
A vida é feita de eternas despedidas e vários recomeços
Mas tudo pelo que passamos faz de nós o que somos hoje. Nos amadurece, nos molda, é como se cada experiência, boa ou ruim, os erros e os acertos, fosse passada
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Outro dia, recebi de uma amiga um lindo texto que, com certeza, ela viu em um reels do Instagram. Não consegui achá-lo para colocar aqui os créditos devidos, mas acredito que ele tenha sido baseado na conhecida frase “a vida é uma longa despedida de tudo aquilo que a gente ama”, atribuída ao poeta e dramaturgo francês Victor Hugo, porém não é encontrada em nenhuma de suas obras. Pelo visto, deve ser mais um dos equívocos da internet que se popularizou, mesmo assim não tira o mérito da beleza e da verdade da fala.
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A vida é sim uma despedida, mas é também o começo de tudo. Quando nascemos, começamos a conhecer tudo, e a “carregar” nossa mente de tudo o que vemos e ouvimos, criando assim o nosso infinito – ou quase – arquivo de memórias. Todas as nossas experiências são registradas ali. Aprendemos com elas e, sempre que necessário, elas vêm à tona para evitar que cometamos os mesmos erros.
Desde que nascemos, aprendemos a sentir com o tato e com o olfato, e a ver as cores, formas e expressões com a visão. Aprendemos a reconhecer quem está feliz, alegre, triste ou com raiva. Aprendemos que se colocarmos o dedo em uma tomada levaremos um choque e, mesmo criancinhas, depois do primeiro, nunca mais nos aproximamos daqueles dois (agora, três) buraquinhos na parede.
Voltando ao reels. A mulher fala da vida como despedida. Ela diz que nos despedimos do berço, do colo da mãe, do bico, dos brinquedos. Depois nos despedimos da primeira professora, que a gente amava, e no ano seguinte não está mais lá. Despedimos do melhor amigo, que muda de sala. Depois, ela fala da adolescência, da mudança do corpo, da despedida de pessoas que achávamos que durariam para sempre. De amores e amizades que mudam e se vão. E ela vai citando a sequência de despedidas de uma forma muito linda.
Enquanto eu ouvia tudo aquilo, o que vinha à minha mente não eram as despedidas, mas a riqueza dos bons momentos vividos. Era ver que tenho amigas que convivem comigo há décadas. Uma delas desde que nascemos. Outras foram minhas colegas no Izabela Hendrix e convivemos até hoje. Sem contar as amizades que fiz na Igreja Batista Central, ainda na adolescência, e que continuam presentes na minha vida.
Foram muitas as despedidas. Meus avós, meus tios, meus pais. Alguns primos, alguns amigos. Essa é a vida. Uma dicotomia, com muitas despedidas e muitos aprendizados. Mas tudo pelo que passamos faz de nós o que somos hoje. Nos amadurece, nos molda, é como se cada experiência, boa ou ruim, os erros e os acertos, fosse passada pela forja. E saímos com marcas, as marcas que a vida deixa em nós. Marcas de tudo pelo qual passamos. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.