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Estado de Minas Hist�ria e arte

Muito al�m do vinho e do bacalhau, seguimos em Portugal o rastro dos azulejos

Pequenos ou grandes detalhes podem compor uma viagem � parte naqueles roteiros abertos � proposta de conjugar lazer, arte e muita hist�ria. Os azulejos portugueses s�o assim, obras de beleza e cores


Igreja da Misericórdia, em Évora
Igreja da Miseric�rdia, em �vora (foto: Jo�o Paulo Figueiredo/Divulga��o)

N�o importa o tamanho, se eles adornam janelas, esta��es ferrovi�rias, paredes de casas e pr�dios ou templos. A presen�a dos azulejos inspirados no trabalho art�stico dos mouros � constante em territ�rio portugu�s, embora nem sempre notada com o mesmo reconhecimento que se d� �s atra��es tradicionais do pa�s. Os �rabes foram os respons�veis pelo encantamento com a azulejaria em solo lusitano.


A geometria sofisticada dos ladrilhos do povo conquistador foi substitu�da por motivos que v�o do sagrado ao pag�o. Eles, inicialmente, invadiram pal�cios da nobreza nas terras conquistadas na Pen�nsula Ib�rica at� chegar �s moradias simples de portugueses e espanh�is. Por vezes, nem � preciso fazer um �nico esfor�o � procura dos azulejos nas dezenas de cidades em que eles s�o vistos.

Estação São Bento, em Porto
Esta��o S�o Bento, em Porto (foto: Concierge.2C/Wikimedia Commons )

As pe�as podem surgir num encontro majestoso, ao formar imensos murais azuis nas fachadas de igrejas, a exemplo do templo da Ordem Terceira do Carmo, em Porto, quanto despertar a curiosidade dos mais atentos � sutileza das divis�rias de ladrilhos da antiga enfermaria do Pal�cio Nacional de Mafra.


Um bom come�o dessa viagem inusitada pode ser a Pra�a Carlos Alberto, em Porto, que abriga a Igreja do Carmo, de estilo barroco/rococ� – erguida entre 1756 e 1768 –, recoberta pelo painel lateral de azulejos desenhados por Silvestre Silvestri e pintado por Carlos Branco. A cena remonta � funda��o da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo. O tema religioso � t�o comum na arte portuguesa quanto o retrato da boa vida da aristocracia que ocupa alas do Palacete dos Viscondes de Balsem�o, vizinho da igreja.

 


O edif�cio do s�culo 18 foi constru�do por uma fam�lia de fidalgos (Alvo Brand�o Perestrello Godinho) e herdado pelos viscondes. Foi tamb�m moradia, no s�culo 19, dos Condes da Trindade, e abrigou, mais tarde, o rei da Sardenha e Piemonte, Carlos Alberto de Saboia, em seu ex�lio. Hoje, o palacete se tornou refer�ncia como sede da Dire��o Municipal de Cultura e do Gabinete de Numism�tica, com rara cole��o. � o guardi�o de um valioso banco de materiais, testemunho da hist�ria arquitet�nica de Portugal, inclusive com seu grande acervo de azulejos.

ARTE O esp�rito da santidade retratada na arte da azulejaria segue com destino a Ponte de Lima (Igreja Matriz), Coimbra (Mosteiro de Santa Cruz), Alcoba�a (Mosteiro de Santa Maria de Alcoba�a), Nazar� (Capela de Nossa Senhora de Nazar�) e Lisboa (Igreja/Convento do Carmo e antigo refeit�rio do Convento dos Jer�nimos). O mesmo caminho do Norte para o Sul de Portugal oferece paragens em que os azulejos contam outras hist�rias, dessa vez, pag�s. O casario de Viana do Castelo, cidade que consegue ser t�o simples e t�o imponente quando vista do Santu�rio de Santa Luzia, exibe as pe�as de cer�mica no entorno das janelas e paredes, enquanto o Palace Hotel, localizado na Mata Nacional do Bu�aco, preserva a beleza do pal�cio real, no distrito de Aveiro, com seus pain�is de azulejaria motivados por cenas da vida urbana.

