Um dos livros que li nos últimos tempos foi “O barman do Ritz de Paris”, de autoria de Philippe Collin, do qual falei aqui a respeito do tratamento dado aos judeus na França durante a Segunda Guerra. Outra citação constante me chamou a atenção.

 

 


Era sobre a estilista Gabrielle Chanel – sempre sonhei ter uma roupa com sua etiqueta – e a relação dela com os alemães.

 


Costumo pensar nos tailleurs perfeitos e no estilo inconfundível de Chanel, mas nunca imaginei sua vida quando o mundo estava em guerra, no que ela fazia para lançar suas coleções. Milagre dos milagres: na época, a moda tinha livre trânsito.

 

 


O autor foi convidado para assistir ao desfile de uma coleção de Lucien Lelong, que era auxiliado por Christian Dior e Pierre Balmain. Um alemão pede-lhe que guarde os nomes de quem vai desfilar, não para ele, mas para sua mulher. “Na terceira dose, oferta da casa, o coronel revela as manobras de Gabrielle Chanel para obter a propriedade exclusiva dos perfumes Chanel. Escreveu uma carta para Xavier Vallat, comissário-geral das questões judaicas, pedindo que ele conseguisse uma reunião para ela, por meio de seu amante, o barão von Dincklage”, revela o escritor.

 

A estilista se considerava espoliada pelos sócios. os irmãos judeus Werheimer, exilados nos Estados Unidos, que continuavam detendo 90% da empresa criada nos anos 1920.

 

 

O estilo Chanel atravessou guerras e looks, sempre em alta. Quando a minissaia se transforma em tendência mundial, o tailleur Chanel passa a ser usado só por mulheres de estilo definido, principalmente por causa do preço.

 

Era o “uniforme” de primeiras-damas quando acompanhavam os maridos em viagens oficiais, pois carregava o chique necessário, sem parecer exibicionismo.

 

 

A primeira-dama americana Jacqueline Kennedy usava um tailleur Chanel quando o marido foi assassinado. Continuou com ele quando o cadáver do presidente foi levado de avião para Washington.

 

 

Depois, a viúva Jacqueline se casou com Onassis, e Chanel continuou sendo uma de suas toaletes para se apresentar em acontecimentos. Curiosamente, as primeiras-damas brasileiras não fazem do tailleur sua toalete preferida. Vestem-se de modo mais informal, por causa do clima.

 

Se o tailleur não é roupa da maioria, uma tendência feminina leva o nome da estilista em todas as frentes de moda do mundo: o corte de cabelo Chanel. Na altura do ombro, mais liso, sem anelados e sem arrebiques. Contornando o rosto, que fica livre e bem mais elegante.

 

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