Ana Mendonça
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EM MINAS

Minas retoma o papel de fiadora do PSDB

A sigla que já comandou Minas tenta reconstruir musculatura a partir do único chão onde ainda tem enraizamento real: o estado que já foi seu reduto eleitoral

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Nos corredores, a avaliação é quase unânime, embora ninguém a formule em público: o PSDB está de volta ao tabuleiro, mas não por força, é por sobrevivência. A sigla que já comandou Minas tenta reconstruir musculatura a partir do único chão onde ainda tem enraizamento real: o estado que já foi o seu reduto eleitoral. E foi com esse espírito que Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB mineiro, publicou um artigo nesta sexta-feira (21/11) em que oficialmente critica Lula, mas que, nos bastidores, é lido como um recado duro para dentro e para fora do partido.

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O texto é frontal. Acusa o governo federal de rebaixar Minas a figurante no “projeto de poder do PT”, sustenta que o estado é decisivo nas eleições, mas ignorado nas escolhas institucionais. E fala em “pobreza de espírito” do Planalto no trato das grandes questões nacionais. Até aí, tucanos diriam que é só crítica programática. Mas não é. Ex-prefeitos e dirigentes admitem, em conversas reservadas, que as palavras não foram escritas apenas para atingir Lula. Foram escritas para reorganizar a casa.


Aécio Neves, que deve assumir novamente a presidência nacional do PSDB, já opera como se o partido estivesse sob seu comando. O texto de Abi-Ackel, dizem aliados, é o discurso que o ex-governador gostaria de fazer, mas não pode. Por isso exibiu, nas entrelinhas, tudo o que o grupo aecista queria gritar: que Minas ainda tem quadros experientes, tradição jurídica e densidade institucional suficiente para disputar qualquer função de destaque da República; que a federação se desequilibra quando Minas é preterida; que o país perde quando o critério é lealdade de gabinete, não vivência parlamentar; e que o PT governa por conveniência, não por competência.


Essa estratégia faz parte do movimento para reerguer o PSDB a partir de Minas. O estado segue sendo, de longe, o maior reduto tucano do país, a última praça onde o partido ainda respira com alguma dignidade municipal. Para uma sigla que já dominou prefeituras mineiras e hoje precisa provar, diariamente, que não agoniza, Minas virou quase um cilindro de oxigênio. Em conversas reservadas, dirigentes admitem que, sem o colchão mineiro, o PSDB já estaria reduzido a um partido de nota de rodapé. É por isso que a cúpula mineira assumiu para si a missão simbólica e nada modesta de “salvar o tucanato”.


E é nesse cenário que a disputa velada entre Aécio Neves e o vice-governador Mateus Simões se torna ainda mais relevante. Mateus quer construir uma frente ampla da direita em Minas, juntar PSD, partidos liberais, alas do Novo e setores conservadores para disputar 2026 com mais unidade do que o pleito de 2022 ofereceu. O problema é que a composição exigiria, inevitavelmente, sentar com Aécio. E depois de meses de trocas de farpas, acusações cruzadas e provocações públicas, a dúvida é se o vice terá disposição e coragem para isso.


Aécio ainda guarda influência e ressentimentos. Mateus tenta se consolidar como herdeiro político de Zema. O tucanato, por sua vez, enxerga no vice alguém que precisará mais deles do que eles dele. E, entre essas placas tectônicas, Minas vai assistindo a um rearranjo silencioso, no qual nenhum movimento é casual, nenhum artigo é apenas um artigo e nenhuma crítica ao governo federal é proferida sem cálculo interno.


O PSDB tenta renascer onde ainda respira. Aécio tenta voltar a controlar o tabuleiro. Abi-Ackel articula para pavimentar esse caminho. E Mateus Simões precisa decidir se, para unir a direita mineira, topa sentar à mesma mesa que passou meses criticando e ouvir o silêncio pesado que só a política mineira sabe produzir quando dois adversários fingem que não guardam mágoas.

Sobrevida

Uma parcela significativa da reconstrução tucana em Minas passa por Paulo Abi-Ackel. Graças ao esforço direto dele, o PSDB garantiu 54 prefeituras no estado, um resultado que muitos dentro do partido descrevem como estratégico, não apenas numérico. O desempenho reforça o peso de Abi-Ackel como articulador consolidado, legitima sua liderança no
PSDB-MG e o posiciona como peça essencial na tentativa de reconstrução nacional do tucanato. É ele, nos bastidores, quem segura a corda para que Minas siga sendo a âncora de um renascimento partidário que, até outro dia, parecia improvável.

Encolheu

Na época em que Aécio Neves comandava o Palácio da Liberdade, o PSDB tinha uma das bancadas mais robustas de Minas: chegava a eleger entre sete e dez deputados federais e mantinha até 12 cadeiras na Assembleia Legislativa. Hoje, o cenário é bem menos musculoso, são apenas dois federais e dois estaduais.

Casa nova

O ex-secretário de Governo de Minas Gerais Igor Eto assumiu a presidência estadual do Avante após deixar o partido Novo, consolidando convite da direção nacional para comandar a reorganização da sigla no estado, com foco na estruturação de diretórios, formação de chapas e ampliação da presença partidária. Eto também está em processo de desligamento da Secretaria de Assuntos Municipais do BDMG, onde reforçou a aproximação com prefeituras e expandiu a capilaridade institucional do banco.

Audiência

Na audiência na Câmara Municipal sobre a gestão dos imóveis da prefeitura, um breve atrito chamou a atenção quando a representante do Executivo afirmou que esperava ser convidada, e não convocada, para futuras discussões. O vereador Pablo Almeida (PL) respondeu de imediato: “Se você prometer que vai vir quando for convidada”, em referência às ausências anteriores, provocando risos discretos no plenário. O vereador, autor de pedidos de informação sobre imóveis ociosos e subutilizados, insistia por respostas mais objetivas da administração.

A Praça Sete recebe neste sábado (22), às 16h30, o “Adoração Pública Brasil”, encontro que reúne jovens cristãos em um ato de fé, evangelização e louvor. Liderado por Rafael Santour, o movimento tem promovido eventos pelo país, de Copacabana à Avenida Paulista, e defende pautas conservadoras cristãs em suas mobilizações. Em Belo Horizonte, a programação inclui pregação, música e intercessão, além de um momento dedicado a orações pelo Brasil. A participação é gratuita e aberta ao público.

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Infraestrutura

O FITS 2025, que ocorre entre 24 e 25 de novembro no Rio, terá a participação de Samuel Alves Barbi Costa (Arsae-MG), no painel sobre regulação do saneamento, e de Pedro Bruno Barros de Souza, secretário de Infraestrutura de Minas, que discutirá novas modelagens de concessões no transporte. O evento é gratuito e reúne 26 especialistas do setor.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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