Educando Seu Bolso
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Por que você ainda não é financeiramente livre (e como mudar isso)?

Deixar de depender do salário do mês e começar a fazer o dinheiro trabalhar por você é possível, e mais urgente do que parece.

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Por Alexia Diniz

Uma amiga me contou que quando a mãe dela foi desligada do trabalho em 2020, depois de muitos anos na mesma empresa, as coisas apertaram. A mãe sempre foi muito certinha com as contas, mas como viviam com o orçamento no limite, bastou um imprevisto para tudo desandar. Em poucos meses, as duas precisaram rever gastos, cancelar o plano de saúde e buscar alternativas mais baratas no dia a dia.

Foi nessa fase que minha amiga ouviu pela primeira vez o termo "independência financeira”, numa conversa de corredor na faculdade. Parecia algo distante, coisa de gente rica ou de quem ganha muito. Mas despertou uma curiosidade: será que dá pra viver sem depender do próximo salário? Com o tempo, ela começou a ler, buscar dicas, testar planilhas. Descobriu que, mesmo com pouco, dá pra mudar a lógica do mês a mês apertado.

A verdade é que, no Brasil, a maioria está longe disso. E não porque não queira, mas porque nunca teve a chance de aprender o básico: como fazer o dinheiro trabalhar por você. Mas foi exatamente ali, no meio dessa história, que ela percebeu que alguma coisa precisava mudar.  Se é pra continuar trabalhando tanto, que pelo menos o dinheiro trabalhe junto. E é aí que começa a história de muita gente com a tal da independência financeira. Não vem de um lugar confortável, vem da dificuldade.

O que é independência financeira?

Independência financeira é quando você não precisa mais trabalhar para sobreviver. Isso não significa parar de trabalhar, mas ter a liberdade de escolher o que fazer com seu tempo porque sua renda não depende 100% do seu esforço direto. É ter ativos (como investimentos, aluguéis, renda de negócios) que geram dinheiro suficiente para cobrir seus custos mensais.

O conceito está relacionado à ideia de que a renda passiva supera a renda ativa. Ou seja, você não trabalha por necessidade, mas por escolha. É o oposto de viver preso à folha de pagamento.

Como sair da dependência financeira?

Sair da dependência financeira exige, antes de tudo, conhecimento. A boa notícia é que isso não depende de quanto você ganha hoje, mas de como você lida com esse dinheiro. O primeiro passo é entender seus gastos. O segundo, criar uma reserva de emergência. E o terceiro, começar a investir com consistência, mesmo que seja pouco.

Programas com incentivo a Educação Financeira, mostram que não existe idade para aprender a se organizar financeiramente. A iniciativa capacita gratuitamente pessoas com mais de 50 anos para atuarem como multiplicadores de educação financeira em escolas públicas. Ou seja: quem já viveu muito também pode ajudar quem está começando.

Muitas pessoas já usam a internet para resolver questões financeiras, como consultar saldo, pagar contas e transferir dinheiro. Isso mostra um caminho: se o acesso está na palma da mão, falta é direção. E é aí que entra a educação financeira.

Passo a passo para virar o jogo (mesmo com pouco)

Para muitos jovens, sair da casa dos pais é o primeiro grande passo rumo à independência financeira. Mas ele só funciona de verdade quando vem acompanhado de preparo. Pagar aluguel, luz, internet, supermercado e ainda dar conta de possíveis imprevistos exige mais do que coragem: exige planejamento. 

Antes de dar esse passo, é fundamental ter uma reserva, entender seu custo de vida e evitar comprometer toda a renda com gastos fixos. A liberdade de morar sozinho pode se transformar rapidamente em uma armadilha se você não souber controlar o próprio orçamento.

Quais são os tipos de independência?

Quando se fala em independência, muita gente pensa apenas em dinheiro, ou pensa que é só conseguir bancar as próprias contas e fim. Mas na vida existem outras camadas: independência emocional, intelectual, profissional e pessoal. E todas se conectam. 

Alguém que não tem controle sobre as próprias emoções, dificilmente vai conseguir lidar com o dinheiro. Alguém que não tem autonomia para tomar decisões, pode viver preso a padrões de consumo impostos pelos outros. Ser financeiramente independente é, portanto, ter escolha. E isso passa pelo processo de se conhecer, se organizar e, claro, planejar.

