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Por Isabel Gonçalves
Falar de dinheiro nunca foi fácil. Conquistar e cuidar dele menos ainda. É por isso que o assunto das finanças vira um prato cheio para boas histórias nas telas do cinema. Desde histórias de superação, fraudes inacreditáveis e colapsos inevitáveis, o dinheiro se revela não apenas como meio de troca, mas como símbolo de poder, vaidade e sobrevivência.
É por isso que os filmes nos fazem refletir e podem servir de inspiração para aproveitar a vida e o dinheiro da melhor maneira possível. Ah, e as melhores lições às vezes vem em filmes que você menos espera. Por isso, separamos uma lista com filmes óbvios (outros nem tanto) que ensinam coisas importantes sobre nossa relação com as finanças.
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Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (2009)
Cena do filme Os Delírios de Consumo de Becky Bloom em que a protagonista tira o cartão de crédito de dentro de uma pedra de gelo. Reprodução Educando Seu Bolso
A comédia estilo Sessão da Tarde é meu filme favorito da lista. Afinal, Becky (Isla Fisher) é uma jornalista aficcionada em moda, que acaba escrevendo sobre finanças. O problema é que ao mesmo tempo em que dá dicas sobre como lidar com o dinheiro, ela acumula faturas e mais faturas de cartão de crédito.
Confessions of a Shopaholic, nome do filme original, talvez seja uma das primeiras obras a tratar tão explicitamente o consumo compulsivo. Becky é uma personagem divertida, sonhadora e, ao mesmo tempo, desorganizada com o próprio dinheiro, uma combinação que muita gente conhece bem.
O filme mostra o quanto o consumo pode ser uma forma de preencher vazios emocionais. Não é sobre querer mais coisas, mas sobre o que essas coisas representam. Dessa forma, ele expõe uma verdade dolorosa: não existe satisfação duradoura no consumo descontrolado.
Por isso, a principal lição aqui é que controlar as finanças não é abrir mão do prazer de comprar, mas sim saber separar o que realmente nos faz bem e o que só gera mais dívida e ansiedade.
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O Lobo de Wall Street (2013)
Esse é um clássico! Dirigido pelo renomado Martin Scorsese, O Lobo de Wall Street nos dá uma visão de como funciona a bolsa de valores. Depois de perder o emprego, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) começa a negociar papéis de baixo valor, que não estão na bolsa de valores.
Até aí tudo bem. O problema é que Belfort enriquece muito (e muito rápido) com um esquema ilegal, levantando questões sobre a ética nos negócios e limites financeiros. Na trama, ele e sua equipe inflavam artificialmente o preço de ações de baixo valor e depois as vendiam, causando o colapso do preço.
Wall Street é o maior polo financeiro da atualidade. Um universo em que circulam fortunas sem pudor ou culpa, justamente porque o dinheiro, como já falamos aqui é, em grande parte, intangível. Ou seja, não tem forma material, mas ainda assim existe e tem valor. Não à toa quando falamos de bolsa de valores vem um monte de gráficos coloridos e números numa tela.
E é aí que começam as reflexões: de que serve acumular riqueza se ela não se traduz em experiência, prazer ou poder de escolha? É por isso que podemos dizer que o dinheiro não é o objetivo final e sim uma ferramenta para transformar nossos desejos em realidade.
Acontece que, em O Lobo de Wall Street, o enriquecimento rápido se transforma em um ciclo de compulsão e desumanização, nos fazendo pensar sobre o poder e o perigo da ganância e do consumo descontrolado. A lição do longa então não é condenar o lucro, mas em expor os riscos da desconexão entre dinheiro e propósito. É um lembrete poderoso de que riqueza sem consciência não é conquista.
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Bling Ring: a gangue de Hollywood (2013)
O longa-metragem é baseado em uma história real de 5 jovens que fizeram pequenos assaltos na casa das celebridades mais cobiçadas do show biz, deixando um prejuízo de aproximadamente 3 milhões de dólares. A “Gangue de Hollywood” escancarou tudo nas redes sociais, o que ajudou na captura dos contraventores.
