Desembargador Gilson Soares Lemes
Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3:16.
“O Filho de Deus tornou-se homem para possibilitar que os homens se tornem filhos de Deus” – C. S. Lewis.
O versículo bíblico refletido na frase do escritor britânico C. S. Lewis nos faz lembrar os planos de Deus para a humanidade. Plano consumado em uma sexta-feira santa e selado em um domingo de Páscoa. Uma prova de amor incondicional. A beleza do gesto escondeu a tristeza do momento. Uma tristeza que se transformou em esperança e renovação.
“Em tantas situações de sofrimento, especialmente quando quem as padece são pessoas, famílias e populações já provadas pela pobreza, por calamidades ou por conflitos, a cruz de Cristo é como um farol que indica o porto para os navios ainda ao largo, em um mar tempestuoso. A cruz de Cristo é o sinal da esperança que não desilude, e nos diz que nem uma lágrima, nem sequer um gemido, se perde no desígnio de salvação de Deus.”
Essas palavras foram proferidas pelo papa Francisco em 31 de março último, na qual ele refletia sobre o período pascal, em que se celebra o mistério da Paixão, da morte e da ressurreição de Cristo. São tempos desafiantes, nos quais a humanidade se encontra em um momento especialmente dramático, que nos coloca diante de um inimigo comum e invisível. As reflexões são construídas para enaltecer a força da fé, necessária para que possamos atravessar este maremoto e aportar, a salvo, em terras firmes.
Em tempos tão difíceis como este que estamos vivendo, a celebração da Páscoa ganha um sentido ainda mais palpável. Que neste momento possamos renovar nossa confiança e sustentar nossa espera por dias melhores, nos desfazendo de nossos velhos hábitos para dar vida àquele que deu a vida por nós.
Que os nossos gestos de distanciamento nos aproximem, nossas fraquezas nos fortaleçam, nossas palavras consolem, e nossa quietude restitua, para que possamos focar naquilo que é, de fato, importante em nossa jornada neste mundo: a solidariedade, o cuidado, o amor ao próximo, e a vida em comunidade.
Cabe a cada um iniciar esse exercício, que exige um olhar crítico para as nossas fraquezas, em um esforço de evolução, e um olhar solidário para o nosso entorno, em um compromisso de minimizar a dor do outro. A ação é individual, mas os efeitos são coletivos. Uma espiral que nos conduz ao bem comum. Esta é a dinâmica da ressurreição: morrer para viver, entregar para amar, renascer para reconciliar!
Em nome do Judiciário mineiro, esse é o convite que faço, nesta data, a cada um dos desembargadores, juízes, servidores, colaboradores e estagiários do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, bem como a cada um dos cidadãos e cidadãs brasileiros.
Junto a esse meu apelo, o meu desejo de que esta Páscoa emblemática possa renovar em todos nós a esperança de dias melhores.