Deputados federais e estaduais de Minas Gerais e vereadores de Belo Horizonte filiados ao Partido Novo consideram que a nova diretriz partidária apresentada pela legenda pouco impacta nas ações dos parlamentares. O Novo divulgou nessa segunda-feira (08/03) que se colocará como oposição ao governo federal, chefiado por Jair Bolsonaro (sem partido), presidente da República desde 2019.
A opinião é partilhada pelos dois deputados federais mineiros filiados ao Novo: Lucas Gonzalez e Tiago Mitraud. “A decisão é do diretório. O Novo, até por zelo ao estatuto, tem distinção entre diretório e mandatário. As partidárias são do diretório, as mandatárias dos mandatários. O governador Zema, por exemplo, não é consultado sobre questões partidárias. Mas a atualização, na prática, muda muito pouca coisa, a bancada do Novo na Câmara continua independente, votando sim ao que for importante ao Brasil e não ao que for contra. Na prática não muda nada, temos coisas mais importantes para nos preocupar”, afirmou Gonzalez.
No âmbito estadual, a visão foi semelhante. "Para mim não muda em nada, é o Novo sendo o Novo", diz Bartô, um dos três deputados estaduais do Novo em Minas Gerais. Guilherme da Cunha, outro deputado estadual, afirma que a independência seguirá como pauta dos parlamentares da legenda, sem fazer uma “oposição por oposição”.
“É uma posição que ressalta o que é mais importante na atuação partidária do Novo. Quer dizer que a bancada federal seguirá votando o que for melhor para o Brasil, independente de projetos terem apoio ou não do governo ou do líder. O Novo não fará oposição por oposição, não votará contra qualquer matéria do governo, seguirá votando como tem votado, de acordo com seus princípios e valores. Se fosse diferente, mandar fazer oposição por oposição, eu ficaria bastante desconfortável, mas não é o caso”, comentou.
Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde há três vereadores filiados ao Novo, o discurso se mantém. “Quando a gente fala de oposição ou situação, é um radicalismo. Não compactuo com isso, vou sempre me pautar pelo que é bom para a população. Caso seja bom, estarei junto, mas se for ruim não vou corroborar. Isso, para mim, não muda, independente da nova resolução”, diz Braulio Lara.
Já Fernanda Pereira Altoé, outra vereadora belo-horizontina, preferiu se abster. “Como vereadora, tenho minha atuação muito limitada a assuntos de interesse local e de forma suplementar às legislações federal e estadual. Portanto, sigo focada nos problemas da cidade, atuando de forma pragmática e independente na Câmara Municipal”.
O Estado de Minas também tentou contato com outros políticos do Novo em Minas Gerais, como o governador Romeu Zema, para comentar a nova diretriz do partido. A reportagem, contudo, não teve retorno até a publicação desta matéria, e o espaço segue aberto para posicionamentos.
Nas eleições gerais de 2018, o Novo estava na disputa com o candidato e ex-presidente nacional da legenda João Amoêdo, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno, quando Fernando Haddad (PT) era o outro concorrente. O partido, contudo, não apoiou nenhum nome naquela ocasião.
“Após dois anos de governo, vemos que o bolsonarismo pode causar tanto mal quanto o petismo aos brasileiros. O Novo é, e sempre será, oposição a qualquer ideologia política perversa e populista que vá na direção oposta da construção do Brasil que merecemos”, diz trecho da nota do Novo que atualiza a diretriz partidária.