
Por que Zema prefere Tarcísio fora da disputa ao Planalto?
Zema poderá dar o indulto a Jair Bolsonaro que tanto deseja. Um indulto a um condenado por tentativa de golpe
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Ao governador Romeu Zema (Novo) interessa que Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo – preferido do Centrão e establishment financeiro e econômico para concorrer ao Planalto –, não seja candidato à Presidência da República. Diante da improvável hipótese de que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) passe o bastão a uma nova liderança fora de seu clã familiar, esse nome seria Tarcísio se e somente se a posição de vice da chapa fosse dada a um de seus filhos.
Com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fora do Brasil, sob risco de perder o mandato e de ser condenado por obstrução de justiça, o mais provável é que, em tal cenário, a indicação recaísse sobre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Jair Bolsonaro já deu mostras que não quer dar poder à mulher, Michelle Bolsonaro. Para ela, tem outros planos: o Senado Federal pelo Distrito Federal, desde que se mantenha, “na linha”, algo como um pescoço que obedece ao comando da cabeça.
Pelos cenários que se prospecta, Tarcísio candidato ao Planalto não seria prenúncio de espaço para Romeu Zema em eventual chapa: se a indicação não fosse de Bolsonaro, sairia da articulação do Centrão do senador Ciro Nogueira (PP-PI), quem mais trabalha para construir uma chapa à sombra do bolsonarismo sem o sobrenome Bolsonaro.
Amarrado pelo momento por certo “dever de lealdade” a Jair Bolsonaro – e também por temor de se tornar alvo das milícias digitais eduardianas –, Tarcísio de Freitas, pelo momento, recua. E anunciou a sua posição após visita ao ex-presidente, em prisão domiciliar, nesta segunda-feira. Zema dá força: “Tarcísio tem deixado claro que ele é candidato à reeleição e eu concordo. Deixar de lado uma reeleição garantida para tentar algo incerto e ainda deixar São Paulo aberto a um eventual candidato de esquerda não é algo que deva se arriscar, na minha opinião”. Mas política é dinâmica: o que é hoje não será amanhã.
Uma vez em Brasília nesta segunda-feira, em data e hora da posse de Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o governador de São Paulo aproveitou a oportunidade para mais um aceno ao bolsonarismo radical: preferiu não comparecer. Com tais gestos, as atenções do establishment se deslocam ao governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), o segundo na lista das preferências no campo de oposição a Lula. Uma construção com Ratinho, em relativa independência do bolsonarismo – já que, fora de sua família, Bolsonaro não deixará ninguém emergir em concorrência futura –, Romeu Zema teria mais chance de articular uma chapa em que fosse o candidato a vice.
No Paraná, o vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins, que deixou o PL e se recém-filiou ao Novo, seria um dos nomes considerados por Ratinho para a sua sucessão. Está também na briga paranaense pela indicação o secretário das Cidades, Guto Silva (PSD), e o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi (PSD). De qualquer forma, há aí, para Zema, uma possibilidade. No campo de governadores que orbitam o bolsonarismo, há ainda o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Em cenário que se prospecta a direita dividida no primeiro turno, talvez uma composição como vice seja a menos interessante para Zema.
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Em qualquer desses cenários de hipotéticas composições, tais chapas enfrentarão, além da concorrência entre si, a disputa contra o nome da família Bolsonaro, que, segundo simulações em “surveys”, tem potencial para inviabilizar a presença no segundo turno das candidaturas dos governadores bolsonaristas.
É nesse contexto do momento que, a Zema, resta lutar para eleger o seu sucessor e manter acesa a chama de sua pré-candidatura ao Planalto, uma vez que, como sustentam os seus interlocutores próximos, ele não tem apreço pelo Senado Federal. É nesse momento em que ele vai seguir lembrando que o raio poderá cair pela segunda vez no mesmo lugar. Só assim Zema poderá dar indulto a Jair Bolsonaro que tanto deseja e promete. Um indulto a um condenado por tentativa de golpe. Tivesse sido bem-sucedido, Zema candidato em 2026 ao Planalto muito provavelmente não haveria.
Pente fino
A Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa vai receber nesta sexta-feira representantes da Secretaria de Estado da Fazenda, do Planejamento e de Governo para junto com o relator, deputado estadual Rodrigo Lopes (União), retirar todos os imóveis sem documentação da lista de 343 imóveis apresentadas pelo governo Zema para a federalização, no âmbito da adesão de Minas ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). A informação é do líder do governo, João Magalhães (MDB).
Emater
O prédio da Emater, além de um terreno próximo ao Colégio Estadual, é um dos poucos em que o governo federal tem interesse. Ambos seriam destinados à instalação do Tribunal Regional Federal (TRF-6). Se a operação se concretizar, a Emater será transferida para a Cidade Administrativa. De toda a lista, uma coisa é certa: o interesse é exceção, não a regra. Dificilmente o governo Zema vai reunir R$ 2 bilhões estimados no saldão de imóveis, que inclui desde a Cidade Administrativa à fazenda da Funed para a produção de plasma contra animais peçonhentos.
Ainda não, mas vai
O presidente estadual do PSD, deputado estadual Cássio Soares, reitera que, diferentemente das informações que têm circulado, o vice-governador Mateus Simões (Novo) ainda não se filiou ao PSD. “Política é um processo de entendimento, conversas, diálogo constante até o momento maduro. O PSD nacional não vai caminhar no primeiro turno com a candidatura de Lula (PT). Por causa disso, em Minas o partido vai caminhar com uma candidatura que não esteja no campo do Lula. E essa candidatura é do Mateus Simões”, declara.
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Ronda
O presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM) e prefeito de Patos de Minas, Luís Eduardo Falcão (sem partido), está percorrendo as macrorregiões de Minas, levantando demandas estruturais, ouvindo vereadores, prefeitos e a população. Começou pela macrorregião Centro-Oeste. A próxima será a Centro-Sul. O propósito é contribuir com um plano de desenvolvimento para Minas Gerais. Embora em eventos municipalistas Falcão venha sendo apontado por vereadores e prefeitos como alternativa para concorrer ao governo de Minas. Ele nega que este seja o seu foco no momento. “O estado tem problemas seríssimos. Antes de falar em eleição, temos de resolver a dívida com a União, as questões salariais dos servidores públicos. Só na minha região, mais de cem pessoas esperando na fila uma cirurgia de urgência”, afirma.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.