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#paydayroutine: o que você faz quando recebe o salário?

Conheça a #paydayroutine, trend que viralizou no Tiktok e expõe como a geração Z lida com o salário com transparência e sem tabus.

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Por Isabel Gonçalves 

Na hora de administrar o salário, antigamente era método do envelope. Depois passamos a anotar as contas no caderninho, aí vieram as planilhas e apps de orçamento pessoal. O próximo passo? Compartilhar isso tudo na internet. 

Viralizada na rede social de vídeos curtos, a #paydayroutine revela como a transparência pode ser a chave para o futuro da educação financeira. Compartilhando o destino de cada centavo que ganha, a Geração Z está criando uma comunidade em um mundo onde viver está cada vez mais caro. 

Um histórico de como administramos o salário

No passado, controlar o dinheiro era artesanal. Separavam-se as notas e contas em categorias demarcadas por envelopes e a distribuição era manual mesmo, até ir ao banco, enfrentar fila e pagar tudo. Os mais organizados anotavam os gastos em um caderninho (e por incrível que pareça tem gente que faz isso até hoje). 

Um tempo depois, as planilhas online trouxeram mais praticidade e controle. Os aplicativos deixaram o planejamento financeiro na palma da mão. E agora o ritual de organizar as contas ganhou mais uma etapa: gravar tudo e compartilhar a #paydayroutine. 

O que é a #paydayroutine? 

Com mais de 25 milhões de visualizações, a hashtag consiste em compartilhar quanto se ganha e como distribui o dinheiro no dia do pagamento (o pay day). Os jovens mostram transferências bancárias, valor de aluguel, da fatura do cartão, dos impostos e por aí vai. Se antes a galera escondia o extrato até do próprio consultor financeiro, agora tem gente postando cada centavo.

Com uma edição simples, música calma e alguns prints de planilhas, em poucos segundos conseguem mostrar o que os especialistas em finanças estão tentando ensinar há anos: planejamento financeiro é a chave de uma vida saudável. Mas antes, vamos dar um passo atrás…

O que é o salário?

De forma simples e direta, o salário é o valor fixo que alguém recebe periodicamente em troca da sua força de trabalho, geralmente todo mês. Essa força de trabalho, na maioria das vezes, é medida em horas, afinal “tempo é dinheiro”. 

Porém, num contexto maior, o salário não é apenas uma quantia. Ele carrega um peso simbólico e cultural: é reconhecimento e segurança.

Para a Geração Z, ele também ganhou um novo significado, não se trata só de pagar boletos, mas de transformar cada recebimento em uma oportunidade de empoderamento. Pequenos luxos, investimentos estratégicos e escolhas conscientes tornam-se decisões que expressam valores pessoais e até identidade. 

E então entra uma outra questão. Aprendemos desde cedo que é errado perguntar o quanto alguém ganha ou até mesmo divulgar os próprios números. Isso porque falar de dinheiro sempre foi um tabu. Mas se salário é recompensa do próprio esforço, qual o problema em compartilhar? 

Compartilhar o salário ajuda ou atrapalha?

A resposta não é tão simples. De um lado, abrir esses números pode ser uma forma de quebrar barreiras, pois ajuda a reduzir desigualdades, incentiva debates sobre valorização profissional e até inspira boas práticas de organização financeira. 

De outro, existe o risco de que a exposição vire apenas comparação social e mais um combustível para a ansiedade de quem sente que nunca ganha o bastante ou não consegue manter um padrão de consumo exibido nas redes. A questão talvez não seja se é “certo ou errado”, mas como e por que essa informação está sendo compartilhada.

A rotina do salário como espelho do Brasil

A #paydayroutine surgiu lá nos Estados Unidos, onde a desigualdade salarial é bem menor do que no Brasil e a galera é ensinada desde cedo a falar sobre dinheiro. Isso aplicado aqui pode ter outros resultados. 

Enquanto uma parte da população exibe cafés importados, viagens ou pequenos luxos para celebrar o salário, milhões de brasileiros ainda enfrentam a dura rotina de escolher entre pagar as contas básicas ou parcelar compras no cartão. O mesmo ritual que para uns é sinônimo de autocuidado, empoderamento e conteúdo bonitinho, para outros continua sendo corrida de sobrevivência. 

Por isso, é importante entender que os rituais expostos nas redes, apesar de serem individuais, podem incentivar a boa prática do acompanhamento das finanças e te ajudar a ter disciplina. 

Luxo ou aprendizado financeiro?

A transparência radical da rotina do payday pode ser lida de dois jeitos:

1- Celebração da liberdade financeira: pequenas conquistas são compartilhadas com humor e leveza. Como consequência, criamos uma comunidade de incentivo e compartilhamento de dicas, promovendo a educação financeira de forma efetiva.  

2- Pressão social: mostrar consumo e estilo de vida em rede gera comparações e ansiedade. Afinal, ninguém gosta de se sentir “para trás” na corrida das redes.


Por isso, é importante perceber a distância entre aparência e realidade. Em rodas de amigos, é comum encontrar quem diga estar sempre “sem dinheiro”, mas mantém uma carteira de investimentos consistente, e quem não abra mão de festas e roupas de marca, ainda que isso signifique ficar no vermelho. 

Só exibir consumo não traduz a vida financeira como um todo. E o que chama atenção é como a #paydayroutine escancara a tensão entre essas duas forças opostas. Mas uma coisa é certa, mais do que consumo, a hashtag deveria ser sobre se apropriar do próprio salário e, quem sabe, aprender a equilibrar prazer e responsabilidade financeira em meio ao espetáculo.

Conclusão: compartilhar salário é espetáculo ou ferramenta de mudança?

A #paydayroutine pode sim ser vista como uma simples vaidade digital. Mas também tem potencial para ser um ponto de virada. Se antes o salário era assunto guardado a sete chaves, agora ele aparece nas redes como um ato de transparência.

O desafio está em separar o que é performance do que é aprendizado. Transformar o dia de pagamento em conteúdo pode ser apenas mais uma trend, mas também pode abrir caminho para uma educação financeira coletiva, acessível e menos solitária.

No fim, a provocação que fica é simples: você vai deixar que o seu salário seja apenas combustível para comparações… ou vai usá-lo como ferramenta para escrever a sua própria rotina de liberdade financeira?


 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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