O futebol brasileiro avança aos solavancos, como deixam claros os últimos acontecimentos. A expectativa de que o VAR promoveria a melhora da nossa arbitragem, diminuindo erros, não se confirmou. Tampouco conseguimos implementar a nossa liga, pois os dirigentes não se entendem, mesmo após assinarem acordos e darem suas palavras. E o calendário seguirá exigindo demais dos nossos maiores clubes e deixando muitos dos menores sem atividades boa parte do ano, apesar das mudanças anunciadas pela CBF.

No caso da arbitragem, acho que todos têm de se unir em busca de uma solução, inclusive os próprios árbitros, que têm de ter voz ativa. São muitos erros seguidos, alguns difíceis de acreditar, como o pênalti não marcado do palmeirense Allan no são-paulino Tapia, no clássico do último domingo (5/10), no Morumbi, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Já em Bragança Paulista (SP), no sábado (4/10), o pênalti marcado contra o Grêmio diante do Bragantino é que chamou atenção. No lance, o lateral-esquerdo Marlon, emprestado pelo Cruzeiro ao Tricolor Imortal, recolhe o braço, evitando dar razão à marcação de infração, mas Lucas Casagrande não teve dúvidas de apontar a marca da cal, revoltando os gremistas, que também reclama da expulsão do zagueiro Kannemann no fim do primeiro tempo, em lance disputado dentro da área adversária.

“A Confederação não dá suporte nenhum para os árbitros, não tem credibilidade com os próprios clubes. Não adianta a gente fazer palestra com os árbitros, porque chega no jogo e a decisão é outra. Estou reclamando pelo meu time, mas eu falo pelos outros times que são prejudicados também”, disse Marlon, bastante revoltado, após a derrota.

Ele tem razão quando diz que não há apoio aos árbitros. Claro que pode haver um ou outro com interesse escuso, mas não a ponto de cometerem tantos erros. Por isso, deve partir deles próprios a iniciativa de promover um debate sobre padronização de interpretações, regras mais claras sobre a participação do VAR e, principalmente, a profissionalização da categoria, que tem dificuldades de acompanhar jogos cada vez mais intensos e disputados.

Os clubes também deveriam se mobilizar em busca de soluções, cobrando da CBF maior apoio à arbitragem. Afinal, é o produto que eles vendem que acaba ficando com má fama junto aos consumidores, no caso os torcedores, toda vez que há um erro crasso.

O problema é que união não é o forte de nossos dirigentes, como mostra a criação da liga nacional, que já começa errada quando os clubes se dividem em dois grupos, a LFF e a Libra. E ainda mais quando um dos clubes resolve recorrer à Justiça por ter interpretação diferente dos demais do contrato que todos assinaram, como fez o Flamengo.

O rubro-negro pode até se achar no direito de receber mais que seus pares, pelo tamanho da torcida ou outro argumento que achar justo, mas não depois de fechar e assinar o acordo. Como muito bem disse a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, ninguém joga sozinho.

E isso vale quando analisamos as mudanças no calendário do nosso futebol anunciadas na semana passada pela CBF. Elas foram aprovadas por muitos, mas também mereceram críticas de outros tantos, o que é natural.

É muito difícil agradar a todos em um país tão diverso como o Brasil, onde deve-se atender os interesses dos grandes clubes, mas sem abandonar os menores. Afinal, estes merecem atenção, pois fazem parte da engrenagem esportiva, geram muitos empregos e têm papel social importante.


Expectativa grande

Atleticanos e cruzeirenses já respiram o clássico da próxima quarta-feira (15/10), na Arena MRV, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Galo deu um bico na má fase com a boa vitória sobre o lanterna Sport, na noite de ontem, em seus domínios, e renova as esperanças dos torcedores para encarar o maior rival. Já os cruzeirenses querem voltar a vencer depois de uma derrota e dois empates, sendo um deles justamente contra o praticamente rebaixado Sport, no Mineirão.

Apesar dos problemas que os tradicionais rivais atravessam, a expectativa é de um grande jogo.

 

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