O esporte brasileiro vive um momento especial, histórico. Aí, vão dizer que não pode ser, pois não estamos em época de olimpíada, nem de mundiais de esportes especializados, como basquete, vôlei, futsal, natação, handebol e atletismo, dentre outros.

Não, não estou doido. Explico o porquê da euforia. É que pela primeira vez na história, o Brasil se tornou campeão mundial de atletismo paralímpico. Isso mesmo. Foi em Nova Deli, na Índia. Terminamos em primeiro lugar, deixando para trás a maior, até então, potência paralímpica, a China. E também os EUA, Grã-Bretanha e Países Baixos.

Pois o Brasil surpreendeu o mundo. A delegação brasileira terminou o Campeonato Mundial Paralímpico de Atletismo com 15 medalhas de ouro, 20 de prata e nove de bronze, com 44 no total, o que colocou o país, pela primeira vez na história, com a liderança no quadro geral de medalhas.

Nossa delegação contou com medalhistas já consagrados, como Petrúcio Ferreira se tornou pentacampeão dos 100m rasos da classe T47, para atletas amputados de membros superiores; e Claudiney Batista, no lançamento do disco F57. Novos nomes apareceram, como Clara Barros, campeã dos 200m rasos na classe T12, e Antonia Keila, nos 1500m T20.

 

No último dia da competição, o domingo (5/10), Jerusa Geber correu não apenas por uma medalha, mas para eternizar seu nome no atletismo brasileiro. Ela voou na pista e conquistou com folga o ouro nos 200m T11. Foi seu 13° pódio na competição.

Com esse resultado, superou a mineira Terezinha Guilhermina e tornou-se a maior medalhista do Brasil em mundiais. Ainda teve dobradinha no pódio com Thalita Simplício, que ficou com o bronze.

E Jerusa não para por aí. Nos Jogos Paralímpicos, nos quais compete desde Pequim’2008, ela tem seis medalhas, sendo dois ouros, duas pratas e dois bronzes.

A marca de Terezinha, que é natural de Betim, é de 12 medalhas em mundiais, sendo oito de ouro e quatro de prata. Nos Jogos Paralímpicos, ela tem oito pódios, sendo três ouros, duas pratas e três bronzes.


História

Essa história não começou agora, e não acontece só no atletismo. Também no futebol de cegos, na natação, vôlei sentado, etc.

Foi muito antes, em 1972, quando o país disputou, pela primeira vez, uma Paraolimpíada, na Alemanha, com 20 atletas homens. Mas o país passou em branco. O primeiro pódio do país veio somente nos Jogos seguintes, no Canadá, que foi também quando a primeira atleta mulher brasileira participou dos Jogos. Ela veio com a dupla Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos da Costa,a prata no Lawn Bowls, modalidade semelhante à bocha e praticada na grama.

Daí em diante, o país disparou, se tornando, silenciosamente, uma potência nos esportes paralímpicos. A prova está aí: primeiro lugar no Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico.

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É um trabalho sério, que serve de exemplo, que deve ser seguido em todos os esportes. Uma lição. E esse trabalho, de formação desses atletas, começa em casa, com as famílias procurando dar “vida” a seus membros deficientes, para que se sintam úteis, para que se sintam importantes. E são.

Passa pelas escolas. Não são muitas, mas existe, nelas, o incentivo para a prática de esportes pelos deficientes.

É, realmente, uma “revolução silenciosa”. É o Brasil que ninguém, ou quase ninguém, conhece. O Brasil é uma potência esportiva mundial paralímpica.

O Esporte devolve a vida aos deficientes físicos, visuais e intelectuais. Palmas para este Brasil, que é dos sonhos.

 

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