A relação de Rafael Gualandi com a moda vai além da estética. Para o ator e apresentador, vestir-se é um ato de comunicação e identidade. “A moda, pra mim, não é sobre roupa, é sobre linguagem. É como eu quero ser interpretado sem precisar falar. Minha relação com a moda é intuitiva e recente. Eu me visto como extensão do que estou sentindo, do que quero comunicar naquele momento. É uma escolha de qual personagem eu quero interpretar. Já me vesti muito mal porque eu não tinha minha identidade definida. Mas hoje eu tenho muito bem construída”, afirma.
Para ele, moda e carreira caminham lado a lado. “Minha carreira é comunicação, presença, impacto, e a moda tem esse poder imediato de impactar. Quando escolho o que vestir, não penso só em estética, mas em narrativa. Se eu estou apresentando um evento, participando de uma entrevista ou simplesmente andando na rua, a forma como me visto define a mensagem que eu quero passar. A moda me ajuda a expandir minha identidade artística, porque me dá novas camadas de expressão”, explica.
No último sábado (27), ao subir ao palco como apresentador do Mister Universo Brasil, em São Paulo, Gualandi fez questão de destacar esse posicionamento. Ele optou por um look do estilista carioca Beto Gomes, oriundo do Complexo da Maré. “Fiz questão de usar porque vai além de representar atitude, beleza e autenticidade. Vem de um projeto da Maré, onde as pessoas da comunidade fazem parte dessa marca. E eu também, vindo do subúrbio do Rio, sei o quanto é difícil o subúrbio ganhar espaço e visibilidade. É contar histórias que muitas vezes a gente não ouve”, ressalta.
O ator também defende que a valorização da moda nacional é um movimento transformador. “Eu particularmente sou um consumidor nacional quase integral. O Brasil sempre teve talento, criatividade e identidade cultural forte, mas durante muito tempo a gente olhava mais pra fora do que pra dentro. Hoje, ver as marcas brasileiras conquistando espaço é quase como um ato político de assumir que o que é nosso também é potência. A moda nacional traduz nossas histórias, nossas cores, e quando ela é valorizada, todos nós somos.”
Entre os nomes que admira, além de Beto Gomes, Gualandi cita Alexandre Pavão e Maurício Duarte, estilista manauara. Para ele, acompanhar e apoiar novas propostas é essencial para ampliar as narrativas da moda brasileira. “Dar visibilidade a estilistas brasileiros é mais do que vestir uma roupa, é abrir espaço para que essas narrativas circulem, sejam vistas e valorizadas. Quando apoiamos o talento daqui, estamos gerando reconhecimento e, principalmente, pertencimento. Quando artistas e influenciadores escolhem usar moda nacional, eles estão ajudando a construir um futuro em potencial Brasil brasileiro.”