Jornal Estado de Minas

Líbano, o país dos cedros de Deus

Frederico José Gervásio Aburachid
Advogado e presidente da Fundação Libanesa de Minas Gerais (Fuliban)

A Data Nacional do Líbano foi ce- lebrada ontem e registrada em Minas com várias cerimônias, entre as quais destacamos a homenagem prestada pela Assembleia Legislativa. Foi uma oportunidade preciosa para destacar algumas contribuições desse país ao mundo.



Somos aproximadamente 12 mi- lhões de libaneses e descendentes no Brasil. Em Minas Gerais, estimados três milhões. Na economia, inúmeras empresas de libaneses e descendentes são motivo de orgulho para o Brasil, como dos setores têxtil e vestuário,   alimentício, mineração, construção civil e infraestrutura. Influências ou- tras como na culinária, costumes e hábitos que se enraizaram no nosso dia a dia são numerosas.

Na política, mais de 10% do Parlamento nacional é formado por descendentes do Oriente Médio. Na Assembléia Legislativa de Minas, os números são igualmente expressivos e assinalamos o seu atual presidente, de- putado Agostinho Patrus Filho, e o deputado Roberto Andrade, que solicitou a referida sessão comemorativa – entre outros.

Uma citação inevitável nessa contribuição legislativa é do saudoso de- putado federal e professor José Elias Murad,   responsável por dispositivo na Constituição de 1988 que prevê a expropriação de bens imóveis utilizados para a produção de drogas ilícitas, e de Kemil Kumaira, que foi presidente da Assembleia Constituinte de Minas Gerais.



Diversos foram os avanços para o mundo proporcionados pelos fenícios, povo do qual descendemos. Suas contribuições são reconhecidas através do alfabeto, da matemática, da navegação, dos credos religiosos, da poesia e da cultura em geral. Mas, talvez, a convivência entre povos seja a maior delas.

No momento em que os fluxos migratórios inflam as posições radicais, o Líbano e o Brasil dão exemplos de to- lerância e reconhecimento das identidades nacionais. Aqui mesmo, através da Fuliban-MG, entidade fundada em 1970 e que ora presidimos, lançamos o programa de apoio à mulher imigrante e refugiada – além de várias iniciativas.

Agora, rogamos a Deus para que as recentes manifestações registradas naquele país não comprometam o diá- logo democrático que tem servido de exemplo para o Oriente Médio e para o mundo. Que o equilíbrio seja a virtude para preservar os direitos fundamentais no país de nossos ancestrais.

O Líbano vive sob o manto da democracia e respeita a liberdade de crença, inclusive com seus seis mi- lhões de habitantes convivendo pacificamente com seguidores de (no mínimo) 17 religiões. Cerca de 30% da população é formada por refugiados de outros países.

Aos nossos irmãos que habitam o Líbano e que o governam, clamamos para que ouçam a voz dos emigrantes. Ouçam a diáspora: preservem a paz, a liberdade e o legado dos quais os cedros de Deus são testemunhas!