Educando Seu Bolso
Educando Seu Bolso
Dicas de especialistas e informações sobre finanças pessoais, investimentos e economia para ajudar você a gerir melhor seu dinheiro.

Plano de saúde virou luxo: entenda por que o preço não para de subir

Os reajustes dispararam, o orçamento encolheu e o plano virou um privilégio. Veja por que manter convênio médico está mais difícil que curar uma gripe.

Publicidade

Mais lidas

Por Alexia Diniz

A vida toda minha mãe pagou nosso plano de saúde com muito esforço. Era aquele tipo de convênio que parecia parte da família, acompanhando a gente em tudo, dos exames de rotina aos imprevistos mais sérios. Em 2019, a mensalidade era de R$800. Já pesava, claro, mas ainda dava para administrar. 

Só que a cada ano o valor aumentava, e sempre mais do que qualquer outro gasto da casa. Em cinco anos, o plano passou para R$1.400. A gente fazia mil contas, cortava onde dava, mas não teve jeito. Minha mãe sentou comigo e falou que não dava mais, tivemos que cancelar. 

Mudamos para outro mais em conta, mas com coparticipação. Agora, pagamos menos por mês, mas cada consulta ou exame custa um extra. Não é o cenário ideal, mas é o que conseguimos manter sem comprometer o resto da vida, isso já aconteceu com você?

Quanto custa manter um plano de saúde? 

Se você tem a sensação de que o plano de saúde virou um segundo aluguel, não está exagerando. Os custos dos planos de saúde explodiram nos últimos 10 anos, e a conta foi direto pro seu orçamento. Entre 2015 e 2025, os reajustes chegaram a +383% nos planos coletivos, enquanto os individuais acumularam +146%. A inflação oficial no mesmo período ficou em "só" 84%. Isso significa que a inflação médica corre em outra pista. 

Ou seja, os planos de saúde, estão deixando para trás salários, empregos e até o SUS em alguns lugares. O problema vai além dos números: ele bate na porta de casa, desequilibra o orçamento familiar e pressiona especialmente quem tem filhos, idosos na família ou alguma condição de saúde crônica. A realidade é que cuidar da saúde ficou muito mais caro do que adoecer.

Quanto custa um plano de saúde hoje? 

Os valores médios mensais variam conforme idade, cidade, operadora e tipo de cobertura. Para menores de 18 anos, planos individuais ficam entre R$230 e R$500, e coletivos entre R$150 e R$400. 

De 19 a 59 anos, os valores individuais ficam entre R$400 e R$950, e os coletivos entre R$300 e R$800. Para quem tem mais de 59 anos, prepare o bolso: individuais ultrapassam R$1.000 com facilidade. E ainda há outros fatores que pesam no bolso: coparticipação, reajuste por faixa etária e os aumentos anuais. Em 2025, os planos individuais têm teto de 6,06% de reajuste, enquanto os coletivos têm previsão de reajuste médio de 16,12%, segundo os dados do BTG Pactual e Itaú BBA. O que parece acessível hoje pode virar uma bola de neve amanhã.

Por que os custos dos planos de saúde sobem tanto?

O envelhecimento da população brasileira é um fator importante, já que pessoas mais velhas tendem a usar mais o plano. Além disso, o avanço da tecnologia médica, embora positivo do ponto de vista do tratamento, traz novos custos para as operadoras. 

Além disso tem o uso excessivo e, muitas vezes, desnecessário de consultas e exames, que elevam os custos para todos. Na prática, o consumidor fica refém de um sistema que cobra caro e entrega cada vez menos, uma vez que os médicos preferem fazer uma consulta online, do que realmente avaliar o paciente.

E nas empresas, tá melhor? Nem tanto.

Em 2015, o plano de saúde representava 11,5% da folha de pagamento das empresas. Em 2025, esse número chegou a 15,8%. Isso quer dizer que o benefício, que antes era considerado atrativo, agora pesa como um custo significativo. Como reflexo, mais da metade das empresas já cobra parte do valor do plano dos funcionários. 

