O futuro está chegando às garagens dos condomínios. Mas, segundo a síndica profissional Juliana Moreira, conhecida por descomplicar o universo condominial nas redes sociais, carregar um carro elétrico em casa exigirá bem mais do que “uma tomada na parede”. A partir de 2025, uma nova norma técnica voltada à recarga de veículos elétricos deve ser publicada com regras de segurança e infraestrutura para prédios residenciais e a adaptação não será simples.

“Carro elétrico é tecnologia, é o futuro. Mas ele traz consigo uma responsabilidade enorme. Não basta querer instalar. Será preciso seguir regras de segurança que envolvem desde sistemas contra incêndio até ventilação forçada na garagem”, alerta Juliana.

O que pode muda para os condomínios?

Segundo a especialista, o novo regramento em discussão, que deve começar por São Paulo, e que tende a se espalhar para o restante do Brasil, trará exigências rígidas tanto para prédios novos quanto para os já existentes.

“Prédios construídos a partir de 2025 já terão que prever tudo isso desde a planta. Já os condomínios existentes terão um prazo de um ano para se adaptar às novas exigências assim que a norma for publicada”, explica Juliana.

Regras de segurança para recarga elétrica

Juliana detalha os principais pontos que constam no texto atual da norma em elaboração:

 Chuveiros automáticos contra incêndio (sprinklers): deverão ser obrigatórios nas áreas de recarga.
 Ventilação forçada: será necessário instalar sistemas de exaustão mecânica para evitar o acúmulo de gases tóxicos gerados por possíveis falhas na bateria.
 Distanciamento entre os pontos: cada ponto de recarga precisará manter uma distância mínima de 5 metros entre vagas ou contar com paredes corta-fogo com resistência de até 90 minutos.
 Extintores tipo ABC: cada estação de recarga terá que contar com extintores adequados, posicionados a no máximo 15 metros de distância.
 Reserva técnica de água: será exigido um reservatório exclusivo com autonomia de pelo menos 60 minutos para combate a incêndios.
 Sensores e disjuntores dedicados: pontos de recarga devem ter disjuntores próprios e sistemas de detecção de calor ou fumaça, além de sinalização clara e ponto de desligamento manual próximo.

Juliana alerta: “Nada disso pode ser improvisado. São normas técnicas que estão sendo elaboradas com base em análises de risco e em casos reais de incêndios com veículos elétricos em outros países. A ideia é garantir a segurança de todos os moradores”.

Adaptação nos condomínios já existentes

Para os prédios que já contam com vagas com carregadores, a transição precisará ser feita com responsabilidade. “Quem já tem carregador instalado vai precisar se adequar também. O prazo previsto é de até um ano após a publicação da norma para garantir a conformidade com todos esses itens. Ou seja, se seu prédio instalou sem projeto técnico, sem ventilação, sem sprinkler, vai ter que correr atrás”, explica a síndica.

Juliana orienta que síndicos e moradores procurem engenheiros e empresas especializadas para elaboração de projetos completos. “Não dá pra sair ligando na tomada. O condomínio precisa avaliar se tem carga elétrica suficiente, se a estrutura suporta e se o projeto atende aos padrões de segurança. Inclusive, o Corpo de Bombeiros poderá impedir instalações que não estiverem dentro da norma”, alerta.

A especialista lembra ainda que mesmo em fase de finalização, essas mudanças são inevitáveis e que o papel do síndico será cada vez mais técnico. “O futuro chegou. E a gente precisa estar preparado para ele com planejamento, estudo e segurança”, finaliza.

 

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