Quais são os principais fatores da independência financeira?

Não existe independência financeira sem planejamento. Os principais fatores para alcançá-la são: educação financeira, disciplina para manter um padrão de vida abaixo da renda, constância nos investimentos e tempo. Sim, o tempo é seu maior aliado. Quanto antes você começa, mais fácil fica.

Outro ponto fundamental é evitar armadilhas. Créditos caros, compras por impulso e comparação com padrões inalcançáveis podem deixar tudo mais difícil. Alcançar a independência financeira é mais sobre constância do que sobre sorte.

O que impede a independência financeira no Brasil?

Grande parte das pessoas que usam o celular para resolver questões financeiras ainda recorrem ao papel e à caneta para se organizar. Isso mostra uma desconexão entre acesso e hábito. O problema não é apenas tecnológico, mas comportamental. A digitalização avança, mas o uso eficiente das ferramentas digitais para cuidar do dinheiro ainda é baixo.

Além disso, apesar de muitos brasileiros conhecerem produtos financeiros, poucos os utilizam com estratégia. É comum encontrar quem tenha conta digital, cartão, Pix, mas que ainda pague juros altos no rotativo do cartão por falta de planejamento. Segundo o Relatório de Cidadania Financeira do Banco Central mostra que há pouco uso de comparadores e calculadoras financeiras, mesmo entre pessoas com acesso pleno à internet.

A maioria dos brasileiros entre 18 e 65 anos simplesmente não planeja as próprias finanças. Resultado? Pouco investimento e zero preparo para conquistar a tal da independência financeira.

Esse descuido cria uma barreira invisível, que prende muita gente na roda-viva de “ganha, gasta e reza para sobrar”. Para mudar esse jogo, é preciso encarar o dinheiro de outro jeito: menos correria para apagar incêndios, mais consciência para construir escolhas.

O acesso aumentou, mas a educação ficou pra trás

Nos últimos anos, ficou muito mais fácil ter acesso a produtos financeiros. É cartão de crédito com limite alto, cheque especial liberado, parcelamento em mil vezes, empréstimo pré-aprovado no aplicativo e até aquele vendedor no centro da cidade puxando gente pra dentro da loja oferecendo crédito “sem burocracia”.

O problema é que a maioria desses produtos são créditos caros. Parece fácil na hora de contratar, mas vira dor de cabeça quando chega a fatura. Pra piorar, tem muito correspondente bancário empurrando consignado para aposentados e servidores sem explicar os riscos.

Na prática, aconteceu assim: deram acesso ao crédito, mas não ensinaram a usar. É como entregar uma moto pra quem nunca aprendeu a pilotar, a chance de acidente é enorme.

Informação tem de sobra, o que falta é usar

Outro ponto: já não dá pra dizer que “falar de dinheiro é difícil”. Hoje, tem informação de sobra e de graça. Tem simulador no site do Banco Central, comparadores independentes como o do Educando Seu Bolso, podcasts, vídeos curtos no celular e até jogos que ensinam a lidar com grana.

O problema é que muita gente não usa. É aquela velha história: dá pra levar o cavalo até a água, mas não dá pra obrigar ele a beber. A informação está ali, fácil de acessar, mas a pessoa continua gastando mais do que ganha, pagando juros altos e reclamando do banco.

No fim das contas, não adianta só esperar por governo, escola ou banco. Cada um precisa assumir um pedaço da responsabilidade. Sem isso, vira autoengano. Se a gente não se mexer, nada muda.

Conclusão: independência financeira não é utopia

A independência financeira não é um luxo para ricos ou para quem opera na bolsa de valores. Pelo contrário: quanto menos dinheiro você tem, mais precisa buscar essa segurança. Pense bem: quem está mais vulnerável a perder o emprego? Quem tem menos margem no orçamento porque 90% da renda já vai pra comida, aluguel e contas básicas?

É justamente nessas situações que a independência financeira faz toda diferença. Ter uma reserva, mesmo pequena, pode evitar cair em dívidas caras quando aparece um imprevisto. E aprender a lidar com dinheiro não é dom nem privilégio, é habilidade:  acessível, prática e transformadora. Seja começando aos 20 ou aos 50, o importante é dar o primeiro passo.


 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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