O Flamengo foi saneado pelo ex-presidente, Bandeira de Melo, que em 6 anos ganhou apenas uma Copa do Brasil, mas deixou o clube sem dívidas e superavitário. Rodolfo Landim, seu sucessor, ganhou 2 Libertadores, 3 Copas do Brasil e 2 Brasileiros, contratou quem quis e quem não quis, e tornou o rubro-negro numa potência gigantesca, tendo hoje o time titular e o reserva com a mesma qualidade.
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O mesmo acontece com o Palmeiras, que tem uma presidente austera, séria e muito competente, Leila Pereira, que pegou o clube já saneado por Paulo Nobre e Galioti, e o pôs na rota das taças importantes. O Palmeiras também é superavitário e contrata jogadores a peso de ouro. Por isso, essas duas equipes têm dominado o futebol brasileiro há 10 anos, ganhando praticamente tudo. Enquanto isso, as outras equipes lutam para sobreviver com receitas de R$ 350 milhões, quase 1/6 do que arrecadam Fla e Palmeiras.
Peguemos como exemplo o Cruzeiro, melhor time do país na atualidade, com futebol de altíssimo nível e disputando o título justamente com Palmeiras e Flamengo. O Cruzeiro arrecada por ano cerca de R$ 400 milhões. E o torcedor exige que ele contrate os jogadores que os dois times têm contratado. Não há como. Por sorte, os donos, Pedro Lourenço e Pedro Junio são apaixonados pelo clube e tiram dinheiro do bolso, para contratar e formar um grande grupo, como o atual.
Mas, vale lembrar, que eles pagam recuperação judicial e outras despesas, mensalmente, e que terá que chegar uma hora em que o clube seja superavitário e se sustente com suas próprias receitas. SAF não significa dizer que o dono tenha que por a mão no bolso toda hora e despejar dinheiro. Nada disso, todos têm responsabilidades com suas empresas e ajustam os clubes para que no futuro, possam contratar com os próprios recursos. Renda de bilheteria, cotas de tvs e publicidade. É muito desigual a arrecadação dos clubes no Brasil, e isso precisa mudar com a criação de uma Liga.
Essa Liga irá dividir 50% do bolo em partes igualitárias, e os outros 50% serão divididos com o campeão, vice e por aí vai, além de quem vende mais pay-per-view. Se não for assim, essa distância abissal de Flamengo e Palmeiras vai prevalecer e eles vão continuar dominando tudo. Uma vez ou outra, uma equipe diferente poderá ganhar as taças, como acontece na Espanha, onde Real e Barça dividem quase todos os anos as conquistas, e, volta e meia surge o Atlético de Madri. Chega, ninguém suporta mais isso. É preciso que os clubes se unam, que o Flamengo entenda que não é melhor que ninguém e entre na divisão de cotas em partes igualitárias.
O futebol brasileiro precisa ter um Norte. Parar de pagar salários de Europa, investir nas divisões de base, lançar jogadores jovens, que deem retorno técnico, e, num futuro, financeiro. Pedro Lourenço e Pedro Júnior, donos do Cruzeiro, têm uma mentalidade correta ao querer investir em jogadores jovens. É o caminho para que você tenha um time por muitos anos, em condições de ganhar taças.
No momento, por exemplo, com time e grupo fortes, não vejo necessidade de o Cruzeiro contratar. Vejo alguns torcedores insistindo nesse tema. Quem precisa contratar são as equipes que estão na parte debaixo da tabela, algumas caindo, como Santos, Vasco. O Cruzeiro contratará se houver um jovem e bom jogador no mercado, em condições de vestir a camisa azul, por um valor justo. Ninguém vai jogar dinheiro fora para satisfazer o desejo de um ou outro torcedor.
É preciso racionalidade. O Objetivo da diretoria é pagar as dívidas herdadas de outras gestões, ajeitar o clube, financeiramente, saneá-lo, para que ele possa ser auto suficiente. Não sei quanto tempo vai levar para isso acontecer, mas, até lá, os donos do Cruzeiro vão manter sempre times competitivos, em condições de ganhar taças. Sei que o planejamento foi feito para conseguir uma vaga na Libertadores.
Porém, o trabalho do mister, Leonardo Jardim, é tão maravilhoso, que eu, otimista que sou e também realista, vislumbro sim a possibilidade de levantar uma ou duas taças este ano. Por que não? O Cruzeiro pratica o melhor futebol do país, tem um grupo forte, uma diretoria atuante, paga suas contas em dia e vive um momento espetacular. Apesar da distância financeira que separa Flamengo e Palmeiras das outras equipes, o Cruzeiro consegue encarar cariocas e paulistas, com futebol de alto nível, elogiado, inclusive, pelo técnico do Flamengo.
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É o Cabuloso, sempre desafiando times do eixo, mostrando que no Brasil, ele encara todos de igual para igual, e está acostumado a levantar as principais taças nacionais e internacionais.