Polícia Federal.
Eduardo Cunha foi curto e grosso.
O recado ao Palácio do Planalto passa pela tentativa do Executivo de enfraquecer o PMDB na Câmara dos Deputados e, mais ainda, de favorecer a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP), que disputa com Eduardo Cunha e Júlio Delgado (PSB-MG) o comando da Casa. Pelo andar da carruagem, a presidente Dilma Rousseff terá muitos problemas com Cunha.
Caso ele seja vitorioso, talvez adote postura mais independente na presidência da Câmara e tenha relacionamento mais cordial com o Planalto. Se perder, pode ter certeza de que outro ditado entrará em ação em algum momento delicado para o governo, aquele que diz: a vingança é um prato que se come frio.
Tudo isso, no entanto, vai depender do andamento das investigações da Polícia Federal. E não deve ser tão rápido assim, já que os parlamentares têm foro privilegiado e são julgados no Supremo Tribunal Federal. A única certeza é que, com o clima de conflito político e com a difícil situação econômica, Dilma precisará ter muita habilidade política e, principalmente, jogo de cintura, que não são suas características mais fortes.
Tabuleiro tucano
A disputa pela presidência do PSDB em Minas Gerais, pelo menos oficialmente, ainda não começou.
É gaúcho, tchê!
Projeto de lei pronto para ser votado na Comissão de Cultura e Esporte do Senado torna o cantor e compositor Lupicínio Rodrigues, cujo centenário foi comemorado no ano passado, o “Patrono da Música Popular Brasileira”. O projeto foi apresentado pela senadora Ana Amélia (PP-RS) e pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Paulo Paim (PT-RS). Notou a coincidência? É claro que Lupicínio é gaúcho, de Porto Alegre. Se passar na comissão e não houver recurso ao plenário, a proposta segue para a Câmara dos Deputados. E a bancada gaúcha de lá já deve estar ansiosa.
Desfalque mineiro
A bancada petista de Minas Gerais é responsável pela metade dos deputados que o PT perdeu na Câmara dos Deputados. Com a ida de Patrus Ananias para o Ministério de Desenvolvimento Agrário e de Miguel Corrêa Júnior e Odair Cunha para o secretariado do governador Fernando Pimentel (PT), subiram Ademir Camilo (Pros), Silas Brasileiro (PMDB) e Wadson Ribeiro (PCdoB). Já no caso de Nilmário Miranda, que era o próximo suplente e também virou secretário no governo estadual, o PT não perdeu. Quem sobe é a ex-prefeita de Betim Maria do Carmo Lara (PT).
"Do lado da oposição, o ministro pode contar com a disposição para a gente ajudar o Brasil a sair desse impasse.
Do líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), sobre as medidas do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que anunciou a necessidade de ajustes em alguns impostos.
Toma lá dá cá
As composições do governo para definir os ministérios enfraquecem a candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados. O PR é exemplo pronto e acabado. A indicação de Antônio Carlos Rodrigues (PR) era do ex-deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), que mesmo condenado no mensalão ainda dá as cartas no partido. E, claro, vai agradar a presidente Dilma pondo seu time votando em Arlindo Chinaglia (PT-SP) para o cargo. É a mesma situação do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, criador do PSD e com enorme influência entre os pessedistas.
PINGAFOGO
A propósito da debandada de petistas para ministérios e secretarias de estado, o PT deve deixar de ter a maior bancada na Câmara dos Deputados. Quem assume a liderança é o PMDB, com 66. O PT fica com 63.
Mais uma trombada à vista. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, tirou indicados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) das secretarias da pasta e colocou técnicos da sua Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Vem troco aí!
Para o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), as declarações de um policial na Operação Lava-Jato de que teria entregue dinheiro ao então governador Antonio Anastasia (PSDB) é uma coisa tão estranha que não tem qualquer credibilidade.
Paulo Abi-Ackel chama a atenção para o fato de que as denúncias contra Anastasia vieram acompanhadas de outras contra Eduardo Cunha, um dos adversários de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados. “Só pode ser armação.”
Fogo amigo contra a nova equipe econômica de Dilma.
Chico Alencar (Psol-RJ) deve substituir Ivan Valente (Psol-SP) na liderança do partido na Câmara dos Deputados. Muda pouco. Chico Alencar é tão “valente” quanto seu colega de partido. Talvez até mais radical.
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