Carlos Starling
Carlos Starling
SAÚDE EM EVIDÊNCIA

Tretas da vida

"Que maravilha de serenata, cara! É a primeira vez que ganho uma!"

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Certa vez, arranquei a cabeça do dedão do pé. Chutei o chão descalço . A tentativa de encobrir o goleiro me custou metade daquele que um dia soube que se chamava “hálux”.

Durante semanas, essa foi a treta que atormentou minha vida. Até hoje quando calço sapatos de bico fino, me vem à memória aquele chute mal dado.

Passou a dor, ficou a sequela.

No princípio da adolescência, me apaixonei por uma moça linda e serelepe. Olhos de jabuticaba e puxadinhos! Lindos.

Deu certo! Quase certo! A convite da candidata a sogra, fui passar uns dias na casa dela em Bambuí! Fiquei confortavelmente alocado no quarto da moça. Ela, obviamente, foi dormir no quarto das irmãs.

 

Naquela época, vigorava a dura lei do “comeu, casou”.

Na primeira noite, após uma sessão quente de namoro, quando ainda pegava no sono, uma música do outro lado da janela me acordou! Uma serenata do ex dela!

Para mim?! Não, para ela, claro! O pior é que o cara tocava e cantava bem. Tava bonito!

Quando ele cantou, ‘abre a janela meu amor’, eu não resisti! Pisquei a luz! Ele empolgou e cantou mais afinado ainda. Foi quando eu abri a janela. Que maravilha de serenata, cara! É a primeira vez que ganho uma! Desse jeito eu me apaixono!! Pude perceber a decepção dele e a gargalhada dos amigos que bateram em retirada.

O meu namoro com a moça terminou por ali! Acho que ela percebeu que tinha gente mais apaixonada do que eu. Eu também! No dia seguinte, passei a mão na minha mochila e fui para a estrada pegar carona e voltar para Ibiá. A estrada cura tudo, até amor mal resolvido.

Tretas da vida! Vida sem tretas não é vida.

Hoje, após vários anos, escrevo esse texto durante um voo turbulento entre São Paulo e BH. Turbulência de céu claro. Balança, mas não cai! Espero.

Após vários anos, muitas tretas, amores perdidos e achados, ainda não descobri os atalhos dessa estrada. Continuo pegando carona na vida que passa a jato e que o tempo nos presenteia.

O dedão continua doendo com sapatos finos. A moça de olhos puxadinhos, eu nunca mais encontrei. Mas não me esqueço daquela serenata.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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