O secretário estadual de Agricultura de São Paulo, Gustavo Junqueira, defendeu nesta terça-feira, 6, em Pequim, a exoneração do presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que criticou falas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o órgão. Em seu lugar, assumiu o comando do instituto o coronel da Aeronáutica da reserva Darcton Policarpo Damião.
"A hierarquia é importante em qualquer sistema, privado ou público. Não dá para um funcionário peitar o presidente da República. Ninguém peitaria o (governador João) Doria", disse Junqueira. "O governador é uma pessoa que consegue manter todo mundo na mão por respeito."
Ao lado de outros quatro secretários, quatro presidentes de autarquias e 30 empresários, Junqueira acompanha comitiva de Doria na China.
Exoneração
Galvão deixou o Inpe na sexta-feira, 2, depois de duas semanas de intenso bombardeio por parte do governo às informações do instituto que mostram que desde maio os alertas de desmatamento da Amazônia dispararam, atingindo em julho o valor mais alto desde 2015 para um único mês.
A polêmica começou com declarações de Bolsonaro no dia 19, quando, em encontro com jornalistas estrangeiros, ele acusou os dados do Inpe de serem "mentirosos" e insinuou que Galvão estaria "a serviço de alguma ONG (organização não governamental)". Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no dia seguinte, o pesquisador reagiu e afirmou que a atitude do presidente foi "pusilânime e covarde".Os dias seguintes foram marcados por várias outras manifestações de Bolsonaro questionando as informações e dizendo que sua divulgação prejudica a imagem do País. Ele também afirmou que queria receber as informações antes de elas serem tornadas públicas.
Coronel da Aeronáutica no comando do Inpe
Anunciado nesta segunda-feira, 5, como novo diretor do (Inpe), o coronel da Aeronáutica da reserva Darcton Policarpo Damião assume o cargo com a promessa de dar "transparência total" aos dados sobre desmatamento no País.