Líder do PMDB está de olho na disputa pela Prefeitura do Rio em 2016

Após conquistar o comando do PMDB na Câmara, o deputado mira a sucessão carioca

André Shalders Denise Rothenburg
- Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Brasília – Depois de conquistar o cargo de líder do PMDB, o deputado Leonardo Picciani (RJ) avisa que o partido não fará oposição ao governo Dilma, não apostará no impeachment e tampouco deixará de ter boa vontade na hora de analisar os projetos oriundos do Executivo. E, desde já, garante que ficará apenas um ano no posto, de olho na chance de disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro no ano que vem. “Tenho esse desejo, tendo condições e sendo escolhido pelo partido para disputar a sucessão em 2016.”

 

Além da sua escolha como líder, há ainda Eduardo Cunha na presidência. A que se deve a “hegemonia do Rio de Janeiro” no PMDB da Câmara?
Acho que a bancada respondeu a isso. O Rio de Janeiro tem nove deputados em exercício. Tive 34 votos. Votos de todas as regiões. O processo de escolha da liderança não é um processo regional, é um debate de construção da bancada.

O líder do PMDB deve ser aquele que a bancada julgar estar em melhor condição de expressar as posições que a bancada deve tomar, de defender os pleitos e os interesses dela, e não alguém que venha de região A ou B.

Foi uma vitória apertada. A bancada do PMDB está dividida?
Não, de forma alguma. A bancada está unida. Conversamos muito, quando ainda havia múltiplos candidatos, sobre a necessidade de conduzir esse processo e, fosse quem fosse o vencedor, a unidade ser garantida. Quando restou apenas eu e o deputado Lúcio (Vieira Lima, da Bahia) na disputa, também conversamos muito e firmamos um pacto de garantir a unidade do partido. Não é inédito na bancada haver disputa acirrada. Quando cheguei para o meu primeiro mandato, em 2003, houve uma disputa entre Eunício Oliveira e Barbosa Neto, que foi resolvida por uma diferença de dois votos. E não rachou a bancada.


O senhor fez campanha para Aécio Neves (PSDB) no Rio de Janeiro. O PMDB é um partido da base aliada. Como vai ser sua relação com os outros líderes?
Não tenho nenhuma dificuldade. Fiz campanha para Aécio Neves, votei nele porque queria que ele ganhasse as eleições, mas quem ganhou foi a Dilma. Acredito que, na democracia, a gente deve respeitar o resultado das urnas. Até que se abram os votos, cada um defende a sua posição.

Depois, é preciso respeitar a vontade majoritária da população. E não sou nem petista, nem peessedebista, sou do PMDB. E sendo do PMDB,  já votei no Lula, já votei na Dilma; já não votei no Lula, já não votei na Dilma. Então, são circunstâncias. Tínhamos uma disputa com o PT local, no Rio de Janeiro, o que nos levou a uma aliança diversa da nacional, num processo que foi discutido. Defendemos essa tese (do apoio a Aécio) na convenção do PMDB, junto com o diretório da Bahia, de Lúcio. E tivemos 41% dos votos.


E como é que o senhor se posiciona em temas polêmicos como aborto e casamento gay?
As posições coletivas da bancada se sobrepõem às minhas individuais. O líder não é pessoa física, ele se move pelo coletivo. As minhas posições serão as que a bancada adotar. Em relação a esses temas polêmicos, o aborto, por exemplo, sou favorável à legislação atual.

Manter os casos previstos em lei. E sou contra que se ampliem as possibilidades. Em relação à união civil, o Supremo Tribunal Federal já resolveu. E é algo presente na vida real, nas relações entre as pessoas. Não adianta fingir que não existe.

Em 2016, o senhor pretende ser candidato a prefeito do Rio?
Tenho esse desejo, tendo condições e sendo escolhido pelo partido para disputar a sucessão em 2016. Agora, a minha vinda para a liderança nada tem a ver com isso. Venho para a liderança exercer o meu mandato de deputado federal. Estou no meu quarto mandato, exerci diversas missões na Casa. E tinha o desejo de liderar a bancada, função que nunca exerci. Nada tem a ver com a questão da sucessão, que aliás só será debatida pelo PMDB do Rio em 2016. Além da minha postulação há a postulação legítima do deputado Pedro Paulo.

E em 2018? O senhor vislumbra o PMDB com candidato próprio à Presidência ou aliado ao PT?
Espero que o PMDB lance candidato à Presidência. Acho que todo partido deve almejar construir um projeto para o país, um nome que possa chegar à Presidência. Assim, o partido pode colocar em prática o seu programa, as suas teses.

Há quem diga que o próximo passo da bancada do Rio é tentar a presidência do PMDB, no ano que vem.

Isso é teoria conspiratória. Não corresponde à realidade. Não existe esse projeto.

E cargos, o PMDB pleteia?
Até o momento, não notei na bancada indicativo de pleitear ministério A, B ou C. Vamos aguardar a posição da bancada. O partido está na base, os pleitos a serem feitos são legítimos, mas isso não é a questão neste momento. O PMDB quer discutir o programa de governo para o país. O momento não é simples, o Brasil enfrenta uma crise econômica, é preciso encontrar caminhos para recuperar o país.

Eduardo Cunha se notabilizou pelo enfrentamento e fez um blocão. O senhor repetirá a estratégia?
O blocão existe, há uma atuação conjunta. A nossa liderança seguirá o que foi a do Eduardo, com altivez, independência, mas isso não significa que somos oposição. Estamos na base, mas debatemos as teses e propostas. Há toda boa vontade com o governo, total respeito à posição da presidente Dilma, ao resultado das eleições. Agora, em determinados temas, no futuro, pode haver uma divergência de opinião, e será debatida francamente.

Quando o senhor menciona respeito ao resultado das eleições é por causa da tese do impeachment?

Não vejo razão para esse burburinho. Tivemos uma eleição legítima.

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