Um dieta equilibrada e rica em nutrientes é uma importante aliada no combate às enfermidades crônicas não transmissíveis, como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.
Coordenada pelo professor Michel Cardoso De Angelis Pereira, uma pesquisa com a farinha da banana e o kefir, muito usado para fazer iogurte caseiro, já apresenta resultados. De acordo com o Ministério da Saúde, os alimentos funcionais caracterizam-se por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas.
O primeiro experimento conduzido por Michel foi feito com a farinha produzida com banana prata semiverde. Foram feitos testes de três formas: com a polpa da fruta, com a casca, e com a mistura de polpa e casca.
A farinha feita com casca de banana não apresentou alteração do índice glicêmico. Por ser rica em fibras insolúveis, a farinha apenas contribuiu para o funcionamento intestinal dos animais. O emprego da farinha da polpa isolada ou misturada com a casca resultou em redução de 15% no índice glicêmico. “Clinicamente, é uma redução expressiva”, afirma o pesquisador. Apenas 10% da refeição composta pela farinha já é suficiente para alcançar a melhora no índice glicêmico. O bom disso tudo é que para fazer a farinha de banana basta partir a fruta em pequenos pedaços e levá-los ao forno, em temperatura branda. Depois que a banana estiver seca, deve ser triturada no liquidificador. “É fácil de fazer e é uma receita economicamente viável”, defende Michel. Para consumi-la, a pessoa pode adicioná-la ao feijão, à vitamina e a sucos.
Mistura com kefir interfere no colesterol
O segundo experimento foi feito com a introdução do kefir na dieta dos ratos wistar, juntamente com a farinha. Nesse experimento, os pesquisadores mediram o colesterol (as lipoproteínas LDL, HDL e VLDL) e os triglicérides. Um tipo de gordura, o colesterol circula normalmente no sangue, sendo usado pelas células do corpo para construir as membranas celulares, para fabricação de hormônios e da vitamina D.
O grão de kefir é um agrupamento gelatinoso polissacarídeo que tem vários micro-organismos em simbiose. “Ele é usado há milênios. Você não encontra para comprar. As donas de casa passam umas para as outras”, diz o pesquisador. No experimento, o kefir foi introduzido em uma mistura de açúcar mascavo com água. Com o auxílio de seringa, a mistura foi dada via oral para os ratos wistar e trouxe resultados bastante positivos: redução de 10% a 15% no colesterol total, redução de 15% a 20% no LDL, popularmente conhecido como colesterol ruim, e uma leve elevação de 4% a 5% do HDL , conhecido como bom colesterol.
Nessa pesquisa, o kefir foi misturado a água e açúcar mascavo, porque nessa combinação há um resultado probiótico mais expressivo. As pessoas podem também fazer com o leite para o preparo de iogurte natural. “A mistura com água e açúcar mascavo não é tão saborosa, mas é um alimento de baixo custo e com bons resultados para a saúde”, pondera.
PESQUISA CIENTÍFICA COM VIÉS SOCIAL
O curso de nutrição desenvolve projetos de extensão com instituições de Lavras e região que atende crianças e idosos pobres.
O Departamento de Ciência dos Alimentos, em parceria com o Departamento de Ciência do Solo, desenvolve pesquisas sobre biofortificação (incorporação de nutrientes do solo para o alimento). O propósito dos estudos, coordenados pelo professor Luiz Roberto Guimarães Guilherme, é, por meio da fortificação, aumentar a composição de nutrientes no solo e consequentemente em alguns alimentos. Está em andamento pesquisa sobre fortificação da aveia com selênio e zinco. “São nutrientes que têm ação antioxidante no organismo.”
daqui para o futuro
Dieta humana
Em uma segunda etapa da pesquisa, a farinha de banana será introduzida na dieta humana. O experimento será feito com três grupos de 15 pessoas cada. A dieta do primeiro grupo não conterá a farinha. Na alimentação de um segundo grupo será introduzida a farinha de mandioca, e no terceiro grupo a farinha de banana. Eles vão receber um café da manhã padronizado e será avaliado o índice glicêmico de 15 em 15 minutos até completar duas horas. É o tempo necessário para que os pesquisadores consigam avaliar a resposta da insulina após o consumo da refeição.
Farinha de banana
» Redução de 15% no índice glicêmico
Farinha de banana %2b kefir
» Redução de 10% a 15% no colesterol total, redução de 15% a 20% no LDL, popularmente conhecido como colesterol ruim, e uma leve elevação de 4% a 5% do HDL , conhecido como bom colesterol.