 

Arte e devo��o

Detalhe dos azulejos na entrada de Óbidos
Detalhe dos azulejos na entrada de �bidos (foto: Marta Vieira/EM)
 

Nem sagrado, nem pag�o. Nos sal�es frequentados e constru�dos pela realeza, os azulejos portugueses parecem ter assumido o estilo aut�ntico lusitano e o lugar de destaque que ganharia essa arte, introduzida no pa�s no s�culo 15. Uma visita ao Pal�cio Nacional de Queluz, distante apenas 15 quil�metros de Lisboa, ilustra com toda a propriedade o gosto que reis e rainhas tomaram pelas pe�as de cer�mica, usadas para decorar pisos e paredes do mundo �rabe, desde a Idade M�dia.


Inspirado no Pal�cio de Versalhes, na Fran�a, Queluz criou uma sala para abrigar a arte da azulejaria. A constru��o, que serviu de morada para dom Jo�o VI e Carlota Joaquina antes da fuga para o Brasil, em 1807, costuma provocar uma certa atra��o nos brasileiros, interessados em conhecer um pouco mais dos costumes da fam�lia real.
Foi tamb�m a Coroa portuguesa a financiadora de obras que aderiram ao trabalho da azulejaria no Brasil, j� no s�culo 17. A igreja e o convento de S�o Francisco de Assis, em Salvador, s�o exemplos, com seus pain�is de azulejos pintados de azul e branco, que retratam, em meio � exuber�ncia das linhas arquitet�nicas e decora��o interna da constru��o, a vida de desapego do santo Francisco.

Convento dos Jerônimos, Lisboa
Convento dos Jer�nimos, Lisboa (foto: Marta Vieira/EM)

H� exemplos tamb�m marcantes da presen�a da arte da azulejaria no Nordeste. O convento de S�o Francisco, constru�do em 1585, em Olinda, � considerado a primeira casa franciscana no Brasil e o maior acervo de azulejos portugueses da col�nia. Comp�em o conjunto arquitet�nico a Igreja Nossa Senhora das Neves, a Capela de S�o Roque, a Capela de Santana, esta �ltima revestida pela cer�mica em estilo portugu�s. O claustro, por sua vez, � decorado com 16 pain�is, que contam a vida e a morte de Francisco de Assis, al�m da sacristia. A cer�mica art�stica ainda pode ser vista na igreja constru�da em Jo�o Pessoa, em inten��o ao mesmo santo.

NOBREZA

 

Detalhe do azulejo Palácio de Queluz
Detalhe do azulejo Pal�cio de Queluz (foto: Emmanuel Pinheiro/EM)

A pesquisa hist�rica sobre o Pal�cio de Queluz, que o ent�o futuro marido da rainha dona Maria I, dom Pedro III, ordenou que fosse erguido, em 1747, d� indica��es de que o Corredor dos Azulejos foi projetado como uma das �reas de circula��o mais nobres da edifica��o. Os grandes pain�is de cer�mica policromada, no estilo neocl�ssico, s�o de 1748 e representam duas cole��es – as Quatro Esta��es e os Quatro Continentes – ambientes de ca�a e do dia a dia e personagens da mitologia cl�ssica.


Os jardins geom�tricos, pontuados de fontes e est�tuas, exibem mais obras em azulejaria nos aquedutos que cortam o terreno. Destaque especial para o visitante brasileiro, Queluz foi o local do nascimento e morte de dom Pedro I, imperador do Brasil, o dom Pedro IV de Portugal. O quarto usado por ele est� preservado, inclusive com objetos pessoais.
No munic�pio de Ovar, a 43 quil�metros de Aveiro, o visitante pode conferir outra ponta essencial do que poderia ser chamado de rota da cer�mica portuguesa. Conhecida pela produ��o artesanal de p�o de l�, a cidade tem sido considerada um museu da azulejaria ao ar livre em raz�o do uso dessas pe�as nas fachadas dos pr�dios p�blicos.


Os roteiros tur�sticos mais flex�veis n�o poderiam deixar de incluir, da mesma forma, o Museu Nacional do Azulejo de Lisboa, instalado no antigo Mosteiro da Madre de Deus, fundado pela rainha dona Leonor, em 1509. � procura dessa peculiar arte portuguesa, uma boa sugest�o � estar sempre atento para apreci�-la at� nos locais mais conturbados, como as esta��es de metr�. (MV)

 

Saiba Mais

 

Azulejo vem da express�o �rabe al-zuleique, palavra que significa pequena pedra lisa e polida. 


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