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Brasil freia o ritmo: a economia desacelera, inflação persiste e juros atingem patamar recorde
Em meio à desaceleração econômica, à alta dos juros e a um cenário inflacionário persistente, os brasileiros procuram alternativas sólidas de planejamento financeiro
O Brasil pisa no freio — e a conta chega para todos
O início de 2025 começou sob o impacto de uma tempestade silenciosa. O Produto Interno Bruto desacelera, a inflação permanece acima da meta e o Banco Central sustenta a taxa Selic no patamar de 15% — o mais alto desde 2006.
A combinação de juros elevados e tensão geopolítica com os Estados Unidos — que impõem tarifas de até 50% sobre setores específicos das exportações brasileiras, como aço e produtos agroindustriais — tem provocado efeitos severos sobre o consumo, os investimentos e a estabilidade cambial. O real, por sua vez, já acumula uma desvalorização superior a 22% frente ao dólar desde o início de 2024, pressionando ainda mais os preços e elevando o custo de vida.
Segundo pesquisa da Genial/Quaest, mais da metade dos analistas financeiros já admite risco real de recessão. As projeções de crescimento variam entre 1,5% e 2% — uma queda acentuada em relação à expansão de 3,4% registrada no ano anterior.
Financiamento travado, crédito caro
Nesse cenário de retração e incerteza, Brasileiros de todos os perfis enfrentam uma encruzilhada: recorrer ao crédito tradicional com juros impagáveis ou repensar a forma como realizam seus objetivos.
Para Emerson Dornelas, fundador da Dornellas Cred, uma das principais referências do setor de consórcios no Brasil, o momento exige mais do que cautela — exige estratégia. “Esse tipo de crise sempre vai acontecer. Mas quem se antecipa, se protege no planejamento a longo prazo” diz o especialista na área. De fato, em 2025, o mercado atingiu um novo recorde, com mais de 11,5 milhões de consorciados ativos buscando um crédito mais barato e seguro, de acordo com a ABAC. Esse crescimento é impulsionado por diversos fatores, como a busca por alternativas mais econômicas e planejadas para a aquisição de bens e serviços, a instabilidade econômica e a facilidade proporcionada pela digitalização do processo.
“O consórcio é uma forma acessível e segura de realizar sem se afundar em juros”, pontua Dornelas.
O brasileiro já está começando a pensar em investimentos mais seguros — e a se preparar
Nos últimos anos, o acesso facilitado à internet e a popularização da educação financeira nas redes têm transformado o perfil do consumidor. Milhares de brasileiros começam a entender — com mais clareza — o impacto do endividamento, a importância do planejamento e as alternativas reais ao crédito tradicional.
Para o empresário Gabriel Dantas, especialista em marketing estratégico e comportamento, o momento atual — embora desafiador — representa também uma janela de transformação.
“Percebo um crescimento nítido no interesse das pessoas por temas como finanças nas redes sociais e plataformas de vídeos. A crise escancarou um ponto negligenciado: a ausência de suporte ao empreendedor custa caro ao país como um todo. Esse cenário tem despertado uma mentalidade mais analítica e estratégica, tanto nas empresas quanto nas famílias — e essa mudança pode redefinir de forma duradoura o comportamento econômico e de consumo dos brasileiros nos próximos anos”, analisa Gabriel.
A digitalização não apenas facilitou o acesso à informação — ela descentralizou o conhecimento. O que antes era privilégio de poucos agora chega a milhões. Cada pessoa pode entender melhor o cenário econômico, comparar opções e estruturar suas escolhas com mais consciência.
Esse movimento já aparece nos dados. Segundo a Anbima, 37% dos brasileiros consomem produtos financeiros, e a expectativa é que esse número alcance 39% até o final de 2025. Ainda é pouco diante da desigualdade econômica, mas sinaliza um ponto de inflexão.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.