A matéria foi apresentada há dois anos e chegou a ser aprovada em primeiro turno no plenário da Casa, mas desde 10 de julho do ano passado aguarda parecer da comissão especial. O texto acaba com o voto secreto em três situações: apreciação de vetos do governador, indicações para cargos no Executivo e escolha de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Se não for modificada, manterá o anonimato apenas em processos de cassação de deputados, eleição da mesa diretora e a exoneração ou destituição do procurador-geral de Justiça, o chefe do Ministério Público estadual.
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Base apoia, mas tenta esticar o plebiscito sobre a reforma políticaLula quer participar do plebiscito para a reforma políticaNão é a primeira vez que a regra é discutida no Legislativo mineiro. Em 2001 foi apresentada uma PEC extinguindo o voto secreto na Casa, mas o texto não saiu da comissão especial. Em 31 de janeiro de 2003, com o fim daquela legislatura, foi arquivado. Em 2007 foi novamente apresentada uma PEC, com regras semelhantes à da atual, mas teve o mesmo destino da proposta anterior. Em 31 de janeiro de 2011 foi para a gaveta, devido ao início da nova legislatura, com a posse dos parlamentares escolhidos nas eleições de 2010.
Aprovação popular
Nos bastidores, já há quem diga que deve ser apresentada uma emenda acabando de vez com o voto secreto, para todo e qualquer assunto. O deputado Sebastião Costa confirma que apresentará seu relatório na quarta-feira que vem e não descarta incluir emendas que tornem o projeto ainda mais rigoroso, nos mesmos moldes da PEC que tramita no Congresso Nacional.
Há quem defenda, no entanto, que os parlamentares esperem justamente uma decisão sobre o projeto discutido em Brasília, que institui o voto aberto para processos de cassação de mandato por falta de decoro e por condenação criminal com sentença transitada em julgado. Na quarta-feira passada, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade da proposta, primeiro passo para a sua tramitação. Agora será criada uma comissão especial para discuti-la.
Extinguir a votação secreta antes do Congresso dará à Assembleia Legislativa mineira uma aprovação popular. Mas ainda dependerá do que decidir os deputados federais e senadores. Isso porque a Assembleia do Rio de Janeiro aprovou há oito anos uma emenda à Constituição estadual extinguindo o voto secreto. No entanto, ao julgar uma ação proposta pelo PDT e pelo PSL, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) entenderam que a matéria era ilegal, pois a Constituição federal garante a votação anônima.