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Dinheiro dos pais: como cuidar das finanças de quem não consegue mais

O que acontece quando os pais envelhecem e os filhos precisam assumir o controle das finanças familiares?

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Por Isabel Gonçalves

Tudo estava indo bem na família do Mateus, até o dia que cortaram a luz na casa da mãe dele. O motivo? Contas atrasadas. A dona Valéria havia esquecido de pagar mesmo tendo o dinheiro no banco. E pouco tempo depois, veio o diagnóstico de Alzheimer. 

Agora com as senhas do banco e acesso aos investimentos da mãe, Mateus precisa lidar com um patrimônio que ele não construiu. Parece improvável e a gente pode até achar que nunca vai acontecer com a gente. Mas se chegar o dia que você tiver que cuidar do dinheiro dos seus pais, já sabe o que vai fazer? 

Quando os pais deixam de conseguir cuidar do próprio dinheiro

Nosso cérebro também envelhece junto com o corpo, é normal. Assim como fica mais difícil levantar da cadeira sem sentir a coluna ou o joelho, a gente fica com mais dificuldade na hora de fazer contas e lembrar a senha do cartão. 

A velhice afeta locais importantes do cérebro que lidam com a memória, atenção e até a capacidade de tomar decisões, habilidades mais do que necessárias na hora de cuidar do nosso tão suado dinheiro. Por isso, fica mais fácil cometer erros simples como esquecer de pagar as contas, fazer compras duplicadas ou até mesmo cair em golpes, que estão por todos os lados, com alvo certeiro nos mais velhos.

Como identificar os primeiros sinais de que algo está errado

É preciso observar com atenção os hábitos financeiros dos pais para conseguir identificar se tem alguma coisa errada. Esquecer de pagar contas, dificuldade em contar notas ou movimentações financeiras incoerentes são sinais comuns que podem indicar a perda da capacidade de gerir o próprio dinheiro.

Para se ter uma noção, uma pesquisa feita com os clientes do Medicare, seguro de saúde dos EUA, revelou que os idosos perdem até 50% das economias antes de um diagnóstico de demência. E tudo começa com esses pequenos deslizes. 

Quem deve assumir o controle das finanças da família?

Normalmente essa responsabilidade vai cair no filho ou filha que tiver um contato mais próximo. Quem mora mais perto, tem mais tempo livre ou já ajuda levando no médico ou fazendo as compras do mês. Se você é filho único aí é com você mesmo, não dá pra fugir. 

Mas o importante é ter em mente que esse tipo de relação precisa de confiança, organização, colaboração e principalmente, consentimento dos pais sempre que for possível. Forçar assumir o controle da grana só vai gerar desconfiança. 

O que diz a lei?

Pode até parecer que não, mas oferecer amparo aos pais na velhice é lei. Pois é, o artigo 229 da Constituição Federal garante que é dever dos filhos ajudar os pais na velhice, carência ou enfermidades.

Além disso, você pode se tornar representante legal dos seus pais dependendo do grau de autonomia. Isso quer dizer que, se seus pais ainda conseguem, eles podem autorizar você a agir em nome deles por meio de uma procuração, mas se eles já não têm mais autonomia (por exemplo, por demência ou outra condição médica grave), pode ser necessário um processo judicial para que você seja nomeado curador. Não é só pegar as senhas do banco e resolver tudo por conta própria.

Planejamento financeiro é a chave de tudo

Em muitos casos, quando os filhos percebem que os pais não estão mais dando conta das finanças, a situação já está embolada: descontos indevidos na pensão ou na aposentadoria do INSS que eles não conseguem explicar ou questionar e aí depois vêm as contas atrasadas, extratos bagunçados, cartões vencidos e, no fim, ninguém sabe exatamente o que a pessoa tem (ou deve).

Por isso, o primeiro passo é fazer um mapeamento completo da situação financeira. Isso inclui:

  • Todas as contas bancárias

  • Aplicativos e plataformas de investimento;

  • Dívidas e parcelamentos em aberto;

  • Bens no nome da pessoa: se tem casa, carro, lote, etc;

  • Benefícios recebidos: aposentadoria, pensão, aluguel ou outros.

Para não ter que ficar procurando igual doido, o Banco Central disponibiliza o Registrato, um sistema em que as pessoas podem acessar seu histórico financeiro pela internet. Ah, e vale a pena procurar também com quem faz a declaração do Imposto de Renda dos seus pais. Se é você quem declara para eles, já tem uma boa parte do caminho andado. 

Depois disso, é importante manter os registros organizados e deixar tudo documentado. Um orçamento familiar com uma planilha de gastos pode te ajudar nessas horas. 

Cuide dos investimentos e evite golpes

Se seus pais já têm investimentos, faça uma revisão. Os rendimentos são suficientes? Esse dinheiro poderia estar investido em um lugar melhor? É comum os mais velhos investirem em opções mais cômodas como a poupança, que é uma aplicação pouco rentável.  

Um planejamento financeiro bem feito ajuda a visualizar toda a situação. Quanto é a renda e quais são os gastos fixos e variáveis necessários para manter o padrão de vida dos seus pais? 

Uma outra função importante de quem está tomando o controle é blindar os pais de possíveis fraudes. Golpistas exploram a fragilidade da idade com ofertas, empréstimos ou investimentos falsos. Por isso, sempre desconfie dessas ocasiões, oriente seus pais a não clicar em links suspeitos e acertar ofertas milagrosas de dinheiro e proteger suas informações pessoais.

Uma boa opção é centralizar todas as movimentações em um ou dois bancos. Evitar muitos aplicativos complexos com mil e uma autenticações de segurança vai simplificar a sua vida e a deles. Porque não voltar ao analógico e deixar seus pais irem à agência resolver as coisas?  

Conclusão: cuidar de quem cuidou de você 

Falar de dinheiro nunca é fácil, principalmente em situações que envolvem a perda da autonomia financeira, que simboliza um marco da perda de independência. Mas no fundo, cuidar do dinheiro dos pais é uma continuação do cuidado que eles ofereceram durante a vida.

É como assumir o controle de um caminhão que já está em alta velocidade há muito tempo. Para desandar tudo é fácil, por isso, educação financeira é importante nessas horas. Se você mesmo não se considera educado financeiramente, está na hora de ir atrás. Se cuidar das suas próprias finanças já é difícil, imagina assumir mais uma.

Vale conversar antes que os problemas apareçam, organizar documentos e contas em um só lugar, formalizar o acesso com uma procuração, enquanto seus pais ainda têm autonomia, porque depois pode ser necessária a intervenção de um juiz para avaliar e decretar incapacidade. Ah e não deixe de manter a transparência com a família. Afinal, amor também se expressa em boletos pagos em dia.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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