O ex-comandante do exército espartano se arrepende a cada segundo dos juramentos de lealdade feitos ao deus da guerra. Após a batalha em que o pacto com Ares foi feito, Kratos percebeu que foi enganado. A mesma divindade a quem jurara fidelidade, tiraria a vida da mulher e da filha. O espartano, então, tomado pela cólera, quebraria o pacto, despertando a atenção das três fúrias, responsáveis por manter o juramento do povo aos deuses com quem se aliou. Kratos estava fadado a ser preso nas prisões de Hecatônquiro, o gigante — e primeiro a quebrar o juramento. Mesmo imerso no arrependimento, ele se mantinha por uma verdade que preferia acreditar: antes da maldição, havia sido humano.
O acabamento dos personagens é outro aspecto que vale a pena destacar. Kratos, por exemplo, parece mesmo estar coberto por cinzas, a despeito dos outros jogos, em que parecia pintado com tinta guache branca. Os inimigos do espartano e os monstros também estão mais assustadores e bizarros.
A mecânica de combate também faz parte do conjunto de melhorias construídas pelos desenvolvedores. Os Quick time events (quando o jogador tem de apertar os botões que aparecem na tela para continuar determinados momentos ou golpes) estão mais bem elaborados e aparecem, inclusive, na exploração dos cenários. O destaque na jogabilidade vai tanto para o botão R1, que permite agarrar o inimigo enquanto Kratos pode atacar outro, ou jogá-lo em cima dos demais, quanto o medidor de raiva, uma barra de energia que se enche conforme as sequências de golpes vão sendo executadas. Quando cheia, os ataques são melhorados, causando mais dano, e uma magia pode ser solta — de acordo com o nível dela.
A evolução e a variedade de armas, aspecto clássico desde o primeiro jogo da série (e inspirado nas evoluções que acontecem no gênero RPG), podem deixar o jogador preso por horas à tela. Cada uma das quatro variações de armas pertence a um deus. Ares, Hades, Poseidon e Zeus oferecem diferenciadas técnicas ao jogador, que pode evoluir tanto as armas quanto os poderes agregados a elas no decorrer do jogo.A inovação que talvez mais chame atenção no jogo inteiro é um artefato que permite que Kratos destrua ou construa os gigantescos cenários.
Uma das partes empolgantes é quando o espartano tem de passar por vários quebra-cabeças — outra característica preponderante na série — reconstruindo uma estátua enorme de Apolo que está aos pedaços no mar, e, ao fim, volta a sua forma, sem dano algum.
FRAQUEZAS Alguns problemas, porém, chegam a comprometer a experiência do jogo e a paciência do jogador. Bugs no carregamento de novos cenários ou na destruição e na reconstrução deles em alguns quebras-cabeças podem fazer o jogo travar, obrigando o reinício. Algumas dessas falhas atrapalham as jogadas. Os efeitos sonoros têm falhas grotescas, como quando Kratos pula de uma parte muito alta do cenário, e, assim que cai no chão, não há efeito nenhum. O áudio é salvo pelas fantásticas atuações na dublagem e a trilha sonora marcante.
A história de Ascension não é tão atraente quanto às dos jogos anteriores. O foco, desta vez, é mostrar Kratos como um ser humano comum, antes de se tornar o deus da guerra. Porém, são poucas as cenas em que ele é visto como um homem normal ou junto da família.
ESTRELA SO SHOW
Com o esperado The last of us, God of war: ascension foi o jogo de maior destaque da Sony na E3 do ano passado. Como é comum em suas conferências, a empresa abriu a apresentação com um vídeo reunindo grandes games de seus consoles. Quando as cenas de Ascension apareciam na tela, a plateia as recebia vibrando calorosamente. No evento, foi também quando os jogadores testaram o jogo pela primeira vez. Ascension inclusive teve direito a um comercial em live action, de dois minutos, no intervalo do Super Bowl deste ano.
ESPARTANO VERDE E AMARELO
A dublagem de God of war: ascension é a primeira da série feita inteiramente em português do Brasil. Muito bem interpretada pelos dubladores, a ação da Sony evidencia ainda mais a importância que o mercado brasileiro tem tido para as grandes produtoras de jogos. Ubisoft, Rockstar e Blizzard são outros exemplos de empresas que fizeram jogos com tradução, menu ou legendas inteiramente em português, o que, até então, não era comum no país.