Constanza Hummel
CEO e fundadora da Building 8
O mercado de trabalho vem se modificando constantemente por conta da digitalização de processos, da adoção de novas ferramentas tecnológicas e também devido a modelos de negócios inovadores e disruptivos. Não à toa, o segmento de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) está crescendo sem parar e acompanha essa jornada de perto, uma vez que as lideranças buscam novos formatos para capacitar as suas equipes com tecnologias de última geração. Uma inovação que tem ganhado destaque são as ferramentas de IA generativas ao alcance de todos e uma delas que tem sido o assunto do momento e, de fato, merece muita atenção, é o ChatGPT.
Lançada em novembro de 2022 pela Open IA, a plataforma guiada por Inteligência Artificial (IA) tem como principal função simular conversas e elaborar textos. Ou seja, é um sistema que pode ser usado para uma infinidade de situações. Porém, quando falamos do ambiente corporativo, é fundamental compreender a real maneira de otimizar a tecnologia, de modo a aproveitar ao máximo os seus benefícios operacionais e estratégicos, ao mesmo tempo que o time esteja se desenvolvendo e sendo valorizado.
Uma das maiores vantagens da ferramenta é ajudar a melhorar a experiência dos clientes. Nesse sentido, ela pode ser usada para atender o público 24 horas por dia, 7 dias por semana; fornecer respostas personalizadas com base em informações dos usuários, como histórico de compras e preferências de produtos; automatizar tarefas, respondendo a perguntas frequentes e direcionando consultas para departamentos específicos, o que pode economizar tempo e recursos; e ainda lidar com múltiplas consultas simultaneamente, reduzindo o período de espera no atendimento de cada consumidor.
Já, se partirmos para um cenário mais estratégico dentro de uma marca, o ChatGPT é capaz de apoiá-la na geração de insights poderosos, em especial quando são necessárias análises, identificação de padrões e previsão baseadas em dados. Um excelente exemplo é a forma como profissionais de marketing digital têm usado tecnologias de IA para obterem informações sobre o comportamento do cliente, tendências e oportunidades de vendas, elevando o número de conversões e o próprio engajamento.
Esses são apenas alguns dos benefícios da ferramenta e provavelmente veremos muitas outras utilidades descobertas para ela em cada negócio nos próximos anos. No entanto, qual é o ponto-chave de todas essas vantagens? É o ser humano por trás dela. É importante lembrar que a tecnologia não substitui ninguém e muito menos o colaborador, uma vez que não é capaz de lidar com situações inesperadas e nem tudo que é produzido está 100% certo, servindo como um complemento no trabalho para aumentar a eficiência e a agilidade.
A inteligência e a criatividade humanas necessárias para diversas áreas, como a da tomada de decisões complexas, são imprescindíveis. Além disso, o ChatGPT ainda depende do treinamento e programação de pessoas para garantir sua precisão e confiabilidade e requer um monitoramento contínuo para assegurar que está funcionando da forma correta.
Em outras palavras, nenhuma máquina substitui um bom profissional e, nesse caso em que estamos tratando de um recurso realmente promissor, devemos pensar em alternativas para fazer com que ambos caminhem lado a lado. Por isso, aqui temos uma oportunidade para trazer perspectivas criativas, empáticas e até mesmo artísticas para o mundo do trabalho com a ferramenta de IA.
Como diria a economista egípcia Minouche Shafiq, “no passado, os trabalhos eram sobre músculos, agora eles são sobre cérebros, mas no futuro eles serão sobre o coração”. A afirmação faz alusão à habilidade insubstituível que temos como humanos de nos conectarmos e criarmos novas e melhores possibilidades. Colocando no contexto da tecnologia aqui discutida, podemos imaginar uma função simbiótica para essa aplicação, deixando para nós as atividades mais nobres.
No final das contas, tenho que concordar com Bill Gates; com certeza a onda do ChatGPT não é um movimento qualquer e será importante surfar nela caso não queiramos ser engolidos por essa ferramenta. Isso significa olhar para o uso desse recurso com a redução de custos, agilidade e eficiência, mas também com tanto ou mais generosidade para as pessoas, empregos e o universo do trabalho. Caso contrário, essa disrupção causará mais estragos do que benefícios.