
“Ningu�m me fere impunemente.” Sob o Bras�o Real de Armas da Esc�cia, aquele que um dia foi o lema do reino, anuncia-se � entrada do Castelo de Edimburgo. Ao topo do extinto vulc�o, a fortaleza, originariamente constru�da no s�culo 6º pelo rei Edu�no da Northumbria, se funde � linha do horizonte desta que, desde o s�culo 15, � a capital da Esc�cia, em 1705 integrada � Gr�-Bretanha. Aos p�s dessas muralhas milenares, a medieval Velha Cidade (Old Town) e a neocl�ssica cidade nova do s�culo 18 (New Town) misturam-se em gritante harmonia e ainda reverberam as vozes um dia propagadas por pensadores como David Hume (1711-1776), Adam Smith (1723-1790), Adam Ferguson(1723-1816) e Hector Boece (1465-1536).
Mais do que qualquer outro do Reino Unido, o Castelo de Edimburgo combateu cercos – principalmente contra os ingleses –, durante as guerras de independ�ncia, entre 1296 e 1328, em sua primeira fase e, entre 1332 e 1357, em sua segunda fase. Foram disputas violentas, que aterrorizaram, mas, igualmente, inspiraram gera��es, impregnadas pelo esp�rito de guerreiros, como William Wallace (1270-1305), que ajudaram a cunhar a identidade escocesa.
Ora sob o dom�nio escoc�s, ora sob o ingl�s ao longo dessas d�cadas, as campanhas militares se iniciaram com a morte do rei Alexandre 3º, em 1286. Sem deixar herdeiro e com a monarquia escocesa dilacerada por disputas entre nobres, foi aberto caminho para que Eduardo 1º da Inglaterra, chamado a arbitrar a disputa, submetesse o reino vizinho. Mas a vassalagem imposta n�o foi escolha aceita. Em 1296, Eduardo 1º capturou a fortaleza, recuperada em 1314 num ousado ataque noturno conduzido por Thomas Randolph, sobrinho de Robert Bruce. Em 1335, de novo foi tomado por m�os inglesas, para seis anos depois ser retomado. Foram tempos em que escoceses, sem jamais se vergar, recobraram a cada derrota, o dom�nio de seu �cone.
Entre conflitos religiosos e pol�ticos que emergiram nos s�culos seguintes da tensa rela��o entre os vizinhos, protegidos pelas muralhas do Castelo de Edimburgo, reis e rainhas nasceram e morreram. A come�ar pela rainha Margaret, casada com Malcon 2º, morta em 1090, canonizada pelo papa Inocente 4º em 1250, a quem o seu filho, David 1º, dedicou-lhe, em 1130, a capela que est� entre as edifica��es mais antigas da cidade. Tamb�m a rainha Marie de Guise, m�e de Mary Stuart, ali faleceu em 1560, antes de assistir, seis anos depois, no mesmo castelo, ao nascimento de seu neto – futuro James 6º, rei da Esc�cia, e James 1º, da Inglaterra –, unindo pessoalmente as duas coroas em 1603, que se mantiveram estados soberanos. Foi a� pavimentado o caminho que levaria ao Tratado de Uni�o, em 1707, abolindo a Uni�o das Duas Coroas e a independ�ncia entre os reinos, em favor do Reino da Gr�-Bretanha.
Para al�m das disputas entre ingleses e escoceses, a sangrenta e bem documentada hist�ria do Castelo de Edimburgo exibe o julgamento arbitr�rio e condena��o de centenas de mulheres por “bruxaria”: em 1537 foi lan�ada � fogueira Janet Douglas, Lady Glamis, acusada de atentar com magia contra o rei James 5º, durante a Primeira Guerra Mundial, foi alvo das bombas alem�s lan�adas por um Zeppelin.
Listado, ao lado da Old and New Town de Edimburgo, patrim�nio da humanidade pela Unesco, atualmente, � um dos lugares mais visitados da Esc�cia. Guarda, entre as preciosidades, o canh�o Mons Meg, constru�do na B�lgica em 1449, o “estado da arte” daquele per�odo, com alcance da explos�o de 3,2 quil�metros.
Uma imers�o no tempo, nas derrotas, vit�rias, viol�ncias e conquistas da hist�ria, � a bela jornada que relata o Castelo de Edimburgo. Uma bela viagem, que, nas palavras de David Hume, est� no esp�rito de quem a contempla. Que o diga o escoc�s William Wallace, mais do que nunca, no imagin�rio desse pa�s.
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