Por Alexia Diniz
Lembro como se fosse hoje, eu sentada com uma planilha aberta no computador, calculadora na mão e mil abas abertas no navegador. Era a primeira vez que eu planejava uma viagem internacional. Entre o sonho de conhecer a Europa e a realidade do saldo na conta bancária, eu só pensava: “Será que vou conseguir fazer isso caber no meu bolso?”.
Passagens, hotel, seguro viagem, transporte, alimentação… parecia que cada clique adicionava um número novo na conta. Foi aí que percebi que ou eu aprendia a economizar, ou minha viagem internacional viraria só uma lembrança frustrada no extrato bancário.
Daí surgiram as perguntas que todo viajante faz, e é sobre elas que vamos conversar agora.
Como economizar dinheiro para uma viagem internacional?
A organização é a chave, criar uma planilha de gastos ajuda a visualizar quanto será necessário para passagens, hospedagem, alimentação e lazer.
Pesquisar em diferentes plataformas, usar alertas de preço e evitar feriados pode te fazer economizar uma grana. Além disso, voos em dias menos disputados (como terça e quarta-feira) costumam ser mais baratos.
Sobre a hospedagem, não existe regra universal, para alguns vale mais ficar em hostel e economizar, para outros, um Airbnb ou hotel fora da zona turística pode ser melhor. A chave é alinhar expectativa com orçamento.
Como pagar menos em voos internacionais?
Essa é a pergunta do milhão, hoje em dia tem livro, curso e até influenciador que fala só sobre isso, mas será que realmente funciona ou é só propaganda para gerar cliques?
Milhas e programas de pontos
Acumular pontos no cartão de crédito pode, sim, reduzir bastante o custo da passagem aérea. Mas atenção, milhas só valem a pena se o cartão for usado de forma consciente. Não adianta nada juntar pontos enquanto paga juros altíssimos do rotativo ou da fatura parcelada.
Além disso, é importante analisar a validade das milhas e as regras de resgate. Muitos programas têm datas restritas, voos limitados ou exigem taxas adicionais que acabam tirando parte da economia. Ou seja, milhas podem ser ótimas, mas não são “dinheiro grátis”, exigem estratégia.
Promoções relâmpago
Outro caminho para economizar é aproveitar promoções relâmpago, que geralmente aparecem durante a madrugada ou em ações pontuais das companhias aéreas. As low cost europeias (Ryanair, EasyJet, Wizz Air, Vueling, Eurowings e Transavia), por exemplo, podem vender trechos por menos de 20 euros.
Porém, aqui vale a crítica, o preço chamativo costuma vir acompanhado de uma série de cobranças extras, bagagem, marcação de assento, embarque prioritário, alimentação. Se você não prestar atenção nas letras miúdas, a passagem “barata” pode sair mais cara que uma tarifa tradicional.
Dica: calcule o custo final da passagem já incluindo todos os adicionais. Só assim você vai saber se realmente compensa.
Qual a melhor maneira de levar dinheiro em viagens internacionais?
Essa é, sem dúvida, uma das maiores dúvidas de quem organiza uma viagem internacional. E a verdade é que não existe uma resposta única: depende do destino, do seu perfil como viajante e até da forma como você se sente mais seguro em lidar com dinheiro fora do país.
Dinheiro em espécie
Ter uma parte em espécie é essencial para emergências e pequenas despesas (como pegar um táxi logo ao chegar). No entanto, andar com grandes quantias é arriscado. Além disso, o câmbio no Brasil costuma ser mais caro que em alternativas digitais.
Atenção: trocar moeda no aeroporto quase sempre é a pior opção. As taxas são muito mais altas que em casas de câmbio ou contas digitais.
Então, é melhor trocar dinheiro no Brasil ou no destino?
Se optar por levar parte em espécie, costuma ser melhor comprar ainda no Brasil em casas de câmbio aproveitando valores promocionais. Já se você for usar conta digital internacional, muitas vezes sai mais barato converter direto no app do banco digital, sem precisar passar por casas de câmbio físicas.
Cartão de crédito internacional
É aceito praticamente no mundo todo e oferece segurança, mas cobra IOF de 3,5% em cada compra. E pra piorar a cotação aplicada pode não ser transparente, e muitas vezes só é conhecida quando a fatura fecha. Ou seja, é prático, mas é a opção mais cara.
Cartão de débito internacional em contas globais
Aqui está a grande mudança dos últimos anos. Bancos digitais como Inter, C6 e Nomad oferecem contas digitais internacionais que permitem converter reais em dólar, euro e outras moedas diretamente pelo aplicativo. O viajante pode usar um cartão de débito físico ou virtual no exterior, pagando IOF reduzido de 1,1% em vez dos 3,5% do cartão de crédito.
Além de mais barato, esse modelo garante um controle maior, já que você faz a conversão antes da viagem, sabe exatamente quanto vai gastar e evita surpresas na fatura.
Seguro viagem vale a pena? Ou posso cortar esse gasto?
