Fabiano Moraes
Fabiano Moraes
Negócios

Investidores em ascensão: Como milhões redefinem o mercado financeiro

Leandro Yacoubian explica a nova onda de investidores nas finanças globais

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O mercado financeiro global está passando por uma transformação histórica. Em países desenvolvidos e emergentes, milhões de pessoas estão dando os primeiros passos no mundo dos investimentos. Mas o que está por trás dessa onda crescente de novos investidores? Segundo Leandro Jorge Yacoubian, especialista em comportamento financeiro e estratégias de investimento, a resposta envolve uma combinação de fatores tecnológicos, sociais e econômicos que se intensificaram nos últimos anos.

"Hoje, em muitos países da América, vemos um crescimento sem precedentes na participação de pessoas físicas no mercado financeiro", destaca Yacoubian. A facilidade de acesso à internet, a popularização dos smartphones e o surgimento de plataformas digitais intuitivas permitiram que investir deixasse de ser uma prática exclusiva de indivíduos com net worth alto ou especialistas.

O aumento exponencial do número de investidores pessoa física também teve impacto direto na capitalização de mercado de diversos ativos. Com a entrada massiva de novos participantes, especialmente em setores como ações de tecnologia, criptoativos e ETFs de alta liquidez, houve um aumento considerável no volume negociado e na formação de preços. Em muitos casos, esse influxo de capital contribuiu para a elevação do market cap de ativos sem necessariamente estar atrelado a fundamentos econômicos sólidos, o que pode caracterizar uma valorização inflacionada impulsionada pela demanda.

 

O impacto da tecnologia e o salto nos números

De acordo com diversas pesquisas de Yacoubian, concluídas no início deste ano, o Brasil é um dos exemplos mais evidentes dessa transformação. Entre 2018 e 2025, o número de investidores pessoas físicas cresceu mais de 500%, segundo levantamentos baseados em dados públicos. Esse movimento foi impulsionado pela chegada de aplicativos de corretoras, pelo aumento de conteúdo educativo nas redes sociais e pelo avanço da digitalização dos serviços financeiros. O Mercado Pago também se destacou como um divisor de águas, ao digitalizar milhões de pessoas que antes realizavam suas operações financeiras exclusivamente em agências bancárias físicas.

Na Argentina, o fenômeno é ainda mais notável no mesmo período. Conforme as investigações realizadas por Yacoubian, houve um crescimento superior a 1.000% na quantidade de pessoas que passaram a investir, especialmente em fundos mútuos de investimento, que são acessíveis, diversificados e exigem baixo capital inicial. “A crise econômica e a inflação fizeram com que muitos argentinos buscassem alternativas para proteger seu dinheiro, e os fundos de investimento se tornaram a porta de entrada mais comum”, explica o analista Yacoubian, acrescentando que atualmente muitos de seus clientes demonstram dúvidas recorrentes sobre esse tipo de aplicação.

Geração digital: jovens na linha de frente

Um dos aspectos mais relevantes destacados pelo analista é o protagonismo da geração jovem nesse processo. Ao contrário das gerações anteriores, que viam o mercado financeiro como algo distante, técnico e complexo, os jovens de hoje estão conectados a um ecossistema de informação constante. Vídeos no YouTube, fóruns online, perfis de finanças no Instagram e TikTok, e influenciadores digitais têm desempenhado um papel central. Facilitando aos jovens a execução de ordens com apenas um clique.

 


Além disso, empresas de investimento adotaram uma abordagem mais agressiva de marketing, criando campanhas voltadas especificamente para esse público. "As corretoras perceberam que os jovens são nativos digitais e desenvolveram interfaces que falam a língua deles, com gráficos simples, aplicativos rápidos e até mesmo elementos de gamificação", observa Yacoubian.

Esse movimento não está presente apenas no Brasil, também é visível nos Estados Unidos. Segundo a análise do especialista, uma parcela significativa da população americana afirma ter começado a investir nos últimos cinco anos, especialmente por meio de apps como Robin Hood, que se tornaram símbolos da nova geração de investidores por sua facilidade de uso e baixas barreiras de entrada. Muitos usuários relatam que os próprios aplicativos começaram a introduzir conceitos técnicos, como alocação de ativos, auxiliando os iniciantes a entenderem estratégias básicas de diversificação e construção de portfólio.



Os desafios da democratização financeira

Apesar do crescimento expressivo, Leandro Jorge Yacoubian alerta que essa democratização também traz desafios. Muitos novos investidores entram no mercado sem o devido preparo nem a realização de uma análise adequada de perfil de risco, influenciados por promessas de retornos exponenciais ou por modismos especulativos. "É essencial que esse novo investidor compreenda os riscos envolvidos, a importância da diversificação e, principalmente, que o investimento deve ser uma estratégia de longo prazo", pontua.

A volatilidade dos mercados, as armadilhas de produtos de alto risco e a influência de desinformação nas redes sociais são ameaças reais para quem está começando. Por isso, Yacoubian defende que a educação financeira seja tratada como um pilar central na construção dessa nova geração de investidores.

Um novo perfil de investidor

O novo investidor é digital, curioso e disposto a aprender. Ele está menos preocupado em seguir regras tradicionais e mais focado em experimentar, testar e entender como fazer o dinheiro trabalhar a seu favor. Para Yacoubian, esse é um sinal de maturidade financeira em construção.

“O crescimento é uma oportunidade para que a população assuma maior protagonismo financeiro, mas deve vir acompanhado de orientação e informação de qualidade. Investir é um direito de todos, mas só será benéfico se for feito com consciência e estratégia”, conclui.

Leandro Jorge Yacoubian é analista financeiro e pesquisador independente, especializado em comportamento do investidor e educação financeira digital em mercados emergentes.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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