A virada para 2017 vai passar em branco em importantes municípios mineiros e do Brasil. O motivo é uma das palavras mais ouvidas em 2016: crise. Com dinheiro regrado para fechar as contas, pagar fornecedores e funcionários, prefeitos optaram por não gastar com festa ou não conseguiram patrocínio para as tradicionais queimas de fogos. Em todas as regiões de Minas, cidades cancelaram as festividades por motivo de economia.
Em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, havia um projeto aprovado na Lei Rouanet, mas a prefeitura não conseguiu captar os recursos para a festa. “Era um projeto de R$ 500 mil, que incluía o Natal. Geralmente tínhamos captadores de empresas privadas de Diamantina, em alguns anos a Cemig também ajudou pela lei, mas desta vez não tivemos condições de fazer”, conta o prefeito Paulo Célio (sem partido), que não tentou a reeleição. No ano passado a cidade teve eventos de teatro, apresentação de cantores e corais, iluminação e adereços nas ruas. Para o réveillon foram montados palcos na praça do mercado e teve show pirotécnico de 20 minutos de fogos.
“Neste ano poupamos mais para fechar o mandato.
Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, a tradicional queima de fogos no piscinão também não vai ocorrer por causa da crise. “O povo entende. Tenho que deixar o posto de saúde e a escola abertos, recolher o lixo. Isso se chama dar assistência às pessoas que precisam. Festa é bom mas, infelizmente, não deu, vamos começar 2017 com austeridade absoluta”, explica o prefeito Paulo Piau (PMDB), que continua na administração no ano que vem.
Segundo o peemedebista, qualquer dinheiro que fosse gasto com a festa, que seja R$ 10 mil ou R$ 50 mil, frente às quedas na economia e na arrecadação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), faria falta. “Não tem mais espaço que não seja atender serviços essenciais e pagar salário, isso é um foco obsessivo”, decretou.
Quem também reclama é o prefeito reeleito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Vítor Penido (DEM). “Talvez seja a pior situação de Minas Gerais.
Em Itajubá, no Sul de Minas, até a queima de fogos que o prefeito Rodrigo Riera (PMDB) chama de “simbólica” foi cancelada para não ter que pagar hora extra para funcionários. “Não fizemos enfeites de Natal e os pequenos shows de réveillon cancelamos por causa das dificuldades. Tínhamos alguns eventos na Concha Acústica e até emendávamos a festa, a prefeitura gastava em torno de R$ 60 mil a R$ 80 mil”, disse. Reeleito, Riera comemora o fato de ter conseguido pagar o 13º do funcionalismo e o vale-alimentação. “Foi no limite, se precisar de R$ 500 em caixa não tenho. Não vou deixar de dar remédio para fazer uma coisa que é bonita e melhora a auto-estima da cidade, mas não é prioridade”, afirmou.
Enfeites Em Lavras, no Sul do estado, não vai ter nada.
O prefeito Duarte Junior (PPS), de Mariana, na Região Central, disse que o réveillon no Distrito de Furquim será mantido em condições modestas, assim como foi feito no Natal. “Fizemos o Natal de Luz com um custo muito mais baixo. Caiu de R$ 1 milhão em 2014 para R$ 380 mil em 2015 e R$ 250 mil agora. Com o réveillon a prefeitura de Mariana gastará R$ 60”, diz. Para fechar o ano, segundo o prefeito, foi preciso cortar vários gastos como o do lixo, que antes era de R$ 1 milhão ao mês e passou a ser de R$ 550 mil..