Ao mesmo tempo em que desenrolo esta coluna, assisto ao amistoso da Seleção contra a Coreia do Sul. Fico a me perguntar que esporte é esse praticado pelo Brasil. Não me parece o mesmo ao qual se dedica o nosso Galo. Estranho como o ataque ataca. Curioso como o armador arma. Surpreende a artilharia dos artilheiros. Interessante verificar também que o Atlético está a exportar sua escola de futebol para a Coreia, no caminho inverso dos Kias e Hyundais.


Estou absolutamente surpreso com a atuação do Brasil diante da Coreia, embora amigos entendidos me digam tratar-se de um Sport asiático. Não posso concordar nem discordar, porque só vejo jogo do Galo. Não faço a mais distante ideia, por exemplo, do que se passa numa Champions League. Assim como nunca assisti na vida a uma corrida de Fórmula 1, jamais vi o Real Madrid jogar. O leitor que aqui me acompanha desde sempre achando que entendo de futebol deve processar este jornal por propaganda enganosa. No máximo dos máximos, entendo de torcer para o Galo, catequizado que fui nessa religião, e olhe lá.


Minha cabeça é de tal forma preenchida de Atlético que muito cedo fiz a escolha de restringir o ludopédio a essa experiência única. Imagina juntar esse crack a outras drogas como Champions League, La Liga, escalar o Palmeiras de Abel, compreender o ocaso do Corinthians e o crepúsculo do Vasco, saber sobre o progresso do futebol escandinavo e a convocação da seleção feminina... Deus que me proteja e guarde, senão que neurônio restaria disponível para atacar a família Bolsonaro, ler um livro, assistir à Corina do Nobel dedicar o prêmio a Donald Trump?


De modo que, inadvertidamente, liguei a tevê na manhã da sexta-feira e parecia a Seleção de 82. Fico até constrangido de chamá-la de selecinha, como de costume, por motivos de CBF inimiga do povo. Na verdade, 45 minutos vistos de canto de olho, enquanto aqui redijo essas miragens, e já estou convicto de que o Brasil só não alcançará o Atlético porque em 2026 seremos heptas e a Seleção, apenas hexa. Sou essa enganação, mas devo dizer dos meus acertos como pai Dinah: vamo ganhar a Copa.


Reconheço que a base para tão alvissareira afirmação é rígida como prego na areia: além da opinião que prescinde de qualquer razoabilidade, o termo de comparação não ajuda – jogo do Galo, claro. Depois de meses submetido ao arranca-toco em estado de arte, torturado pelo Rony, chutado pelo Júnior Alonso, qualquer malabarista de farol vai parecer o Ronaldinho Gaúcho. Aceito.


Acontece que em nossa última apresentação o sarrafo havia subido consideravelmente. Tudo bem que enfrentávamos a Coreia do Nordeste. Mas houve momentos, sim, que me pareceu estarmos diante de algo como futebol. O escanteio do Bernard, a casquinha do Hulk, Vitor Hugo a bater na bola como o Ibrahimovic que nunca vi jogar. Que golaço, senhores!


O time correu, uma façanha! Para a vítima que assistiu ao jogo contra o Fluminense, estranhamente parece ter produzido efeito a ida dos almofadinhas à Cidade do Galo.


Santo Waze para consertar tamanho descaminho! No jornalismo, diz-se que o grande repórter é aquele que “gasta sapato” para fazer a boa reportagem. No Galo gastaram o sapatênis e o resultado foi sem dúvida uma matéria positiva.


Se não foi isso, só pode ter sido a “receita” do senador Cleitinho para potencializar o esforço físico, por ele revelada em vídeo e repercutida pelo semanário Notícias do Hospício, editado por este escriba em CartaCapital: “Suco de milho não tem nada melhor. Meio tadala pra dilatar as veia (sic). We Pink de maçã verde. É só misturar!”. Tadala é a tadalafila, usada para tratar a disfunção erétil. We Pink, o suplemento da Virgínia. Fato é que o Galo deu duro e mereceu o Dreher.


Quarta que vem pegamos o Cruzeiro, o arquifreguês em estado de exceção. Procura-se um time para jogar. Cuidado se estiver passando pela Olegário Maciel. Pode ser apanhado com uma rede de caçar borboletas e levado a integrar a zaga. Três sugestões: acorda a turma pra ver o Brasil jogar, bota o Hulk atrás e, no mais, é tadala no pessoal. Dureza mas é nóis. Gaaaaaalooo!!!

 

 

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