Dessa forma, o filme retrata uma geração seduzida não exatamente pelo dinheiro em si, mas pelo que ele parece significar: status, pertencimento e visibilidade. Na era das redes sociais, o luxo deixou de ser uma experiência privada para se tornar um espetáculo público.
A lição financeira que The Bling Ring traz pode até ser sutil, mas é poderosa. A exposição digital raramente reflete a realidade econômica de quem a exibe. Por isso, a comparação com o que vemos nas redes sociais é sempre injusta e irreal.
O filme nos lembra que, no mundo hiperconectado, a distância entre parecer rico e ser financeiramente saudável pode ser gigantesca, e que confundir essas duas dimensões é um dos maiores perigos da vida moderna. Afinal, os mais ricos podem ser grandes criminosos.
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Nerve: Um Jogo Sem Regras (2016)
Pode até parecer que não, mas a mistura de suspense e ficção científica de Nerve esconde bons ensinamentos. A trama começa quando Vee (Emma Roberts) decide se inscrever no jogo Nerve, que é dividido entre observadores, que propõem tarefas e jogadores, que as executam. Claro, tudo em troca de dinheiro.
Nerve mergulha em um universo em que fama, risco e recompensas financeiras estão intimamente conectados. O filme mostra de forma clara como o dinheiro, ou a promessa dele, pode moldar comportamentos, levando pessoas a ultrapassar limites éticos, arriscar a própria segurança e priorizar ganhos imediatos em detrimento de valores pessoais.
A tensão entre prazer, adrenalina e lucro cria um ciclo viciante, mostrando que nem toda motivação humana é pura. Além disso, Nerve oferece uma reflexão sobre o poder simbólico do dinheiro: não se trata apenas de acumular riqueza, mas de como ele influencia nosso comportamento, senso de pertencimento e auto-estima.
O alerta do filme é que compreender o papel do dinheiro em nossas decisões é essencial para desenvolver consciência financeira. Porque, no fim das contas, quando deixamos que ele guie cada passo, é fácil perder de vista limites pessoais e valores fundamentais.
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Até que a sorte nos separe (2012)
O clássico do cinema brasileiro mostra de forma divertida, mas educativa, os desafios de lidar com dinheiro inesperado. Os protagonistas Tino (Leandro Hassum) e Jane (Danielle Winits), ao ganharem na loteria, são imediatamente seduzidos pelo consumo desenfreado e depois de 16 anos, sem terem investido ou guardado o dinheiro, eles passam por dificuldades financeiras.
O filme ilustra com clareza como a riqueza sem planejamento financeiro pode ser tão perigosa quanto a escassez, mostrando que a gestão consciente das finanças é essencial para manter a estabilidade e evitar frustrações futuras.
Além disso, o filme evidencia como hábitos, decisões e disciplina financeira moldam a realidade econômica de cada um. Não importa quanto dinheiro entre, se não houver controle, prioridades bem definidas e consciência dos limites, a estabilidade financeira é ilusória e passageira, nos ensinando que o verdadeiro valor do dinheiro está em como ele é usado.
Conclusão: o que os filmes têm a ver com educação financeira?
Além de entretenimento, o cinema pode funcionar como uma verdadeira aula de educação financeira disfarçada de narrativa. Ao mostrar personagens lidando com riqueza, dívidas, consumo impulsivo ou decisões de investimento, essas histórias permitem que a gente observe erros e acertos de forma segura, refletindo sobre as próprias escolhas, e o melhor, sem precisar experimentar as consequências na vida real.
Além disso, a arte, em suas diversas formas, é uma ferramenta poderosa para entender a realidade econômica e social. Ela expõe padrões de comportamento, pressões culturais e armadilhas financeiras que muitas vezes passam despercebidos em planilhas e gráficos. Por isso, podemos dizer que assistir a essas histórias nos ajuda a desenvolver consciência financeira, empatia e capacidade crítica, mostrando que aprender sobre dinheiro também é aprender sobre a vida.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.