O que movimenta o futebol é a rivalidade e as gozações saudáveis. A torcida do Atlético humilhou os cruzeirenses quando o clube foi jogado aos leões, em 2019, e caiu para a Segundona, assim como a torcida azul humilhou os atleticanos quando eles caíram para a Segunda Divisão, em 2005. E na terça-feira, a China Azul gozou demais dos atleticanos, por causa do pedido de rescisão unilateral de Rony – ele voltou atrás e retirou a ação – e dos pedidos extrajudiciais de vários jogadores, por causa dos constantes atrasos de salários. A diretoria prometeu colocar tudo em ordem. O problema é que o Rony não tem mais clima para jogar no clube. Qualquer erro que cometa e os torcedores vão cobrar, e muito. É obrigação de todo empregador pagar os salários em dia, mas existem várias formas de se cobrar, e acho que internamente é a melhor delas. Rony está no seu direito, mas o momento foi inoportuno. Se o Atlético for eliminado da Sul-Americana, hoje, com certeza ele não terá clima para continuar.

 

É muito fácil jogar pedras quando uma equipe não vive um bom momento. O Atlético, pela sua grandeza, é importante demais para Minas Gerais. Mas não pode passar por esse constrangimento de dar calote em contratações, atrasar salários, direitos de imagem ou seja lá o que for. É sabido que seus donos são bilionários e não pode faltar dinheiro para os pagamentos básicos. Como dizem os jovens: “se não aguenta brincar, não desce para o play”. Portanto, se eles não têm condições de pagar as contratações feitas e manter os salários em dia, talvez seja melhor vender o clube para alguém com mais condições. Não entro em política de clubes, pois não sou conselheiro de nenhum deles, mas o futebol envolve muita paixão e é preciso ter donos realmente apaixonados, que amem o clube e queiram o melhor para a instituição. O Atlético tem uma torcida apaixonada e fanática e é preciso respeitar essa gente, pois são milhões de pessoas. A razão da existência de um clube é a sua torcida e a razão de a torcida existir é o clube.

O vídeo gravado pelo filho de Hulk é constrangedor. Hulk é um dos maiores ídolos do clube, honra a camisa e jamais reclamou de absolutamente nada com relação a salário. Porém, seu filho não pode chamar o Atlético de “irrelevante”. Quem é ele para dizer isso? Isso pode até prejudicar seu pai. Virou moda os parentes usarem redes sociais para protestar. Tudo isso acontece pela falta de comando no Atlético. A dívida é gigantesca e impagável. Os juros de mais de 100 milhões anuais corroem toda a engrenagem. Não adianta ter dinheiro e não pagar as dívidas. Não adianta ter estádio, que custou o triplo do projetado, e não colocar as contas em dia. Não teria sido melhor dividir o Mineirão com o Cruzeiro, como sempre foi feito e evitar dívidas. O sonho da casa própria só é válido quando você não tem dor de cabeça para pagar. Flamengo e Fluminense administram o Maracanã com harmonia, tanto que o novo presidente do rubro-negro, Luiz Bap, não quer construir estádio no terreno comprado pela ex-diretoria.

É vergonhoso ver o Atlético sendo manchete negativa, virando chacota. A gente pode questionar o péssimo futebol de Rony, Scarpa e outros mais, porém eles estão no direito de cobrar o que lhes é devido. Outra coisa: contratar jogadores veteranos, ganhando fortunas por mês, quebra qualquer clube. Os dirigentes precisam investir em gente jovem, que dê retorno técnico e financeiro. Se Rony não tivesse voltado atrás, daria um prejuízo gigantesco ao Atlético. A promessa dos donos da SAF era de quatro Hulks por ano, um time em nível de Real Madrid e dívidas sanadas até 2026. Pelo jeito, nada disso foi realizado e nem tão cedo será! É preciso cair na real e dar um norte ao clube e aos seus fanáticos torcedores. Caso contrário, vender a SAF será a melhor solução, de preferência, para alguém que ame o Clube Atlético Mineiro de verdade! 

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