A IA e a possível revolução na restauração ecológica
Aplicar inteligência artificial na restauração de florestas pode acelerar ganhos ambientais, gerar empregos e reduzir custos
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO
A restauração ecológica é vista como uma das estratégias mais eficazes para enfrentar a crise ambiental global. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cada hectare recuperado pode gerar cerca de US$ 25.714 em serviços ecossistêmicos e remover até 93,7 toneladas de gases de efeito estufa da atmosfera. Já registros do Instituto Internacional de Sustentabilidade (IIS) e da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos indicam que a recuperação de um hectare cria, em média, 0,2 emprego.
Agora, imagine esses valores aplicados ao compromisso de restauração assumido pelos países na COP15 de Biodiversidade, em Montreal (2022): 1 bilhão de hectares em escala global e 12 milhões apenas no Brasil. Isso equivaleria a cerca de US$ 25,7 trilhões em serviços ambientais no mundo e US$ 308,5 bilhões no Brasil, além da remoção de 93,7 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa globalmente e 1,1 bilhão em território brasileiro. O esforço poderia ainda gerar aproximadamente 200 milhões de empregos no planeta, sendo 2,4 milhões deles no Brasil.
Leia Mais
Mas, se a ação é tão benéfica, por que os investimentos nela continuam pífios? Há duas razões principais. Por um lado, a restauração oferece benefícios de longo prazo, enquanto o mercado financeiro busca retornos imediatos. Por outro, o risco é elevado: muitas iniciativas carecem de dados confiáveis que comprovem seu impacto, o que pode resultar em nenhum retorno real. É justamente nesse ponto que um novo modelo de inteligência artificial pode fazer a diferença.
O DINOv3 foi desenvolvido pela Meta em parceria com o World Resources Institute (WRI). Ele utiliza grandes conjuntos de imagens de satélite de alta resolução, não rotuladas, para aprender a identificar árvores de forma autônoma, reduzindo a dependência de dados anotados e oferecendo uma solução escalável para o monitoramento ambiental. Assim, em vez de depender de longas coletas de dados em campo, as organizações podem contar árvores com rapidez e alta precisão, usando imagens de diferentes origens — de satélites a drones ou smartphones.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Embora a tecnologia não resolva todos os desafios da restauração ecológica, ela pode ser uma aliada poderosa em diversas frentes. As técnicas tradicionais de plantio de árvores, por exemplo, costumam custar mais de US$1.500 por hectare e ainda apresentam baixa taxa de sucesso em regiões semiáridas. Diante desse cenário, a tecnologia abre espaço para métodos mais eficientes e acessíveis, como a regeneração natural assistida, favorecendo práticas de baixo custo, maior resiliência ecológica e engajamento comunitário.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.