Wagner Pontes
Fundador da D4U Immigration e especialista em assessoria imigratória
A alta do dólar e euro, especialmente nos últimos anos, além de fatores como segurança e qualidade de vida, despertam o interesse de milhões de brasileiros em buscar desenvolvimento profissional e pessoal nos Estados Unidos e Europa. Só no último ano, foram 194 mil brasileiros morar no exterior, totalizando 4,59 milhões em 2022, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores. É o maior número desde 2009, quando a comunidade do Brasil era representada por 3,18 milhões de cidadãos residentes em países estrangeiros.
A maior parte dessa comunidade está concentrada na América do Norte com 45%, seguida pela Europa com 32%. Quem lidera são os Estados Unidos com 1,9 milhão, sendo as regiões de Nova York, com 500 mil, seguida por Boston (390 mil), Miami (295 mil), Orlando (180 mil) e Atlanta (110 mil), os distritos que mais vivem brasileiros no país.
Os motivos que puxam essa preferência pelo país do Tio Sam são as oportunidades de carreira. Só nos meses de junho e julho foram abertas cerca de 400 mil novas posições de trabalho, de acordo com o relatório de emprego (payroll) do Departamento do Trabalho americano. Além disso, há outros aspectos como cultura de investimento, acesso ao capital para o crescimento e desenvolvimento dos negócios e outras condições básicas como educação e segurança.
A Europa, por outro lado, também segue sendo um destino muito buscado para se viver, entre alguns motivos, por conta da diversidade cultural e também qualidade de vida. São quase 1,5 milhão de brasileiros morando no continente europeu, liderado por Portugal com 360 mil, seguido por Reino Unido (220 mil), Espanha (165 mil), Alemanha (160 mil) e Itália (157 mil).
A preferência de brasileiros por Portugal, entre alguns dos fatores já citados anteriormente, é decorrente da língua portuguesa, o que facilita, principalmente, a adaptação inicial. Para se ter uma ideia, dos mais de 780 mil estrangeiros que vivem em Portugal, 30% dessa população é representada por brasileiros, de acordo com o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA). Foi a comunidade estrangeira que mais cresceu no país no ano passado, com aumento de 17% em relação a 2021.
Além do Reino Unido como a segunda região mais buscada por brasileiros, a Irlanda chama a atenção, não pela totalidade, mas pelo crescimento exponencial. A comunidade brasileira no país quintuplicou nos últimos seis anos, segundo o censo local: saltou de 13 mil pessoas, em 2016, para 70 mil no último ano.
O crescimento em 36% na procura por aulas de idiomas que não o inglês, registrado no primeiro semestre de 2023, segundo levantamento de uma consultoria de educação internacional, reforça o interesse do brasileiro viver, ou fazer negócios em países como Espanha, Alemanha e Itália. O francês aparece também como um dos idiomas mais buscados no Brasil.
Para finalizar, o número de brasileiros vivendo fora do país vai crescer cada vez mais. Só em 2021 e 2022, o faturamento das empresas do segmento de assessoria imigratória onde estou inserido, totalizou US$ 12 milhões e US$ 15 milhões respectivamente. Isso porque existem uma série de documentos, processos e comprovações necessárias para entrar com um pedido de visto, seja para morar, estudar ou mesmo investir fora do Brasil. O acompanhamento profissional de todo o trâmite eleva muito as chances de conquistar um resultado positivo. Para este ano a perspectiva de crescimento do setor é de 42%.
Foi o tempo em que brasileiros iam para o exterior, por um breve período, fazer seu “pé de meia”. Hoje eles estão priorizando sua carreira profissional, qualidade de vida, além de buscar acesso à cultura e desenvolvimento pessoal. Como diz o Mr. Warren Janssen, diretor aposentado do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS): as fronteiras não são barreiras, mas oportunidades de colaboração, crescimento e busca compartilhada por um futuro melhor e felicidade.