Com o interesse manifestado pelo ex-ministro Gustavo Bebianno em concorrer à Prefeitura do Rio em 2020, a direita inicia a disputa pelo eleitorado conservador da cidade. Na eleição do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro - que rompeu com Bebianno - teve 58% dos votos dos cariocas no primeiro turno e chegou a 68% no turno seguinte, quando enfrentou o petista Fernando Haddad.
Bebianno poderá ter como concorrente um deputado estadual identificado com o bolsonarismo. O PSL, partido do presidente, já anunciou a pré-candidatura de Rodrigo Amorim, que na campanha passada quebrou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
Visto como um aliado de Bolsonaro, mas tentando marcar posição para uma eventual disputa à Presidência em 2022, o governador Wilson Witzel (PSC) ainda não anunciou oficialmente apoio a nenhum nome. No episódio da quebra da placa, Witzel estava ao lado de Amorim. Segundo o jornal O Dia, o deputado foi convidado pelo governador, nesta semana, para deixar o PSL e se filiar ao PSC, mas recusou. Há ainda o próprio prefeito Marcelo Crivella (PRB), que, apesar das críticas à sua gestão, poderia se lançar à reeleição contando com a máquina pública e com o eleitorado evangélico.
"Bolsonaro teve uma votação extraordinária na cidade. Bebianno talvez esteja tentando pegar um pouco desse capital político, e também o Amorim.
Mais ao centro, existe a possibilidade de o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) tentar voltar ao cargo. Nas redes sociais, ele tem feito críticas constantes a Crivella, que vão de comentários sobre atos administrativos à frente da Prefeitura até a suposta falta de "carioquismo" do prefeito - que já falou, por exemplo, em cortar recursos públicos para a o carnaval na cidade.
Analistas chamam a atenção, porém, para o fato de o nome de Paes ter sido citado por delatores na Lava Jato, por supostamente ter recebido recursos de caixa dois para campanhas anteriores. Ele nega as suspeitas. A operação levou para a prisão todos os cacique do MDB fluminense, seu antigo partido.
"Com o Paes na disputa, eu não tenho espaço (no DEM)", afirmou Bebianno ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele deve decidir até outubro se vai se filiar ao partido de Paes ou ao PSDB, agora comandado no Rio pelo empresário Paulo Marinho.
Hoje vereador, o ex-prefeito Cesar Maia, presidente do DEM no Rio, não confirma suas preferências para o pleito. "Há dois novos elementos que exigem se ter paciência. Um é a proibição de coligação na eleição de vereadores. Outro é março, quando serão abertas as janelas para as mudanças de partidos. Aguardemos", disse.
Freixo
A esquerda sinaliza uma aliança em torno de Freixo, que tenta chegar à Prefeitura pela terceira vez.
A aliança, no entanto, não é a opção favorita de siglas que se consideram mais moderadas que o candidato do PSOL, como o PSB e o PDT. A visão desses partidos é de que Freixo de fato tem um recall maior e partiria de um porcentual mais alto de votos. Mas, num eventual segundo turno, seria novamente um candidato fácil de ser derrotado.
Pelo PSB, quem poderia entrar na disputa é o deputado federal Alessandro Molon, líder da oposição na Câmara. Entre os trabalhistas, a deputada estadual Martha Rocha, delegada da Polícia Civil, é a opção. Para Ricardo Ismael, o político do PSOL precisaria ir além da aliança com PT e PCdoB, e apostar também no eleitorado de centro e os evangélicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..