Coluna

Em dia com a política: Só com muito jogo de cintura

Eduardo Cunha foi curto e grosso. Ao falar da CPI da Petrobras na próxima legislatura, afirmou com todas as palavras que ela será, de fato, instalada

Baptista Chagas de Almeida
Sabe aquele ditado de que a melhor defesa é o ataque? Pois é essa a tática que o candidato à presidência da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) adotou depois que foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff como um dos beneficiados por propinas pagas a parlamentares em depoimento na Operação Lava-Jato, da

Polícia Federal.

Eduardo Cunha foi curto e grosso.

Ao falar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras na próxima legislatura, afirmou que já era provável que ela fosse instalada, mas que, agora, o PMDB dará apoio e ela será, de fato, instalada. Pelo jeito, a dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff (PT) vai durar muito tempo este ano.

O recado ao Palácio do Planalto passa pela tentativa do Executivo de enfraquecer o PMDB na Câmara dos Deputados e, mais ainda, de favorecer a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP), que disputa com Eduardo Cunha e Júlio Delgado (PSB-MG) o comando da Casa. Pelo andar da carruagem, a presidente Dilma Rousseff terá muitos problemas com Cunha.

Caso ele seja vitorioso, talvez adote postura mais independente na presidência da Câmara e tenha relacionamento mais cordial com o Planalto. Se perder, pode ter certeza de que outro ditado entrará em ação em algum momento delicado para o governo, aquele que diz: a vingança é um prato que se come frio.

Tudo isso, no entanto, vai depender do andamento das investigações da Polícia Federal. E não deve ser tão rápido assim, já que os parlamentares têm foro privilegiado e são julgados no Supremo Tribunal Federal. A única certeza é que, com o clima de conflito político e com a difícil situação econômica, Dilma precisará ter muita habilidade política e, principalmente, jogo de cintura, que não são suas características mais fortes.

Tabuleiro tucano

A disputa pela presidência do PSDB em Minas Gerais, pelo menos oficialmente, ainda não começou.
Até porque ela passa primeiro pela liderança do partido na Câmara dos Deputados: Marcus Pestana e Domingos Sávio já se lançaram candidatos ao cargo de líder do partido. Domingos Sávio também é pré-candidato a comandar o PSDB no estado, mas tem a companhia de Rodrigo de Castro e de Paulo Abi-Ackel. Pestana não pode ser candidato. E ainda há a hipótese de, depois de muitos anos, o PSDB mineiro não ser comandado por um deputado federal. O ex-ministro Pimenta da Veiga também está de olho no cargo.

É gaúcho, tchê!

Projeto de lei pronto para ser votado na Comissão de Cultura e Esporte do Senado torna o cantor e compositor Lupicínio Rodrigues, cujo centenário foi comemorado no ano passado, o “Patrono da Música Popular Brasileira”. O projeto foi apresentado pela senadora Ana Amélia (PP-RS) e pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Paulo Paim (PT-RS). Notou a coincidência? É claro que Lupicínio é gaúcho, de Porto Alegre. Se passar na comissão e não houver recurso ao plenário, a proposta segue para a Câmara dos Deputados. E a bancada gaúcha de lá já deve estar ansiosa.

Desfalque mineiro


A bancada petista de Minas Gerais é responsável pela metade dos deputados que o PT perdeu na Câmara dos Deputados. Com a ida de Patrus Ananias para o Ministério de Desenvolvimento Agrário e de Miguel Corrêa Júnior e Odair Cunha para o secretariado do governador Fernando Pimentel (PT), subiram Ademir Camilo (Pros), Silas Brasileiro (PMDB) e Wadson Ribeiro (PCdoB). Já no caso de Nilmário Miranda, que era o próximo suplente e também virou secretário no governo estadual, o PT não perdeu. Quem sobe é a ex-prefeita de Betim Maria do Carmo Lara (PT).

"Do lado da oposição, o ministro pode contar com a disposição para a gente ajudar o Brasil a sair desse impasse.
Só que ele não vai contar para duas coisas: retirar direitos dos trabalhadores e aumentar a carga tributária"

Do líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), sobre as medidas do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que anunciou a necessidade de ajustes em alguns impostos.

Toma lá dá cá

As composições do governo para definir os ministérios enfraquecem a candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados. O PR é exemplo pronto e acabado. A indicação de Antônio Carlos Rodrigues (PR) era do ex-deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), que mesmo condenado no mensalão ainda dá as cartas no partido. E, claro, vai agradar a presidente Dilma pondo seu time votando em Arlindo Chinaglia (PT-SP) para o cargo. É a mesma situação do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, criador do PSD e com enorme influência entre os pessedistas.

PINGAFOGO

A propósito da debandada de petistas para ministérios e secretarias de estado, o PT deve deixar de ter a maior bancada na Câmara dos Deputados. Quem assume a liderança é o PMDB, com 66. O PT fica com 63.

Mais uma trombada à vista. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, tirou indicados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) das secretarias da pasta e colocou técnicos da sua Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Vem troco aí!

Para o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), as declarações de um policial na Operação Lava-Jato de que teria entregue dinheiro ao então governador Antonio Anastasia (PSDB) é uma coisa tão estranha que não tem qualquer credibilidade.

Paulo Abi-Ackel chama a atenção para o fato de que as denúncias contra Anastasia vieram acompanhadas de outras contra Eduardo Cunha, um dos adversários de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados. “Só pode ser armação.”

Fogo amigo contra a nova equipe econômica de Dilma.
O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, chama de “retrocesso” a possível volta da CPMF. E tem razão!

Chico Alencar (Psol-RJ) deve substituir Ivan Valente (Psol-SP) na liderança do partido na Câmara dos Deputados. Muda pouco. Chico Alencar é tão “valente” quanto seu colega de partido. Talvez até mais radical.

 

.