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O entretenimento brasileiro vive um momento decisivo. Após décadas em que a televisão aberta foi sinônimo de diversão, informação e rotina nacional, esse cenário começa a se alterar rapidamente. A ascensão das plataformas de streaming mudou a forma como os brasileiros consomem conteúdo, abalando velhos costumes e levando a TV aberta a enfrentar sua maior crise de audiência.
O domínio da TV aberta começa a enfraquecer
Durante muitos anos, a TV aberta era presença certa em praticamente todos os lares do Brasil. Em dezembro de 2024, esses canais ainda somavam 71,1% da audiência nacional, enquanto a TV por assinatura alcançava apenas 8,9%. Mesmo com essa liderança, as emissoras já não sentem mais tanta segurança, percebendo na prática que o público está mudando a forma de consumir conteúdo.
A Globo, maior emissora do país, vive um momento inédito: as três principais faixas de novelas registram índices praticamente iguais. Mania de Você, Garota do Momento e Volta por Cima estão longe das marcas que antes eram comuns. A principal novela da noite tem média de 21 pontos, enquanto as produções do início da noite, que sempre foram secundárias, estão praticamente empatadas. Esse novo cenário deixa claro que a TV aberta em queda é uma realidade.
Streaming: o novo hábito nacional
O que esses números mostram é uma transformação silenciosa no comportamento do público: uma parcela significativa das pessoas já prefere assistir ao que gosta usando streaming, deixando os velhos formatos cada vez mais para trás.
Entre as plataformas, o YouTube chama atenção e conquistou seu espaço em muitos lares, liderando o consumo com folga. Em seguida aparecem Netflix e Globoplay, enquanto serviços como Prime Video, Max e Disney+ continuam crescendo, mesmo que em ritmo menor.
O acesso ao streaming já faz parte da rotina de milhões de famílias. Em 2024, quase metade das casas com TV no Brasil já assina algum serviço pago desse tipo. Com tanta variedade e liberdade para escolher o que ver, não surpreende que cada vez mais gente migre para essas plataformas.
Chama atenção o número de lares que abriram mão da TV aberta e da assinatura tradicional para depender só do streaming. Em 2024, essa fatia da população praticamente dobrou em comparação a dois anos antes. O desejo por flexibilidade e praticidade é o que move essa escolha.
TV por assinatura perde espaço
Ao mesmo tempo em que o streaming conquista novos lares, a TV por assinatura sofre um encolhimento preocupante. O percentual de residências com esse serviço caiu para 24,3% em 2024, ante 27,7% dois anos antes. A queda de mais de três pontos percentuais em tão pouco tempo reflete uma mudança de prioridades.
Até mesmo canais de notícia tradicionais da TV paga sentem o impacto. Juntos, os principais nomes do setor registraram pouco mais de cem mil espectadores em um dia inteiro, mostrando que o público está buscando novas formas de se informar.
Por que o streaming cresce tanto?
O investimento em publicidade é um dos motores dessa expansão. Em 2024, as plataformas de streaming investiram cerca de R$ 2 bilhões em divulgação na televisão aberta. O Globoplay liderou, aplicando R$ 1 bilhão só em campanhas, seguido por Disney+ e Max. Essa estratégia amplia o alcance das plataformas e acelera a migração dos espectadores.
A popularidade do streaming só aumenta. Três em cada quatro brasileiros acessam essas plataformas diariamente, e boa parte do tempo que antes era reservado à TV agora é dedicado aos vídeos sob demanda. A chamada TV Conectada, presente em mais da metade dos lares digitais, é um sinal claro desse novo hábito.
IPTV: flexibilidade e novas experiências
O IPTV surge nesse cenário como opção moderna para ver TV, filmes e séries usando a internet. Basta um aparelho compatível, como uma smart TV, celular ou TV box, e o espectador tem acesso a uma programação variada e flexível, escolhendo o que assistir e quando.
Com tantas opções, o público ganhou liberdade para criar a própria rotina de entretenimento, misturando canais ao vivo e conteúdos sob demanda sem precisar se prender a horários fixos ou pacotes tradicionais.
Novas plataformas com teste IPTV e a chegada de mais modelos de TV box compatíveis, cada vez mais modernos e homologados, contribui para a popularização do IPTV em todo o país. Para muitos consumidores, o IPTV é a resposta para quem busca liberdade de escolha e novas formas de consumir entretenimento.
O futuro do entretenimento: desafios e oportunidades
A TV aberta em queda precisa se reinventar para manter relevância. As emissoras buscam novas formas de medir audiência, questionando métodos tradicionais e defendendo que o consumo multiplataforma nem sempre é captado pelas ferramentas atuais.
No streaming, a principal missão é tornar o modelo sustentável, diante do aumento dos custos e da necessidade de renovar o catálogo frequentemente. Muitos serviços apostam em planos com publicidade como alternativa de receita.
Já o IPTV tende a ganhar ainda mais destaque com o avanço das tecnologias e o aumento da conectividade. Com cada vez mais opções de dispositivos e plataformas, o público ganha mais controle sobre o que consome e quando consome.
A convergência entre TV aberta, streaming e IPTV aponta para um ecossistema mais diversificado, onde o telespectador ganha poder de escolha. A TV aberta em queda simboliza uma era de mudanças, em que o entretenimento se adapta para atender a um público cada vez mais exigente e conectado.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.