Brasília – Longe dos campos de futebol, os pré-candidatos à Presidência da República começam as eliminatórias para apresentar as estratégias das eleições 2018. A partida final é apenas em outubro, mas o mata-mata começa nesta semana. É a partir de 20 de julho que os partidos definem as escalações e selecionam os jogadores para as urnas. Os campeonatos estaduais, no entanto, podem mudar as táticas e interferir nas candidaturas nacionais. Hoje, o fim da Copa do Mundo marca o início de outra disputa no Brasil: a pelo mais alto cargo do Executivo.
A dificuldade, neste momento, é a divisão de partidos entre os grupos ideológicos. A guerra entre PT e PDT em busca da aliança com o PSB é tão ou mais explosiva do que as alianças do campo centro-direita, que abrange Henrique Meirelles (MDB), Álvaro Dias (Podemos) e Geraldo Alckmin (PSDB). Enquanto isso, Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) correm por fora e tentam voos solo.
Com o cenário polarizado, os palanques estaduais ganham protagonismo nas eleições. O problema é que as alianças estaduais podem interferir no cenário nacional.
Embora tenha avançado nas alianças nacionais, Alckmin tem longo caminho até fechar todos os acordos nacionais de que necessita para disputar o pleito com mais tranquilidade. O PV, por exemplo, prometeu apoio no âmbito presidencial. Nos estados, entretanto, a conversa é outra. Segundo representantes do PV, os palanques em São Paulo serão divididos com Márcio França (PSB), atual governador no estado.
ACORDOS
O problema dessas alianças é que, segundo Prando, é difícil encontrar partidos que tenham similaridade nos campos ideológico e pragmático para que os acordos sejam feitos.
Sem o ministro Joaquim Barbosa para o Planalto, o PSB se tornou a maior incógnita das eleições. Disputada, a sigla tem dificuldades de fechar acordos nacionais por causa dos estados. O principal prejudicado é o pré-candidato Ciro Gomes, que tenta, a todo custo, conseguir apoio dos partidos centro-esquerda e esquerda. Em Pernambuco, o candidato à reeleição ao governo Paulo Câmara (PSB) flerta com o PT, mesmo que a rival, Marília Arraes, seja do PT. A presidente da sigla, Gleisi Hoffmann (PR), esteve com Câmara na última quinta-feira. A ideia é que o PT, mesmo sem Lula, continue com força no Nordeste para conseguir firmar coligações.
Outro impasse que Ciro enfrenta com o PSB é em São Paulo. Márcio França acena para Alckmin, com quem dividiu o governo do estado.
CALENDÁRIO A partir da próxima sexta-feira, o calendário eleitoral já permite a realização das convenções partidárias. As reuniões discutirão as coligações e escolherão os candidatos das legendas, entre eles os que vão disputar a Presidência e a vice-presidência da República. Com o período de campanha encurtado pela metade, seria de se esperar que os partidos já estivessem certos sobre os nomes que disputarão todos os cargos, mas essa é outra particularidade das eleições deste ano. Até o momento, ainda não há definição sobre coligações ou vice-representantes e a maioria das legendas deve se reunir apenas no fim do prazo dado pela Justiça Eleitoral, 5 de agosto.
"No quadro eleitoral de 2018, que tem essa característica de multiplicidade de candidatos à Presidência, quem luta pelos presidenciáveis são deputados, prefeitos e vereadores. Por isso é tão importante a coligação"
. Rodrigo Prando,
cientista político
Choque de realidade
Brasília – O analista político Creomar Souza diz que os problemas dos pré-candidatos à Presidência da Repúblcia começam com o “choque de realidade”. Com os custos das campanhas, é provável que os blocos, como Centrão, se unam a pré-candidatos com mais tempo de TV, ou com mais dinheiro do fundo partidário. “Nesse aspecto, Geraldo Alckmin é melhor do que Jair Bolsonaro, já que ele tem uma estrutura partidária que irá, de fato, atrair alianças.
Bolsonaro enfrenta um problema sem o apoio de Magno Malta (PR). Com o recuo da aliança, a tendência é que o ex-militar possa ficar sem apoio e ir sozinho para a disputa. Além disso, um correligionário contou à reportagem que Henrique Meirelles cresce nos estados. Isso teria se confirmado com o aumento da adesão dele dentro da própria sigla. “Paraná, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe ainda não estão fechados. Apenas Pernambuco que é realmente contra Meirelles porque o deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB) quer uma aliança com o Alckmin”, comentou. (Colaboraram Bernardo Bittar e Gabriela Vinhal)
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