De acordo com a 7ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima (rede que reúne 37 entidades da sociedade civil brasileira), o Brasil é o sétimo país que mais emite gases do efeito estufa no mundo. As emissões aumentaram 0,3% em 2018, após dois anos de quedas sucessivas. O índice foi puxado pela mudança de solo, responsável por 44% das emissões no Brasil.
A pesquisa indica que esses 44% das emissões de gases do ano passado estão ligados diretamente ao desmatamento e à degradação do solo. O país teve emissões brutas de 1.939 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (COZe), um valor de 0,3% maior do que o 1,939 bilhão de toneladas verificado em 2017.
No setor de energia, registrou-se queda de 5% nas emissões. Isso se deve ao aumento do uso de etanol no transporte de passageiros (13%) , à adição obrigatória de biodiesel ao diesel e ao incremento de renováveis na geração de eletricidade. Foi registrado também o crescimento da energia eólica e o aumento das chuvas que fizeram o governo desligar termelétricas fósseis e acionar usinas hidrelétricas. Devido ao menor acionamento de usinas térmicas, as fontes não-hídricas ultrapassaram as fósseis pela primeira vez e, em 2018, foram a segunda maior fonte de eletricidade para o país.
Já as emissões de agropecuária, os processos industriais e resíduos tiveram pequenas variações: queda de 0,7% no primeiro setor e aumento de 1% nos outros dois.
Apesar das mudanças positivas, o perfil das emissões brasileiras indica que o país é o sétimo maior poluidor climático do planeta, ainda não incorporou uma trajetória consistente de redução de emissões. “Manter as emissões brasileiras estáveis num mundo que continua aumentando as emissões é importante, mas não suficiente. O planeta precisa que as emissões sejam reduzidas com vigor nos próximos anos, e infelizmente nosso cenário de emissões para 2020 é de aumento”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador-técnico do OC e coordenador do SEEG.
Em 2016 e 2017, as missões vinham em queda de 0,4% e 4,2%. Em 2019, elas deverão sofrer crescimento importante, devido à exploração no desmatamento na Amazônia e no Cerrado. “O desmatamento deste ano ainda não está capturado nesta estimativa”, destacou Azevedo.
O Brasil não vai cumprir a meta estabelecida para 2020 em sua lei nacional de clima de reduzir em 80% a taxa de desmatamento na Amazônia. De acordo com a pesquisa, mesmo que se todo o desmatamento parasse hoje, a elevação detectada pelo sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nos últimos meses, coloca o país em um patamar superior aos 3,925km2 estabelecidos pela lei.
“Nós já vínhamos numa situação delicada antes do desmonte da governança ambiental brasileira promovido pelo governo atual”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do OC. “Em 2019, os planos de combate ao desmatamento na Amazônia e Cerrado foram engavetados e não temos nem mesmo um esboço de plano para a implementação da NDC, que deveria ocorrer a partir do ano que vem. Na verdade, até os órgãos que deveriam implantar a NDC foram extintos pela atual administração”, finalizou Tasso.
*A estagiária está sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.
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