Após uma semana de audiências, a arquiteta e artista plástica Adriana Villela será interrogada hoje no Tribunal do Júri de Brasília. Defesa e acusação estimam que o depoimento dela durará o dia inteiro. Acusada de ser mandante do triplo homicídio dos pais, José Guilherme e Maria Villela, e da empregada da família, a ré protagoniza o julgamento mais extenso registrado na história do Distrito Federal. Desde a última segunda-feira, quando começaram as oitivas, 24 testemunhas prestaram esclarecimentos à Justiça em relação ao caso de 2009, conhecido como Crime da 113 Sul.
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Oito meses após tragédia, bombeiros encontram mais um corpo em BrumadinhoPolícia do Rio investiga morte de três jovens na Baixada FluminenseQuarto motorista de APP é morto em 15 diasCrime da 113 Sul: Tribunal do Júri condena Adriana Villela a mais de 67 anos de prisãoPara Sami, os Villela eram “vítimas de baixo risco para violência”. Ele comentou que, apesar de a família morar em um ambiente relativamente seguro, a condição patrimonial do casal contribuía para que fossem alvo em potencial.
Durante a argumentação, Sami exibiu fotos dos corpos das vítimas para explicar a dinâmica do crime. Nesse momento, Adriana e familiares dela deixaram o plenário do Tribunal do Júri por orientação dos advogados. Ao júri, Sami defendeu que os elementos colhidos nas análises periciais indicam que o crime não se tratava de um homicídio, mas de um latrocínio. Os autores, segundo o perito, teriam entrado no apartamento para roubar. No entanto, por um motivo não identificado, mataram as vítimas. Para ele, o caso corresponde a um crime de oportunidade.
Questionado se a mesma análise poderia ser usada para indicar um homicídio, Sami refutou a possibilidade e disse que o fato de os criminosos deixarem itens como joias e dinheiro no apartamento mostra que eles agiram por impulso. “A própria incompletude do ato mostra isso (intenção de latrocínio).
Testemunha
Ontem, o ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Augusto de Freitas Gordilho também prestou depoimento a pedido da defesa. Amigo da família Villela desde 1960, ele acredita na inocência de Adriana. “Ela não contrataria assassinatos para matarem os próprios pais”, avaliou. Ele acredita que a ré era amada pelos pais e que não seria capaz de ser a mandante do crime.
Pedro definiu a personalidade de Adriana como forte, mas disse que os atritos entre ela e as vítimas não resultariam em homicídio. “Há momentos em que as cordas ficam mais esticadas e há necessidade de os pais colocarem freios em determinados procedimentos dos filhos“, argumentou o ministro aposentado, após ser questionado sobre uma carta com críticas enviada por Maria Villela à filha, em 2006. .