Jornal Estado de Minas

Coluna do Baptista Chagas de Almeida



O cachorrinho que foi a estrela do dia


Na semana passada, o presidente Michel Temer (MDB) ficou “muito feliz em receber o apreço de todos”. Foi na inauguração do Centro de Diagnóstico do Hospital Notre Dame, em Barretos (SP), que homenageou o presidente dando o seu nome ao novo centro. Ontem, no entanto, mudou radicalmente, foi ao supermercado, mas não tratou de compras. Preferiu falar do Bolsa-Família, mas não se preocupou em fazer compras. Óbvio, né?

O comercial, no entanto, o presidente fez. Falou do Programa Progredir, pedindo emprego para os filhos de famílias beneficiadas pelo Bolsa-Família. Quem sabe dá certo? Os sinais já começam a aparecer. Não é a coluna que diz.

Alguns exemplos falam por si.

Em março, o Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 0,8% na comparação com fevereiro. Ante igual mês de 2017, o avanço foi de 3,4%. Esta é a boa notícia, a virada mais forte da curva. Se comparada ao primeiro trimestre cheio, o indicador do Ipea aponta alta de 0,3% no primeiro trimestre, em relação ao trimestre anterior. Resultado pífio.

Informação do mês passado já registrava que a confiança empresarial atingiu o maior nível desde abril de 2014, conforme levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). A maior contribuição para a alta do índice foi dada pela indústria, seguida pelo comércio. Normalmente é sempre nesta ordem.

Enquanto os economistas são pessimistas, as notícias registram: produção de veículos aumentou 40%, dois terços dos brasileiros vão presentear as mães domingo agora, nem que seja uma lembrancinha, mas vão.

E um último registro, pela primeira vez no ano os depósitos na caderneta de poupança foram maiores que as retiradas em R$ 1,2 bilhão.

Melhor voltar à política propriamente dita, só que não dá para economizar o quanto o Judiciário anda roubando as notícias dela. Um exemplo é o senador Romero Jucá (MDB-RR), que teve prorrogada a investigação da Polícia Federal (PF), que busca mais informações. Claro que tem Odebrecht no meio, como no caso do ex-presidente Lula, desta vez sobre o sítio de Atibaia. E inclua até governador, como Ricardo Coutinho (PSB), da Paraíba.

Só que teve gente roubando a cena. Se o cachorrinho da primeira-dama virou a notícia que mais chamou a atenção ontem, o melhor a fazer é torcer para que esteja tudo bem com o cachorrinho dela.

 

 

O personagem
Da semana que mal começou. Em cartaz, o ator Francisco Cuoco (foto): “Ter plano de saúde é privilégio. Tem gente que paga R$ 4 mil, R$ 5 mil, é um absurdo, uma loucura. Estamos ferrados com a política que a gente tem”.

Já que ele se meteu em política, melhor contar a sua novela: Deus nos acuda do Pecado Capital (1ª e 2ª versões) ou Da cor do pecado. Já que ele já foi a próxima vítima do plano de saúde, o jeito é torcer para que a estreia de segunda-feira traga mesmo um “Segundo sol” para iluminar nossos políticos.

 

Mais afinidade
O ex-governador Alberto Pinto Coelho (PPS) diz que “a temperatura é boa”, em sua previsão meteorológica. Na política, ele declara que “agora que o senador Antonio Anastasia (PSDB) aceitou” disputar o Palácio da Liberdade, óbvio, quer “contribuir para a unidade das oposições”. Em resumo, ele mesmo traduz: “Pessoalmente tenho mais afinidade. Considero a mais qualificada candidatura agora que ele topou”. Quanto a disputar o Senado, Alberto adotou o jeito tucano de ser mineiro: “examinarei, mas não sou postulante”.

 

Tchau, tchau!
Demorou, demorou, continuou demorando, fui! Secretária-geral do Ministério da Educação, que é, na prática, a vice-ministra, Maria Helena Guimarães de Castro, preferiu não esperar mais se seria ou não ministra e avisou que deixa o cargo na sexta-feira. Ela tinha assumido no lugar de Mendonça Filho (DEM-PE). Como o presidente Michel Temer não deu nenhum sinal de sua permanência, ela mesmo tomou a iniciativa. Se Temer vai tentar convencê-la a ficar, é esperar para ver se ela aceitará. Improvável, mesmo Maria Helena sendo tucana.

 

Faz de Contas
Continua a ladainha.

Pessoalmente, o governador Fernando Pimentel (PT) esteve, pessoalmente, para deixar bem clara a necessidade, com o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Mauri Torres. Tentou buscar a lista de servidores públicos que acumulam cargos no estado. Pouco adiantou. Mauri avisou que, antes, é preciso conferir a lista. A “pequena” lista de 96 mil nomes. Todos eles. Me engana que não gosto com o “Faz de Contas” e acredite se quiser da necessidade de conferir lista tão grande.

 

Enfim...
Se o inquérito sobre a questão dos portos envolvendo o presidente Michel Temer não atracou, pelo contrário, foi prorrogado pelo ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF). E olha que esta é a segunda vez que isso acontece. Antes, o próprio Barroso já tinha prorrogado uma vez, em 27 de fevereiro deste ano.

Sendo assim, o jeito é seguir o exemplo e encontrar um porto seguro. Se for possível diante do que tem acontecido no país.

 

PingaFogo

Pelo jeito, a tal agenda econômica, que é o comercial do presidente Temer, vai ficar para as calendas. Mesmo com as emendas parlamentares, que são a mercadoria de troca. Foram liberadas, até abril deste ano, apenas cerca de R$ 2 bilhões.

Bem, ainda faltam 8,8 bilhões de reais em emendas individuais. E elas devem ser liberadas mais generosamente nos próximos meses. Afinal, no meio do caminho tem as eleições. E a panela de pressão dos deputados já está no fogo.

Talvez o presidente Michel Temer não esteja tão preocupado assim com a eleição. Afinal, os votos vão descarrilar a partir de sexta-feira em Belo Horizonte. Hoje, o metrô cobra R$ 1,80 e vai para R$ 3,40. Isso mesmo, um aumento de 88%.

A CBTU informou que “a recomposição parcial das perdas inflacionárias busca o fortalecimento do transporte de passageiros sobre trilhos”. É piada de mau gosto. Vai é enfraquecer o bolso de quem precisa do metrô.

Por fim, se a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) foi à tribuna para condenar o plano dos Correios de fechar 513 agências e demitir mais de cinco mil funcionários, logo agora que a curva da economia tinha virado?a

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