas árvores e escombros para facilitar a chegada da ajuda.
O governo mexicano informou que neste sábado trabalha para distribuir 10.000 cestas de alimentos e água nos setores mais pobres desta cidade portuária.
Policiais montaram postos de controle nos acessos à cidade para fiscalizar os veículos carregados com diversos produtos, permitindo-lhes levar apenas alimentos e produtos essenciais.
Bebidas alcoólicas, eletrodomésticos e até brinquedos roubados de lojas foram apreendidos nestes postos de controle em meio a cenas de caos.
- Estimativa de danos -
Um dos balneários mais populares do país, Acapulco continuava sem comunicações, nem energia elétrica em amplas áreas da cidade.
O governo anunciou que cerca de 200.000 casas foram afetadas ou destruídas, 80% dos hotéis sofreram danos severos e muitas lojas e restaurantes ficaram em ruínas.
As primeiras estimativas de danos causados pelo furacão foram calculadas em cerca de US$ 15 bilhões (pouco mais de 75 bilhões de reais), segundo a consultoria Enki Research, especialista em desastres naturais.
As associações de seguros se dizem prontas a agilizar os pagamentos, mas números da Comissão Nacional de Seguros e Finanças também indicam que de todas as apólices contra desastres naturais do México, menos de 1% se concentra em Guerrero, estado onde fica Acapulco.