O que era benefício virou obrigação dividida. Ou seja, o problema foi apenas repassado do CNPJ para o CPF. Essa transferência de custos tem gerado insatisfação entre colaboradores e, muitas vezes, conflitos internos. Afinal, quem aceita arcar com um plano que encarece ano a ano e nem sempre oferece a cobertura prometida?

"Plano de saúde" virou piada?

Em 2022, mais de 1,5 milhão de novos contratos foram assinados. Em 2024, esse número caiu para 400 mil. É o freio de mão puxado por milhões de brasileiros que viram o plano de saúde virar item de luxo. Isso criou um efeito dominó cruel: menos gente pagando significa que os custos se concentram entre os que ainda continuam no sistema.

Isso leva a reajustes cada vez maiores, o que empurra ainda mais pessoas para fora do sistema. Resultado: ou você paga caro, ou fica sem. E quem fica sem, volta a depender de um sistema público sobrecarregado, o que fecha o ciclo da crise da saúde, tanto a física quanto a financeira.

Como encontrar o plano de saúde mais barato (e menos injusto)?

A primeira dica é básica: compare. Você pode comparar os planos pelo site da própria ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Em segundo lugar, considere os planos com coparticipação, que costumam ter mensalidades mais baratas. Eles valem a pena especialmente para quem usa pouco o plano. 

Outra estratégia é buscar operadoras locais ou regionais, que tendem a ser mais baratas que as grandes marcas nacionais. Será que você realmente precisa de cobertura nacional ou um plano regional já resolve? Em tempos de orçamentos apertados, é fundamental entender o que você precisa de verdade e o que está pagando a mais só por marketing.

Qual o plano de saúde mais barato?

Os mais baratos, em geral, são os que têm cobertura regional, exigem coparticipação e oferecem uma rede de atendimento mais restrita. Então, aquele plano que só existe na sua cidade e atende apenas 3 ou 4 clínicas, são os mais baratos. Mas atenção: o barato pode sair caro se a cobertura não atender às suas necessidades básicas.

Quais são os 3 melhores planos de saúde?

Unimed, Bradesco Saúde e SulAmérica costumam aparecer nas listas de melhor reputação. No entanto, o melhor plano é o que cabe no seu bolso, atende suas necessidades e tem boa rede na sua cidade. Avaliar reclamações, prazos de atendimento e facilidade de uso é tão importante quanto o nome da operadora. 

Segundo o comparador da ANS, para uma mulher entre 24 e 28 anos que contrata um plano de saúde individual ou familiar, estes são os três com melhor custo-benefício.

tabela de comparação entre três planos de saúde
tabela de comparação entre três planos de saúde Reprodução Educando seu Bolso

Quanto custa um plano da Unimed por mês?

Depende da cidade, idade do paciente e do tipo de plano. Em grandes capitais, o custo para um adulto pode ultrapassar R$900. Em cidades menores ou em planos mais enxutos, os preços podem começar por volta de R$350. Vale lembrar que a Unimed funciona como um sistema de cooperativas, então os preços e a rede credenciada mudam bastante de uma região para outra.

E se eu não puder pagar mais? Tem alternativa?

Sim. Uma das opções são clínicas populares (Amor Saúde, Médico sem Fila, Dr. Consulta, Docctor Med ou Cartão de Todos) que ajudam a contornar a falta do plano de saúde. Você tem a opção também de contratar uma assistência à saúde, da Pagbank. Outra alternativa é montar uma reserva financeira voltada para emergências de saúde, que pode funcionar como um plano B em caso de necessidade. Não é o ideal, mas em alguns casos é o possível.

Conclusão: plano de saúde é remédio... ou veneno?

Enquanto o salário cresce a conta-gotas e o custo dos planos voa em jato particular, fica cada vez mais difícil manter o convênio em dia. A decisão virou cálculo de guerra: vale a pena continuar pagando? Ou é hora de repensar? 

Seja qual for sua escolha, o importante é não deixar a saúde (nem a financeira) para depois. A boa notícia é que há alternativas. A má é que nenhuma delas é perfeita. Mas entender o problema com clareza já é meio caminho andado para tomar decisões mais conscientes.


 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay