Fim da temporada entre heróis e vilões
Nem quem ganha é o melhor time do mundo, nem o derrotado deve se tornar terra arrasada. Ajustes são sempre necessários
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Com a temporada 2025 chegando ao fim, começam a surgir heróis e vilões do nosso futebol. Os critérios de muitos torcedores – e de alguns analistas – nem sempre são os mais justos, para o bem e para o mal.
Um exemplo claro é o atacante Biel, eleito por grande parte dos atleticanos como o principal responsável pela derrota na decisão da Copa Sul-Americana, diante do Lanús-ARG. É verdade que ele desperdiçou duas boas oportunidades durante a prorrogação no Defensores del Chaco, em Assunção, no Paraguai, além de ter parado no goleiro Losada na disputa de pênaltis, mas considero exagerado colocar a perda do título na conta do camisa 77.
Primeiro porque outros atletas também falharam, como Hulk, que “matou” ao menos três bons contra-ataques alvinegros ao segurar a bola em demasia até ser desarmado por adversários. O super herói atleticano também não conseguiu converter sua cobrança de pênalti.
O próprio técnico Jorge Sampaoli, no meu modo de ver, errou ao escalar o Galo em um 4-2-4, sem ninguém na armação no meio-campo. Poderia, por exemplo, ter entrado com Gustavo Scarpa e preservado Hulk para o segundo tempo, quando os adversários já estariam mais desgastados. Isso funcionou em vários outros jogos sob o comando do argentino nos últimos meses.
E também é preciso lembrar a alguns que existia uma equipe do outro lado. O Lanús-ARG é muito pior tecnicamente que o Atlético, mas superou as próprias limitações com muita obediência tática, atingindo o objetivo de não sofrer gols e levar a definição do título para a disputa de pênaltis.
Claro que todos os alvinegros estão bastante machucados com a perda de um título que parecia certo e cuja conquista seria muito importante para o futuro do clube. Mas, mais do que lamentar, a diretoria e a comissão técnica do Galo devem tirar lições do ocorrido em toda a temporada, inclusive na decisão da Sul-Americana, para planejar 2026.
Respeito opiniões diferentes, só gostaria de gerar esta reflexão não só nos atleticanos, mas em todos os torcedores. Afinal, neste sábado (29/11), teremos Flamengo x Palmeiras valendo o título da Copa Libertadores e quem perder certamente terá de conviver com críticas, muitas delas injustas e/ou exageradas.
Nem quem ganha é o melhor time do mundo, nem o derrotado deve se tornar terra arrasada. Ajustes são sempre necessários e naturais, ainda mais em um futebol cada vez mais competitivo.
O mesmo valerá para as equipes que estão nas semifinais da Copa do Brasil. Corinthians, Cruzeiro, Fluminense e Vasco lutam para terminar o ano da melhor maneira possível, mas só um deles vai comemorar. Os demais terão de lamber as próprias feridas para tentar voltar mais fortes no ano que vem, sem fazer caça às bruxas, como certamente desejarão os mais apressados.
Com o esporte mais popular do mundo cada vez mais caro e a maioria dos clubes nacionais endividados, fica óbvio que o planejamento é o melhor caminho para obter sucesso, tanto administrativo quanto esportivo. Contratar apenas para dar satisfação à torcida, por outro lado, normalmente pavimenta o caminho para a frustração.
Reta final eletrizante
No Campeonato Brasileiro, chegamos às últimas rodadas com três times com chances de título. Claro que o líder Flamengo está com a faca e o queijo nas mãos, principalmente depois que o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, tirou sua própria equipe da disputa.
O Cruzeiro, por sua vez, corre por fora, pois depende de tropeços da equipe carioca e de obter 100% de aproveitamento nos três jogos que lhe restam para levantar a taça. Não é fácil, mas enquanto houver chance matemática, há esperança.
Seria uma conquista incrível para os cruzeirenses, que, sabedores das dificuldades, preferem se concentrar na Copa do Brasil. Ainda mais depois da vitória acachapante do último domingo em cima do Corinthians, oponente na briga por vaga na decisão do torneio mata-mata.
Que a China Azul e a própria equipe não esperem facilidades nos dois jogos que estão por vir contra o Timão. Os paulistas certamente estarão mais atentos, além de contarem com a qualidade Memphis Depay, o que não ocorreu no último confronto.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
