Andar pelas ruas de Sabará é como folhear, a céu aberto, páginas preciosas da história mineira. Fundada ainda no fim do século XVII, a cidade abriga um dos conjuntos arquitetônicos coloniais mais autênticos do Brasil, preservado como patrimônio desde 1938. A poucos quilômetros de Belo Horizonte, Sabará guarda igrejas, casarões, becos e tradições que ajudam a contar o início da história de Minas Gerais. 

O Centro Histórico da cidade foi tombado integralmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Suas ruas estreitas, o casario alinhado, as calçadas em pedra e as construções em taipa e adobe revelam o estilo de vida e os costumes de um Brasil colonial movido pelo ouro.

A Rua Direita, hoje chamada Rua Dom Pedro II, é uma das principais vias que preservam a harmonia arquitetônica da cidade. Ali, é possível caminhar entre sobrados e casarões do século XVIII, observar janelas de madeira, varandas em ferro e detalhes que contam silenciosamente as histórias dos primeiros moradores da região.

Igrejas que revelam o barroco mineiro

Sabará também é famosa por abrigar alguns dos templos religiosos mais antigos e artísticos de Minas Gerais. A imponente Igreja de Nossa Senhora da Conceição, iniciada em 1701, impressiona pela grandiosidade e pelas talhas douradas reveladas em recentes restaurações. Já a singela Capela de Nossa Senhora do Ó surpreende por dentro: sob sua fachada discreta, guarda um interior ricamente ornamentado, considerado um dos melhores exemplos do barroco colonial do estado.

Outro destaque é a Igreja de São Francisco de Assis, cuja construção começou em 1772. Embora parte de sua decoração tenha ficado inacabada, o templo carrega pinturas no teto e imagens sacras de grande valor histórico e cultural. Além disso, abriga há mais de um século as tradicionais celebrações da Semana Santa, que atraem moradores e visitantes.

Cultura preservada

Mais do que preservar o passado, Sabará faz dele parte ativa do cotidiano. Um dos símbolos dessa ligação entre história e cultura é o Teatro Municipal, inaugurado em 1819. Considerado o segundo teatro mais antigo em funcionamento no Brasil, o espaço mantém sua estrutura de época e recebe, até hoje, peças, festivais e apresentações que dão vida ao patrimônio.

Outro ponto de parada obrigatória é o Museu do Ouro, instalado na antiga Casa de Intendência e Fundição. Lá, os visitantes conhecem de perto ferramentas de garimpo, objetos de ourivesaria e documentos que revelam os bastidores da exploração aurífera, atividade que moldou a história e o crescimento de Sabará.

Tradição e memória

Ao passear por Sabará, o visitante não encontra apenas prédios antigos: encontra uma cidade viva, que equilibra memórias, religiosidade e cultura popular. Festas tradicionais como a da Jabuticaba e o Festival de Inverno ocupam as praças e ladeiras, reforçando o sentimento de pertencimento e valorização da identidade sabarense.

Para quem busca história, arte e aquele clima de cidade mineira que parece ter parado no tempo, o município é o destino certo — um convite a desacelerar e descobrir, com calma, os encantos de um dos berços do patrimônio brasileiro.

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