Em estudo anterior, Inbal havia achado sinais de empatia em ratos, depois que colocou duplas desses bichos no mesmo espaço. Enquanto um roedor podia explorar o espaço, o outro permanecia limitado a um estreito tubo transparente. Logo o animal solto se dedicava a livrar o companheiro do confinamento, o que só podia ser feito por um mecanismo do lado de fora do tubo. Nessa primeira experiência, foram necessários cinco dias para que os ratos aprendessem a libertar os colegas.
Desta vez, a pesquisadora quis descobrir se o ato de solidariedade estava relacionado com a similaridade genética. Depois de repetir o experimento do rato branco libertando um desconhecido parecido com ele, Inbal Bartal refez o processo com um animal de mancha preta preso no tubo. A maioria dos bichos submetidos à experiência, que nunca tinha visto um roedor que não fosse albino como eles, deixou a outra cobaia encarcerada na prisão transparente. Isso poderia corroborar a teoria da origem genética da empatia, não fosse pela segunda rodada de experimentos da pesquisa.
Na parte seguinte do trabalho, os ratos brancos passaram uma temporada com um companheiro manchado. Depois de duas semanas, ao ver outro bicho com o pelo preto e branco (padrão que já lhe parecia familiar), a cobaia logo abriu o tubo que torturava o animal. “Eles circulavam muito o tubo, o que mostra um padrão de comportamento típico da preocupação empática. Eles mordiam o recipiente, cavavam sob ele, se comunicavam com o rato preso tentando libertá-lo”, conta Inbal Bartal.
No fim, a pesquisadora decidiu usar ratos albinos que haviam crescido cercados somente de roedores de mancha preta. Quando ele finalmente encontrou o primeiro roedor branco de sua vida, ele estava dentro da prisão cilíndrica. Nesse caso, o tubo permaneceu intocado pela maioria das cobaias albinas: o bicho preso, apesar de geneticamente semelhante, parecia um estranho. Isso sugere, de acordo com Bartal, que os animais não precisam conhecer um indivíduo para demonstrar empatia – é necessário somente que a linhagem do bicho em questão seja familiar.
Experiência emocional Os resultados adicionam mais uma peça ao debate sobre a origem da empatia. O comportamento pró-social é visto por alguns especialistas como um fenômeno biologicamente determinado e compartilhado entre todos os mamíferos como um resultado do instinto de sobrevivência. “Isso, de fato, é desencadeado pelas pressões evolutivas.
Inbal Bartal acredita que o experimento é um bom modelo para estudar a influência do convívio social nesse tipo de comportamento. Assim como os roedores familiarizados com uma variedade maior de animais ajudavam mais cobaias, pessoas podem ser motivadas a agir em favor do outro se expostas a diferentes tipos de indivíduos.
No ser humano, a atitude pró-social começa nos primeiros meses de vida. É no desenvolvimento de intimidade com a mãe que a criança cultiva a habilidade de compartilhar o sentimento de outros. O comportamento positivo também é influenciado pelos exemplos dados por adultos, que podem expressar solidariedade na frente da criança. O terceiro principal fator que molda a simpatia de uma pessoa em relação a outros é justamente a socialização desde a infância: ao conhecer o outro, humanos são capazes não somente de se relacionar com aquele indivíduo, mas também de adquirir maturidade emocional para lidar com novas pessoas no futuro.
“A socialização da criança vai ajudar muito.
O AMBIENTE
Nas diferentes versões realizadas do experimento, os pesquisadores criaram a seguinte situação: um rato albino era colocado em uma gaiola, dentro da qual havia um segundo animal preso a um tubo transparente e muito apertado. Esse tubo só podia ser aberto por meio de um mecanismo exterior, ao qual só o primeiro rato tinha acesso.