Muita gente pensa em cortar o seguro viagem para economizar, mas essa é uma das piores decisões possíveis em uma viagem internacional. Se dentro do Brasil um atendimento médico já pesa no bolso, imagine fora.
Nos Estados Unidos, uma simples consulta pode custar acima de US$200; uma internação hospitalar pode facilmente ultrapassar US$10 mil. Já na Europa, uma emergência pode custar mais de 5 mil euros, dependendo do procedimento, por isso não dá pra abrir mão de uma parcelinha de R$XX achando que não vai acontecer nada.
Seguro viagem obrigatório
Além disso, em vários destinos o seguro não é opcional: países da União Europeia que fazem parte do Tratado de Schengen ( Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Chéquia (República Tcheca), Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal e Suécia) exigem seguro com cobertura mínima de 30 mil euros para permitir a entrada de turistas. Ou seja, sem seguro, você nem entra no país
O custo-benefício do seguro
O preço de um seguro viagem é muito baixo perto dos riscos que cobre. Dependendo do plano e da duração da estadia, é possível contratar uma cobertura decente a partir de R$15 por dia.
Viajar sem seguro: economia que sai cara
Cortar esse gasto pode até parecer vantajoso no orçamento inicial, mas basta um imprevisto para transformar a viagem em um pesadelo financeiro. Um torcicolo, uma gripe forte ou mesmo a perda da bagagem já justificam o investimento.
Por isso, o seguro viagem não é luxo, é necessidade. Ele protege seu bolso, garante tranquilidade e, em alguns casos, é até obrigatório para que sua viagem internacional aconteça.
Quantos euros levar para uma viagem de 20 dias à Europa?
A resposta depende muito mais de quem viaja do que do destino em si. O estilo de vida e o momento financeiro influenciam diretamente no orçamento da sua viagem para o exterior. Vamos a três perfis bem comuns:
Mochilão econômico – o universitário solteiro
O clássico mochileiro é geralmente um estudante, solteiro, com tempo de sobra e bolso apertado. A prioridade não é o conforto, mas sim acumular experiências mesmo com pouco dinheiro.
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Hospedagem em hostel ou quarto compartilhado: € 20 a € 30/dia
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Alimentação simples (mercado, fast food, cozinhar no hostel): € 15 a € 20/dia
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Transporte público: € 5 a € 10/dia
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Passeios gratuitos e alguns pagos: € 10/dia
Orçamento total: cerca de € 50 a € 70 por dia, ou € 1.000 a € 1.400 para 20 dias, ou seja, R$8750,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.
Viagem confortável – recém-formado no primeiro emprego
Aqui entra o perfil de quem já se formou, conseguiu o primeiro emprego e quer curtir com um pouco mais de tranquilidade, sem extravagâncias, mas sem abrir mão de algumas regalias.
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Hospedagem em hotel 2 ou 3 estrelas ou Airbnb confortável: € 50 a € 80/dia
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Alimentação variada (restaurantes simples e ocasionais jantares melhores): € 30 a € 40/dia
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Transporte público + Uber/táxi em alguns trechos: € 15 a € 20/dia
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Passeios pagos, museus, ingressos: € 20 a € 30/dia
Orçamento total: cerca de € 100 a € 150 por dia, ou € 2.000 a € 3.000 para 20 dias, ou seja, R$18750,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.
Viagem premium – casal já casado (valor por pessoa)
O terceiro perfil é o do casal que já está casado e prefere uma viagem internacional com total conforto. Aqui, o foco é descansar, comer bem, ficar em bons hotéis e contratar passeios guiados.
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Hospedagem em hotel 4 estrelas: € 100 a € 150/dia (por pessoa)
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Alimentação em restaurantes: € 40 a € 60/dia
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Transporte confortável (Uber/táxi, trens rápidos, locação de carro): € 30 a € 50/dia
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Passeios completos e experiências premium: € 40 a € 60/dia
Orçamento total: cerca de € 200 a € 300 por pessoa/dia, ou € 4.000 a € 6.000 por pessoa para 20 dias, ou seja, R$37500,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.
Conclusão: economizar na viagem internacional é possível
Ao planejar minha primeira viagem internacional, descobri que cada detalhe conta. A moeda escolhida, a forma de levar o dinheiro, o tipo de hospedagem, o seguro viagem e até a data da passagem, tudo isso pode transformar a viagem em algo leve e acessível ou em uma dor de cabeça financeira.
Economizar não significa se privar, mas sim gastar com estratégia. Aproveitar promoções (não ilusórias), usar uma conta digital internacional para fugir do IOF pesado, contratar um seguro viagem para evitar prejuízos gigantes e trocar moeda de forma inteligente são passos que fazem toda a diferença.
No fim, a viagem deixa de ser apenas um gasto e se torna um investimento em experiências. Afinal, de que adianta realizar o sonho de conhecer o mundo se a lembrança que fica é a fatura estourada no cartão de crédito?