Valadares protesta contra falta d'água e descaso de concessionária

A crise no abastecimento de água em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, tem mobilizado moradores e provocado protestos em diferentes pontos da cidade. Com o fornecimento comprometido em bairros como Santa Paula, Jardim do Trevo e no distrito de Santo Antônio do Pontal, a população reclama da precariedade dos serviços prestados pela concessionária Águas de Valadares e da dificuldade até para realizar tarefas básicas do dia a dia.

Nos últimos dias, a insatisfação popular tomou as ruas: manifestantes chegaram a bloquear vias com pneus em chamas para chamar atenção para o problema. “Nunca tivemos tanta falta de água como agora. Pagamos caro nas contas, mas o serviço só piora”, criticou Iranetty dos Santos, presidente da Associação de Moradores do Bairro Santa Paula.

Para a população, o sentimento é de urgência. “As tubulações vivem rompendo, os caminhões pipa não chegam quando solicitados e não recebemos orientações claras. Isso precisa ser resolvido com urgência”, reforçou Iranetty dos Santos.

No cenário político, o tema também ganhou força. A Câmara Municipal aprovou um requerimento solicitando informações detalhadas sobre o contrato com a concessionária, incluindo o destino dos R$ 385 milhões pagos pela outorga, o cronograma de investimentos e a atuação dos órgãos reguladores. “Não se trata apenas de um problema isolado, mas de uma questão estrutural que precisa ser enfrentada com responsabilidade e transparência”, declarou o presidente da Casa, vereador Alê Ferraz.

O que diz a concessionária?

Em nota enviada à reportagem, a concessionária informou que, desde as primeiras notificações de desabastecimento registradas nos canais de atendimento durante o feriado prolongado, entre 18 e 21 de abril, equipes técnicas da empresa começaram a trabalhar na busca por vazamentos não visíveis — aqueles que ocorrem debaixo da terra, sem aflorar na superfície — e que poderiam estar impactando no fornecimento de água em bairros localizados em regiões mais altas e distantes da cidade.

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Segundo a empresa, quatro vazamentos foram encontrados e consertados durante a semana de 20 a 26 de abril, todos em áreas de pasto ou de difícil acesso. Durante esse período, caminhões pipa foram disponibilizados para atender as comunidades afetadas. No sábado, 26 de abril, uma força-tarefa foi montada entre representantes da concessionária e moradores para abastecer com caminhões pipa as residências localizadas nas partes mais altas dos bairros Jardim do Trevo e Santa Paula. Já nas áreas mais baixas, o abastecimento pelas tubulações foi restabelecido.

De acordo com a Águas de Valadares, desde então — até a última sexta-feira (2) — não foram mais registradas ocorrências de desabastecimento nessas localidades e o sistema de distribuição encontra-se totalmente recuperado.

No distrito de Santo Antônio do Pontal, a situação foi semelhante. Vazamentos ocultos afetaram o fornecimento e, assim que localizados, os rompimentos foram reparados, com a normalização do abastecimento ocorrendo de forma gradativa.

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A empresa atribui parte dos problemas à precariedade do sistema herdado, com redes muito antigas, longos períodos sem investimentos e um modelo totalmente interligado, com poucas áreas com abastecimento independente, o que torna o sistema vulnerável. "Com apenas um ano de operação, a Águas de Valadares afirma já estar promovendo melhorias, como a substituição de tubulações antigas — muitas de cimento amianto — e investimentos na produção e reservação de água", destaca o comunicado.

A concessionária reforça que todas as regiões que enfrentaram desabastecimento estão com o fornecimento normalizado e que segue monitorando a situação. A empresa orienta que intercorrências sejam comunicadas pelos canais de atendimento: 0800 321 3001 (ligação ou WhatsApp), pelo site aguasdevaladares.com.br ou no Águas App, disponível para Android e iOS.