Por que alguns sapos "gritam" mais forte antes da chuva
O som muda antes mesmo de o céu escurecer, curiosidade sobre o fenômeno gerou diversas explicações
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Entre o fim da tarde e o início da noite, é comum que moradores de áreas rurais e urbanas escutem sapos coaxando de forma intensa, especialmente em períodos que antecedem uma chuva. Essa percepção de que alguns sapos "gritam" mais forte antes da mudança do tempo despertou curiosidade popular e originou diversas explicações. Entre as espécies mais lembradas está o sapo-cururu (Rhinella marina), um anfíbio muito conhecido no Brasil e em outros países tropicais, cujo comportamento sonoro está ligado diretamente ao ambiente.
Por que o sapo-cururu vocaliza mais antes da chuva
A palavra-chave central aqui é sapo-cururu, espécie que utiliza a vocalização como principal forma de comunicação durante a época reprodutiva. Quando uma frente de chuva se aproxima, a umidade relativa do ar tende a subir e a temperatura costuma ficar mais amena, criando condições ideais para sua atividade.
Essas condições tornam o ambiente mais seguro para que o sapo saia de seus abrigos, evite a desidratação e se desloque até poças, brejos e margens de rios para se reproduzir. Assim, o que muitas pessoas interpretam como um "grito de chuva" é, na verdade, uma resposta fisiológica e comportamental às mudanças climáticas locais.
O que é o canto de anúncio do sapo-cururu
O "grito" mais forte observado antes da chuva é, na verdade, um canto de anúncio, essencial na comunicação entre indivíduos. O macho do sapo-cururu inflará o saco vocal e emitirá uma série de chamadas rítmicas, com objetivo de atrair fêmeas e afastar outros machos competidores.
Quanto mais favorável o clima — incluindo a chegada da chuva — maior tende a ser a atividade sonora no ambiente. Assim, os sons mais intensos e frequentes não funcionam como previsão climática feita pelos sapos, mas como resposta às condições que favorecem a reprodução e o encontro entre parceiros.
Como o ambiente influencia o canto dos sapos antes da chuva
Pesquisadores observam que o comportamento vocal de várias espécies de anuros — grupo que inclui sapos, rãs e pererecas — está diretamente ligado às condições ambientais. A proximidade da chuva costuma trazer uma combinação de fatores que estimula os machos a vocalizarem com mais intensidade.
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Esses fatores ambientais alteram a atividade diária dos animais, abrindo uma "janela" ideal para alimentação, deslocamento e acasalamento. Alguns dos principais elementos que modulam o canto são:
- Aumento da umidade: reduz o risco de desidratação e estimula a saída dos abrigos.
- Formação de poças e brejos: cria locais adequados para postura de ovos e desenvolvimento de girinos.
- Queda leve de temperatura: pode deixar alguns indivíduos mais ativos, dependendo da espécie.
- Mudança no comportamento de predadores: a chuva pode reduzir a movimentação de certos predadores terrestres.
Por que alguns sapos ‘gritam’ mais forte quando a chuva se aproxima é o tema deste vídeo do canal Mesquita, com 7,2 milhões inscritos e mais de 50 mil visualizações. O conteúdo explica a ligação entre clima, comunicação animal e sobrevivência da espécie:
@mesquitareacts Sapos cantam para conseguir namorar! ?????? #animaisnotiktok #bichos #biologia #ciência #curiosidades #agoravocesabe ? som original – Mesquita
O canto do sapo-cururu pode ser considerado previsão do tempo
A ideia de que o sapo-cururu antecipa a chuva como uma espécie de "meteorologista natural" é muito comum em relatos tradicionais. Do ponto de vista científico, porém, o animal não faz uma leitura consciente da previsão do tempo, e sim reage diretamente a estímulos físicos do ambiente.
Quando a pressão cai e a umidade sobe, o organismo do sapo encontra condições mais confortáveis para atividade externa. Nessa situação, os machos passam a vocalizar com mais intensidade, buscando parceiros reprodutivos, o que gera a impressão de que eles "sabem" que vai chover.
Quais são as principais funções do canto do sapo-cururu
O canto do sapo-cururu não está ligado apenas à chuva, mas a várias funções ecológicas essenciais. Essa vocalização é uma ferramenta de sobrevivência e de perpetuação da espécie, regulando interações sociais e reprodutivas em ambientes muitas vezes escuros e densos.
Entre as principais funções já identificadas por pesquisadores, destacam-se:
- Atração de fêmeas: o macho emite chamadas específicas para sinalizar que está apto a acasalar e indicar sua localização.
- Defesa de território: o som comunica a presença do macho em determinado espaço, desencorajando rivais.
- Reconhecimento entre espécies: cada espécie possui um padrão de canto, o que ajuda a evitar cruzamentos entre espécies diferentes.
- Organização do coro: em áreas com muitos indivíduos, os cantos podem se alternar, reduzindo interferência entre chamadas.
O que o canto do sapo-cururu revela sobre a qualidade do ambiente
A presença constante de vocalizações do sapo-cururu e de outros anuros costuma indicar que um ambiente ainda oferece áreas alagadas, abrigos e insetos em quantidade suficiente. Por isso, anfíbios são considerados importantes bioindicadores da saúde de ecossistemas aquáticos e terrestres.
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Por outro lado, a redução brusca desses sons pode sinalizar mudanças no uso do solo, como drenagem de brejos, construção de loteamentos ou uso intensivo de agrotóxicos. Quando o sapo "grita" mais forte antes da chuva, ouvimos não só um anúncio reprodutivo, mas também um retrato sonoro de um ambiente que ainda permite o ciclo de vida natural desses animais.